Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Tome Ciência!

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A ciência faz toda a diferença para salvar vidas e proteger nossa saúde. Entendê-la é preciso. A jornalista Chloé Pinheiro e cientistas convidados se debruçam sobre os bastidores dos estudos e das políticas públicas para trazer notícias e reflexões exclusivas
Continua após publicidade

Covid-19: vacina de dose única e novo remédio podem chegar ao Brasil

Antiviral demonstra resultados positivos em estudo; e empresa nacional faz acordo para importar e produzir vacina Convidecia, da Cansino

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 1 out 2021, 19h08 - Publicado em 1 out 2021, 17h16
remédio para a covid-19
Fábrica da Biomm em Nova Lima, que poderá, no futuro, produzir vacinas contra a Covid-19 e outras doenças.  (Foto: Biomm/Divulgação)
Continua após publicidade

A Biomm, empresa brasileira de biotecnologia, anunciou uma parceria com a chinesa Cansino para trazer ao país a vacina Convidecia, contra o coronavírus. O imunizante é parecido com o da Janssen: também é de dose única, feito com um vetor viral e pode ser armazenado em temperatura de geladeira. 

“Só que, diferente da fórmula da Janssen, que usa o adenovírus 26, essa se baseia no vetor o subtipo 5, o mesmo utilizado na Sputnik, que envolve alguns desafios, como uma manipulação mais difícil no laboratório”, aponta o infectologista Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

Segundo dados divulgados pela Cansino, a Convidecia tem eficácia de 68,83% para infecções no geral e de 95% para casos graves de Covid-19. 

A ideia é primeiro importar e, depois, produzir o imunizante na fábrica da empresa em Nova Lima (MG). Ainda não há data para isso acontecer, pois antes é preciso obter a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Biomm e Cansino trabalham agora no dossiê que será submetido aos reguladores.

Histórico conturbado

A Anvisa chegou a receber um pedido para importação da mesma vacina em maio, feito pela Belcher Farmacêutica, mas cancelou sua análise em junho, por conta de um “desacordo” entre a Cansino e sua representante nacional. Na ocasião, a chinesa informou à Anvisa que buscaria um novo parceiro. 

LEIA TAMBÉM: As diferenças entre registro e liberação para uso emergencial de vacinas

Meses mais tarde, em agosto, revelou-se o possível cerne do desacordo. A Belcher foi alvo de investigações por suspeitas de corrupção na venda das vacinas ao Ministério da Saúde, que levaram à convocação do diretor para depor na CPI da Covid. 

A primeira representante, que fabricava genéricos de antibióticos e substâncias controladas, não tinha experiência com imunobiológicos. Agora parece ser diferente. A Biomm, nova proponente, é uma empresa de biotecnologia de capital aberto [listada na bolsa de valores], com experiência nesse tipo de produto e contas a prestar aos investidores. 

Continua após a publicidade

O que diz a Biomm

Conversamos com o CEO da empresa, Heraldo Marchezini, sobre o futuro da parceria:  

VEJA SAÚDE: Como a Cansino chegou até a Biomm? 

Marchezini: A Biomm é uma empresa pioneira na área de biofarmacêutica. Atualmente, produzimos cinco biomedicamentos [obtidos a partir da manipulação de material biológico, como células], todos frutos de parcerias e alianças com empresas internacionais, então já estávamos nessa rede. 

A Cansino nos procurou primeiro buscando capacidade produtiva para a vacina. Numa fase seguinte, avançamos a negociação para outras possibilidades, como a importação e venda aqui no Brasil. O contrato que assinamos engloba todo o controle de qualidade, a farmacovigilância e a logística. 

Hoje, toda nossa distribuição já é feita em cadeia de frio e preparada para a complexidade dos biomedicamentos. Nossa fábrica em Nova Lima (MG) é muito moderna, já recebeu investimentos de U$90 milhões de dólares, e tem capacidade de produzir 20 milhões de frascos de vacina ao ano, que podem ter até 20 doses cada um. 

Quais são os próximos passos para que a vacina chegue ao Brasil? Qual é a previsão para que isso aconteça? 

Primeiro, é necessário obter a aprovação da Anvisa para importar o produto já pronto da China. Com isso, nosso objetivo é ofertar a vacina ao Ministério da Saúde para que ela seja incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI). 

Continua após a publicidade

Em paralelo, vamos qualificar a fábrica para a produção, mas as adaptações necessárias provavelmente não serão significativas. Nossa expectativa é de fazer rapidamente esse trabalho inicial, que é constituir o dossiê com a Cansino. Como a vacina já está sendo usada em vários países, como Chile, Argentina e México, boa parte da documentação já está pronta. 

É complicado dar uma data exata, mas estamos com todos os nossos esforços concentrados nisso. 

Vocês já estão em contato com o Ministério da Saúde? 

Ainda não começamos as negociações com o órgão. 

A ideia é que a vacina seja usada em que contexto? 

A vacina foi testada e aprovada para pessoas acima dos 18 anos. Sua utilização será definida pelo PNI, porque isso varia de acordo com o desenrolar da campanha de imunização brasileira. Há estudos em andamento na China com crianças e adolescentes, dos 6 aos 18 anos, e outro avaliando se ela poderia atuar como uma terceira dose

Continua após a publicidade

LEIA TAMBÉM: Adolescentes: saiba por que é importante vaciná-los contra a Covid-19

A pesquisa feita nesse sentido é de especial interesse para o Brasil, pois avalia a aplicação da Convidecia depois de duas doses de vacinas de vírus vivo inativado [como a Coronavac]. E temos indícios positivos de que ela se sai bem nesse cenário, ampliando tanto a efetividade quanto o tempo de proteção. 

Além disso, está em estudo uma versão inalável do imunizante, e dados não publicados da Cansino mostram efetividade da versão já em uso contra a variante delta.

Mudando de assunto: primeiro antiviral para Covid-19 pode vir aí

Primeiro antiviral contra o coronavírus, da Merck
(Merck/Divulgação)

Na esteira das boas novas (a serem concretizadas) na luta contra o coronavírus, um novo medicamento pintou no horizonte. Trata-se do antiviral molnupiravir, da MSD, o primeiro a demonstrar uma ação robusta contra a Covid-19. Segundo a farmacêutica, ele demonstrou reduzir em 50% o risco de morte pela doença. 

No estudo de fase 3, o medicamento foi usado no início dos sintomas, em pessoas em alto risco de desenvolver quadros graves da infecção. A análise incluiu dados de 775 pacientes, metade recebendo placebo, metade o medicamento, que é um comprimido. 

Continua após a publicidade

Nos primeiros 29 dias da pesquisa, 53 dos voluntários que tomaram o placebo morreram ou foram hospitalizados. Entre o time que tomou o molnupiravir, houveram 28 registros de hospitalização e nenhuma morte. 

A magnitude do resultado levou à interrupção precoce do estudo. Isso ocorre quando a diferença entre placebo e medicamento, para o bem ou para o mal, fica muito óbvia ao comitê independente, que sempre avalia pesquisas com medicamentos. Neste caso, o benefício ficou evidente logo. 

LEIA TAMBÉM: Como interpretar um estudo científico?

A Food and Drug Administration Agency (FDA), entidade que regula medicamentos nos Estados Unidos, também foi consultada sobre o assunto. A expectativa é que o comprimido seja aprovado em breve por lá. Em nota, a fabricante avisa que submeterá o pedido à Anvisa também.

Como o estudo ainda não foi revisado por outros cientistas e publicado em periódicos científicos, o que deve acontecer no fim do ano, fica a dúvida. Afinal, o que tirar desses resultados? Eis a resposta do infectologista Leonardo Weissmann, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e do Instituto Emílio Ribas: 

Continua após a publicidade

“Embora sejam resultados preliminares, os dados apresentados pela MSD são bastante promissores. Parece que teremos, em breve, o primeiro medicamento que seja realmente eficaz no tratamento precoce da Covid-19, usado nos primeiros 5 dias de sintomas, prevenindo formas graves e críticas da doença, assim como hospitalizações e mortes”.

“Porém, ainda precisaremos esperar um pouco mais antes de comemorar. Mais dados, especialmente de segurança, ainda são necessários”, ressalta o médico.

Biotecnologia para o futuro

Por fim, são dignos de nota os avanços que as empresas de biotecnologia estão trazendo para a medicina durante a pandemia. As vacinas de RNA mensageiro, as de adenovírus e outras tecnologias inovadoras vieram delas. 

E o próprio molnupiravir também nasceu em uma companhia relativamente pequena de biotecnologia, sem fins lucrativos, a DRIVE, ligada à Universidade Emory, nos Estados Unidos. Agora incorporado ao portfólio de uma gigante farmacêutica, em parceria com outra empresa de biotecnologia, a Ridgeback, quiçá vai sair do papel e alçar novos voos. 

É animador saber que temos representantes nacionais, como a Biomm, nesta seleta rede de indústrias high-tech. Estamos de olho nos próximos avanços, e na torcida para que mais vacinas e remédios cheguem de fato ao país. 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.