Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

CRISPR, uma ferramenta de edição genética, no tratamento do câncer

Técnica reconhecida com um Prêmio Nobel abre caminho a novas formas de detectar e controlar o câncer, conta especialista

Por Ramon Andrade de Mello, oncologista*
14 Maio 2021, 10h13
foto de DNA em papel
Cientistas já testam o CRISPR em situações tão diversas como câncer e Covid-19.  (Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

A tecnologia de edição de genes conhecida como CRISPR vem ganhando novas aplicações e tem potencial para transformar o diagnóstico e o tratamento de diversas doenças, entre elas o câncer. Em 2011, essa ferramenta baseada em “tesouras moleculares” (o CRISPR-Cas9) foi descoberta pela microbiologista francesa Emmanuelle Charpentier em parceria com a bioquímica americana Jennifer Doudna. O feito rendeu às pesquisadoras o Prêmio Nobel de Química de 2020.

CRISPR vem do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats, ou Conjunto de Repetições Palindrômicas Curtas Regularmente Interespaçadas, e se refere a uma região do genoma das bactérias caracterizada pela presença de sequências de DNA curtas e repetidas. As bactérias dispõem de um sistema que copia o DNA de um vírus todas as vezes que são atacadas. Em um próximo ataque, elas utilizam essa memória para identificá-lo. Codificada pelo RNA, a proteína C9 da bactéria atua como uma tesoura e elimina parte do DNA do vírus em um novo ataque, impedindo sua reprodução.

As cientistas aplicaram essa técnica em outras células, inclusive humanas, e descobriram que a proteína C9 pode tirar uma sequência específica do DNA responsável pela doença no organismo. Em seguida, essa sequência é substituída por outra, que permite a regeneração dos próprios genes. Desde então, novas tecnologias CRISPR vêm sendo aproveitadas para criar sistemas de diagnósticos rápidos e de baixo custo, inclusive para detectar genes de doenças resistentes a medicamentos.

Em 2013, o pesquisador Feng Zhang, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, publicou o primeiro relatório baseado em CRISPR com edição de genes humanos. O cientista e sua equipe reconheceram o potencial dos sistemas CRISPR para produzir modificações altamente direcionadas em genes humanos e projetar um método para identificar RNAs guias e a proteína Cas9 em células humanas.

As principais vantagens da edição genética via CRISPR, em relação a outros métodos, são sua especificidade e precisão, mesmo para sequências de gene muito pequenas. A ferramenta já vem sendo testada em estudos de fase 1 em pacientes humanos, onde as células do paciente são colhidas, modificadas em laboratório e reintroduzidas.

Continua após a publicidade

Em 2019, um grupo de pesquisa da China fez, com sucesso, um transplante de medula óssea de um paciente HIV positivo com leucemia linfoide aguda. Em outro ensaio de fase 1 com três pacientes com câncer refratário, sendo dois com mieloma avançado e um com lipossarcoma, os cientistas recolheram as células T, que foram modificadas com a engenharia CRISPR e reintroduzidas nos pacientes. No final de nove meses de acompanhamento, dois pacientes continuavam vivos e um deles faleceu. Os pesquisadores identificaram alterações cromossômicas em todas as populações de células T nesses pacientes.

A engenharia CRISPR traz vantagens pela rapidez oferecida aos diagnósticos e pelos custos reduzidos em comparação com outras tecnologias. Sem sombra de dúvida, é mais um importante recurso para a cura de diversas doenças, mas que ainda caminha em seus primeiros passos em pacientes humanos.

O arcabouço de pesquisas na área oncológica tem ampliado as possibilidades de diagnóstico e tratamento dos pacientes, cabendo ao médico a identificação da melhor estratégica em cada caso. De qualquer modo, avanços como o CRISPR são muito impactantes e sinalizam para as próximas décadas uma nova abordagem no tratamento do câncer.

* Ramon Andrade de Mello é oncologista, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Uninove e da Escola de Medicina da Universidade do Algarve, em Portugal

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.