Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

A carga emocional da pandemia entre os brasileiros

Conheça os principais resultados do estudo COVIDPsiq, o maior mapeamento sobre a saúde mental dos brasileiros durante a crise do coronavírus

Por Vitor Crestani Calegaro, psiquiatra, e Juliana Motta, jornalista*
17 jul 2021, 10h53
ilustração de menina isolada chorando
Pesquisa mostra oscilações nos sintomas de ansiedade e depressão ao longo da pandemia.  (Ilustração: Tayrine Cruz/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

Como está sua saúde mental? Essa era a pergunta que abria o questionário online das quatro etapas da pesquisa COVIDPsiq, que envolveu 6 100 brasileiros de abril de 2020 a fevereiro de 2021. Realizado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em parceria com outras instituições, o estudo avaliou sintomas emocionais e comportamentais após a chegada da Covid-19.

No início do trabalho, 65% dos participantes relataram piora da saúde mental após as medidas de distanciamento social. Já da primeira para a quarta etapa, observou-se a redução dos sintomas de estresse (de 58,1 para 45,4%), ansiedade (de 52,1 para 46%) e depressão (de 61 para 50,5%). Mesmo assim, os índices permanecem altos, pois apenas 32,4% dos participantes declararam algum diagnóstico prévio de transtorno mental.

Esses dados reforçam nossa hipótese inicial sobre o sofrimento desencadeado pela pandemia, sobretudo quando fossem adotadas medidas de contenção ao vírus. Com o tempo, a maioria dos indivíduos estaria adaptada à nova realidade e teria melhora nos sintomas. Essa adaptação, que ocorre após um período de estresse, é chamada de resiliência.

Por outro lado, o percentual de pessoas com sintomas compatíveis a transtorno de estresse pós-traumático aumentou de 24,3% para 26,3%. Se a tensão pandêmica afeta o dia a dia de todos, é uma menor parte dos brasileiros que enfrenta situações traumáticas decorrentes da Covid-19 em si. Conforme os casos foram aumentando, o número de indivíduos que perderam familiar ou alguém próximo aumentou 13 vezes, totalizando 17,7% dos participantes da última etapa, enquanto na primeira foram 1,3%.

Além disso, a ocorrência de violência física ou sexual nos participantes aumentou 29 e 23% da segunda para a quarta fase. Esses achados são alarmantes e representam o potencial traumático da pandemia. Nesse sentido, não são os fatos isolados que apresentam maior risco para os transtornos mentais. São o estresse e o trauma cumulativos que levam uma parte da população a um estado emocional que beira o colapso: com desemprego, dívidas financeiras, violência familiar, luto, falta de suporte social…

Continua após a publicidade

O estudo foi encerrado antes da chamada segunda onda de contágio. Se conduzido hoje, é provável que os dados fossem ainda piores. Além disso, há que ter em mente o perfil dos participantes: 75% eram mulheres, 85,7% de 18 a 49 anos, 80% de classe média ou alta e 55,8% com ensino superior ou pós-graduação. Ou seja, a amostra não representa as pessoas em condições de miséria, sem acesso à internet e com baixa escolaridade.

Considerando a diversidade brasileira, é possível que as descobertas da pesquisa ainda subestimem a gravidade da situação real. De qualquer forma, os resultados apontam que o sofrimento piorou para boa parte da população. São estudantes ou trabalhadores, jovens ou idosos, de todos os gêneros, que necessitarão de tratamento psicológico e/ou psiquiátrico, bem como auxílio-doença ou aposentadoria precoce.

* Vitor Crestani Calegaro é psiquiatra, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e coordenador do projeto COVIDPsiq; Juliana Motta é jornalista e doutoranda pela UFSM

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.