Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Imagem Blog

Com a Palavra Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

Por que persistem mitos e fake news sobre os adoçantes?

Especialista reflete como notícias alarmistas e a má interpretação de estudos dificultam a escolha dos cidadãos, sobretudo os diabéticos

Por Kathia Schmider, nutricionista*
13 fev 2020, 12h23

A quantidade de notícias alarmantes que circulam, tanto na imprensa como nas redes sociais, a respeito de produtos alimentares que seriam nocivos ou perigosos à saúde humana é um fato extremamente preocupante.

É evidente que o tema da segurança alimentar é importante e merece pesquisa constante, mas o que mais observamos, infelizmente, são resultados de pesquisas mal interpretados sendo utilizados como fonte de informação e que podem levar ao descrédito produtos e ingredientes extensivamente estudados.

As razões dessa abordagem equivocada costumam estar ligadas à complexidade da linguagem técnica, o que gera má compreensão por quem lê; uso de dados e informações fora do contexto original; e leitura parcial das pesquisas com uma análise superficial que leva a conclusões precipitadas.

Tristemente, um grupo que tem sido vítima frequente desse descuido é o de pessoas com diabetes. Já não bastassem a complexidade e os cuidados requeridos para o obter o controle da glicemia, agora sofrem por dúvidas e medos desnecessários em relação a escolhas alimentares.

Quem tem pelo menos 40 anos de idade deve se lembrar como era receber o diagnóstico de diabetes há três décadas ou mais: equivalia à declaração de que sua vida seria completamente limitada, cara e difícil.

Nesses anos, a ciência, em especial a da nutrição, a farmacêutica e a medicina, avançaram muito e trouxeram importantes contribuições para a qualidade de vida, segurança e acessibilidade dos diabéticos a medicamentos e alimentos.

Continua após a publicidade

Os chamados adoçantes, tecnicamente conhecidos como edulcorantes, eram produtos mais caros, difíceis de serem encontrados e com opções limitadas. Hoje, temos uma série de versões com valores acessíveis, sabores para os diferentes paladares e encontrados em todos os mercados e drogarias. Além disso, vários adoçantes também são utilizados pela indústria no preparo de alimentos e bebidas.

Assim, os diabéticos deixam de consumir doces, refrigerantes, café adoçado e outros alimentos com açúcar em suas receitas originais somente se for da vontade deles, e não por uma imposição de saúde ou de orçamento.

Poucos conhecem a rigidez e seriedade que existe na aprovação de ingredientes e aditivos alimentares no Brasil. O órgão que regulamenta o setor no país é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o mesmo que aprova rigorosamente a entrada e a comercialização de medicamentos. Um órgão formado por técnicos competentes e que utiliza como base o Codex Alimentarius, um programa conjunto da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) cujo objetivo é estabelecer normas internacionais na área de alimentos, incluindo diretrizes, padrões de produtos e códigos de boas práticas.

Diante desse aparato rigoroso e das evidências científicas soa no mínimo inconsequente a divulgação de certas notícias sobre os perigos de se ingerir adoçantes. Em primeiro lugar, para serem avaliados e aprovados por entidades como a Anvisa, aditivos como os edulcorantes precisam passar por testes experimentais e análises toxicológicas que investigam se a nova substância afeta o metabolismo, está relacionada ao câncer ou tem outros eventos adversos.

Continua após a publicidade

Uma revisão de estudos recente, publicada no respeitado The British Medical Journal, não identificou nenhum efeito maléfico à saúde com o uso de adoçantes. Da mesma forma, em 2017, o Consenso Ibero-Americano sobre Adoçantes Sem ou de Baixas Calorias, que reuniu análises de pesquisadores de vários países, concluiu que os edulcorantes “são alguns dos constituintes alimentares mais extensivamente avaliados, e a sua segurança foi revista e confirmada por organismos reguladores internacionais, incluindo a OMS, a Food and Drug Administration (FDA) e a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA)”

Resumindo, em função dos estudos realizados até o momento, não há por que ter receio do uso de adoçantes na alimentação diária, seja por uma restrição de saúde ou não. No entanto, a ciência é dinâmica e reavaliações sobre essa ou qualquer classe de substâncias serão sempre necessárias.

É tarefa dos nutricionistas e de outros profissionais da saúde, bem como da imprensa responsável, difundir conhecimentos confiáveis à luz da ciência e evitar que informações falsas ou controversas se propaguem. O custo humano e social para notícias falsas e má interpretadas relacionadas à alimentação é incalculável.

A indústria de alimentos, e mesmo alguns profissionais, ligados ou não ao setor produtivo, vêm sendo vistos como vilões por alguns movimentos, mas é graças aos esforços de ambos que os mais variados tipos de alimentos, dos naturais aos industrializados, chegam às mesas dos consumidores de todas as classes sociais e regiões do Brasil.

Cabe a cada família, a cada pessoa, escolher o leque de opções que vai equilibrar sua dieta, utilizando, ou não, determinados alimentos. O que não pode faltar à mesa de ninguém é a informação confiável e de qualidade.

Continua após a publicidade

Kathia Schmider é nutricionista e coordenadora Técnica da ABIAD (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.