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O impacto da dieta vegetariana dentro do corpo

Nutricionista comenta os resultados de um estudo que revela os efeitos de se cortar a proteína animal da alimentação. Veja como a saúde pode sair ganhando

Por Dra. Késia Quintaes, professora de nutrição*
Atualizado em 18 mar 2021, 15h52 - Publicado em 8 Maio 2019, 12h17
diferença entre vegano vegetarianismo
Diferentes vertentes do vegetarianismo foram associadas a melhores indicadores de saúde. (Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital)
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Estamos acostumados a relacionar a alimentação vegetariana apenas à ausência de carne na dieta. Mas ser vegetariano vai muito além de deixar de comer bife, frango etc. Os mais recentes estudos mostram que, ao priorizar alimentos de origem vegetal, o indivíduo tem acesso também aos principais meios de se obter naturalmente os compostos bioativos, substâncias associadas a benefícios à saúde e a uma maior longevidade. Sua ingestão explica, pelo menos em parte, por que essas pessoas tendem a viver mais e a apresentar um menor risco de câncer, diabetes e doenças cardiovasculares.

A ciência tem buscado nos últimos anos entender as diferenças para o organismo de adotar uma dieta vegetariana ou não-vegetariana — diferenças, no caso, que vão além de um estilo de vida saudável. E novas evidências vieram com um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Loma Linda, na Califórnia (EUA) e publicado na revista científica The Journal of Nutrition. Os investigadores analisaram biomarcadores (ou seja, moléculas que remetem a estados de saúde) no sangue, na urina e no tecido adiposo (gordura) de 840 adultos, de ambos os sexos, agrupados pelo seu tipo de alimentação:

  • Veganos: aqueles que seguem uma dieta vegetariana pura e nunca ou raramente comem ovos, laticínios, peixe ou carne.
  • Ovolactovegetarianos: os que comem ovos e laticínios mais de uma vez por mês, mas nunca ou raramente comem peixe ou carne.
  • Pesco-vegetarianos: comem peixe pelo menos uma vez por mês, mas nunca ou raramente comem carne.
  • Semi-vegetarianos: comem carne, pelo menos uma vez por mês, mas menos de uma vez por semana. Podem comer pescado eventualmente.
  • Não-vegetarianos: consomem carne pelo menos uma vez por semana.

A ideia dos cientistas era averiguar, por meio desses biomarcadores, a relação entre o cardápio e o maior ou menor risco de as pessoas desenvolverem com o tempo doenças. Ao final da pesquisa, os dados revelaram que os veganos obtiveram as maiores pontuações em termos de marcadores que impedem doenças. Ou seja, a dieta vegana se mostrou a mais saudável do ponto de vista da saúde.

Entre os achados, os estudiosos perceberam que os veganos concentram uma menor quantidade de gordura saturada no corpo e, por outro lado, apresentam maiores teores dos ácidos graxos ômega-6 e ômega-3. Também carregam maiores níveis no sangue de carotenoides, fitoquímicos de ação antioxidante e ligados à proteção do organismo, e maior excreção pela urina de isoflavonas e enterolctonas, compostos que indicam maior consumo de soja e cuja ingestão já é associada a menor risco de câncer de mama e câncer de próstata.

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De forma global, os resultados indicam ainda que as pessoas que adotam dietas ovolactovegetarianas e pesco-vegetarianas têm diferenças significativas nos biomarcadores em relação aos não-vegetarianos, embora com valores menos expressivos. Curiosamente, os ovolactovegetarianos quase empataram com os pesco-vegetarianos, ficando respectivamente com o segundo e terceiro lugar em termos de biomarcadores benéficos à saúde. Mas a surpresa maior foi ver que os resultados de biomarcadores para os semi-vegetarianos foram muito semelhantes aos dos não-vegetarianos.

Dessa forma, em termos de biomarcadores do estado de saúde, todas as dietas vegetarianas se saíram melhor do que as dietas semi-vegetarianas e não-vegetarianas. Com base nessas novas evidências, podemos dizer que, embora comer menos carne possa dar ideia de ser saudável, os benefícios reais à saúde somente são conquistados ao adotar regularmente uma alimentação estritamente vegetariana.

  • Leia também – Diverticulite: o que é, causas, sintomas e tratamentos
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* Dra. Késia Quintaes é doutora em nutrição e alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professora convidada da Universidade de Valência, na Espanha

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