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O que é a síndrome do odor de peixe? Conheça a trimetilaminúria

Os portadores dessa rara doença exalam um odor similar ao de peixe ou lixo por meio do suor ou pela respiração, o que causa imenso sofrimento

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 24 jan 2020, 12h45 - Publicado em 24 jan 2020, 12h15

Você já se perguntou o que causa aquele cheiro típico do setor de pescados no supermercado? A responsável por esse “perfume” é a trimetilamina (ou TMA), substância presente em alimentos com colina — uma vitamina do complexo B — , como ovos, crustáceos, vegetais e, claro, peixes. Quando a gente come algum desses alimentos, o intestino absorve a TMA e, no fígado, ela é convertida em óxido de trimetilamina (TMAO), que, por ser solúvel em água, é eliminado na urina. Porém, algumas pessoas têm uma desordem metabólica que as impede de realizar esse processo.

Nessas situações, a TMA é liberada por meio do suor e da respiração, fazendo com que o indivíduo exale o mesmo aroma dos animais aquáticos. Essa rara condição é chamada de trimetilaminúria, mais conhecida como síndrome do odor de peixe.

Apesar de a doença não trazer nenhum risco direto à saúde, os portadores acabam sofrendo bastante preconceito, já que falta conhecimento sobre a condição. Ela é relacionada a isolamento social, depressão e suicídio.

Para entender melhor esse problema, SAÚDE conversou com o químico especialista em odores humanos George Preti, do Monell Chemical Senses Center, nos Estados Unidos.

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O que causa a trimetilaminúria

Ela tem duas origens. A mais comum é uma falha no gene flavina-monooxigenase 3 (FMO3), presente na enzima que transforma a TMA em TMAO.

A outra forma de desenvolver a síndrome é sofrendo um desequilíbrio na microbiota intestinal ou alterações hormonais. Essas condições também afetam a metabolização da TMA.

Quais são seus sintomas

Nos quadros brandos, George Preti conta que os pacientes exalam um cheiro sutil de peixe ou lixo que pode ser sentido apenas por quem estiver muito perto.

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“Geralmente, ele emana da pele da parte superior do corpo e das mãos e, em alguns casos, da respiração”, afirma Preti. Já nos severos, se produz um odor forte e desagradável de peixe podre.

Mas os portadores não ficam com essa fragrância o tempo todo. “A prevalência é maior de 12 a 24 horas após o consumo de alimentos ricos em colina”, relata o químico.

A boa notícia é que, além de ser rara — atinge uma pessoa em cada 200 mil —, a maior parte dos casos é leve.

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Quem são as pessoas mais afetadas

Por ser uma doença pouco conhecida mesmo na comunidade médica, é difícil bater o martelo sobre em qual sexo a trimetilaminúria é mais comum. Mas uma pesquisa de 2014 realizada pela Unidade de Saúde Familiar das Conchas, em Portugal, relatou que há maior incidência na população feminina.

Ainda segundo o trabalho português, os sintomas normalmente surgem na infância e se agravam na puberdade e durante o período menstrual.

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Como é feito o diagnóstico

A melhor forma de fazer a checagem é com um exame de urina. O paciente deve ficar de jejum à noite e, na manhã seguinte, engolir uma pílula de 5 gramas de colina. Então, o xixi é coletado quatro vezes a cada oito horas.

“As amostras são analisadas para verificar os níveis de TMA e TMAO. O diagnóstico é dado com base na proporção desses dois compostos antes e após a ingestão da vitamina”, explica o especialista.

Preti lembra que dá para recorrer a exames genéticos para encontrar a falha no DNA, mas a eficiência desse método é menor. “Eles não dão detalhes quando não há uma mutação rara”, justifica.

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Como funciona o tratamento

Não há cura para a trimetilaminúria. Em geral, o tratamento é feito à base de antibióticos por um curto período e da restrição de alimentos com colina por tempo indeterminado.

“Aconselhamos que o paciente trabalhe com um especialista em nutrição clínica para criar essa dieta”, recomenda o profissional. Isso porque a colina é um elemento importante para o cérebro e a memória. Portanto, cortá-la do cardápio por conta própria não é indicado.

O apoio e a compreensão de amigos e família também são necessários. Afinal, como dissemos no início, o grande desafio da síndrome é enfrentar o preconceito e a falta de informação.

“Uma vez que se aprende a controlar os sintomas, é possível ter uma vida normal”, conclui Preti.

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