Mais comuns a partir dos 60 anos, devido a fraqueza muscular, falta de equilíbrio e falhas na visão, os tombos ameaçam a qualidade e a expectativa de vida. Mas adaptações em alguns cômodos da casa e certos cuidados na rua ajudam a prevenir os acidentes. Confira o que deve ser feito dentro e fora de casa para evitar a queda de idosos:
No quarto
1. Mesa de cabeceira: muitas vezes é no criado-mudo que a pessoa se apoia para se levantar da cama. Por isso, a peça deve ser bem firme, de preferência até presa ao chão.
2. Luz por perto: deslocamentos nomeio da noite, no escuro, são encrenca certa. Daí a recomendação de deixar um abajur ao lado da cama, com interruptor à mão.
3. Altura da cama: nem muito alta nem muito baixa. Ajuste assim: com a pessoa sentada, os joelhos devem ficar dobrados a 90°, com os pés apoiados no chão.
4. Tapete pra quê: pessoas mais velhas costumam arrastar os pés, aumentando o perigo de se enroscar no que há pelo caminho. Se for para ter tapete, ele deve ser antiderrapante.
5. Cadeira extra: o abaixar e levantar para trocar de roupa e colocar os sapatos pode gerar tonturas e desequilíbrios. Ter um lugar para se sentar minimiza esse risco.
6. Colchão adequado: a densidade apropriada ao peso do indivíduo ou do casal colabora com a postura, facilita os movimentos e proporciona estabilidade na hora de sair da cama.
Na escada
1. Corrimão sempre: se não tiver, fixe barras dos dois lados. E considere instalar fitas antiderrapantes nos degraus. Vale orientar o idoso a nunca subir escadas de mãos ocupadas.
2. Iluminação: interruptor de luz no topo e na parte de baixo, bem visíveis, são essenciais. Se a iluminação natural não auxiliar na visibilidade, troque as lâmpadas por versões mais potentes.
3. Sinalizadores: quem nunca se atrapalhou pisando em falso num degrau? Imagine então com a visão embaçada. Faixas em cores contrastantes e marcações de início e fim da escada garantem maior segurança.
No banheiro
1. Na posição certa: ficar se esticando na ponta dos pés é uma temeridade. Saboneteiras e toalheiros devem ser instalados de modo que o alcance seja fácil e viável.
2. Banho sentado: se houver espaço, coloque banco com pés emborrachados na área do chuveiro. Eles evitam o incômodo de se abaixar para lavar pernas e pés e dão uma força no momento de se secar.
3. Atenção aos ralos: qualquer obstáculo conta com a idade. Por isso, a instalação das peças de escoamento exige planejamento especial. Os ralos devem ficar longe da área de circulação ou então nivelados ao piso.
4. Vaso sanitário: Se houver dificuldade de se sentar e se levantar, é preciso elevar o assento e colocar barras laterais. No mercado já é possível encontrar kits prontos que não exigem furar paredes.
5. Barras de apoio: uma das causas de quedas é tentar se escorar em cortinas ou box ao se desequilibrar no banho. Barras de apoio na medida certa para encaixar a mão e segurar com firmeza evitam esse perigo.
6. À prova de escorregões: mobilidade reduzida requer piso antiderrapante em lugares molhados. Se tapetes forem imprescindíveis, precisam ser emborrachados.
Na sala
1. Tudo às claras: a dificuldade de enxergar e o andar vacilante demandam um ambiente acessível e iluminado: cortinas abertas e paredes pintadas com cores claras descomplicam a movimentação.
2. A poltrona do vovô: se preciso, reserve para o idoso um canto confortável para descansar, ler, ver TV, com sofá ou poltrona de estofamento firme. Mantas nos dias frios são bem-vindas, mas atenção para que ele não se enrole e se desequilibre ao andar.
3. Circulação garantida: mesa de centro e tudo que atrapalhe o vaivém devem ser excluídos da decoração. Também na sala os tapetes rendem tropeções se estiverem soltos ou com dobras. Melhor evitar.
4. Móveis estáveis ou presos: ao sentir a instabilidade da própria marcha, pessoas mais velhas procuram se escorar no que estiver por perto. Assim, maçanetas precisam estar bem fixadas e as estantes, presas nas paredes.
No corredor
1. Caminho livre: andar de um lado pra outro pela casa é um hábito comum a quem já apresenta sinais de demência. Mais um motivo para deixar corredores e passagens sem móveis, brinquedos e outros objetos espalhados.
2. Luz na escuridão: a visão já não é mais a mesma, por isso vale a pena investir em luzes com sensor de presença ou manter uma lâmpada acesa nos locais mais usados, como a passagem para o banheiro ou a cozinha.
3. Passos firmes: andar descalço, apenas de meias ou com chinelos que podem escapar dos pés desestabiliza o corpo. O alerta serve para a casa toda, a qualquer hora.
4. Portas abertas: facilitar a entrada nos cômodos é desejável, mas aqueles pesos feitos com areia não são adequados. O ideal é usar dispositivos com encaixes fixados na porta e na parede.
5. Fios embutidos: cabos e carregadores de equipamentos e celulares são inevitáveis, mas há recursos para evitar que provoquem acidentes, como fios presos nos rodapés, canaletas e prendedores.
Na cozinha
1. Panelas à mão: tudo deve estar organizado para desencorajar subidas em escadas ou banquinhos. Mas não adianta guardar os utensílios em locais muito baixos: agachamentos podem provocar vertigens.
2. Chão limpo e seco: respingos de água, óleo e outros líquidos, assim como cascas e restos de alimentos que caem, tornam o piso da cozinha uma armadilha. Limpe tudo imediatamente e opte sempre por tapetes antiderrapantes.
Na rua
1. Durante a viagem: dentro do ônibus ou do trem, nada de procurar carteira ou celular na bolsa antes de se sentar. Mesmo com o veículo parado, segure firme nas barras para não bambear enquanto se dirige ao assento.
2. Ao subir ou descer: com poucos veículos com rampas de acesso, no Brasil o transporte coletivo ainda é um desafio para pessoas de mais idade, exigindo esforço para alcançar os degraus. Daí a importância de ter as mãos livres e não levar bolsas pesadas.
3. Atenção plena: caso use óculos ou aparelhos de audição, o idoso não deve sair de casa sem eles para não prejudicar sua orientação espacial, essencial na prevenção de quedas.
4. Apoio mecânico: com os movimentos dificultados, bengala e andador dão estabilidade e auxiliam na sustentação do corpo ao andar ou ficar parado em pé.
5. Desvio de obstáculos: sempre que possível, os passeios devem evitar subidas íngremes e trajetos com buracos, raízes de árvores e sacos de lixo acumulados pelas calçadas.
6. Sempre na faixa: ainda que seja necessário caminhar uns metros a mais, o recomendado é atravessar a rua na faixa de pedestre, esperando o sinal abrir e sem correria.
7. Nada nas mãos: sem contar o cansaço derivado da fragilidade muscular, o centro de equilíbrio do corpo muda quando carregamos pacotes e sacolas, favorecendo tombos.
8. Calçados seguros: chinelos soltos podem deslizar e ficar presos em frestas no meio-fio. O calçado deve ser fechado no calcanhar e ter solado emborrachado para não incitar escorregões.
No hospital
1. Autonomia: as equipes de saúde necessitam fazer avaliações periódicas para ter certeza de que o paciente tem condições de se movimentar sozinho, se precisa de andador ou algum outro dispositivo para qualquer deslocamento.
2. Orientação: o paciente deve sempre se sentar antes de se levantar, e nunca sem a presença de um profissional de enfermagem. A área de circulação não pode ter obstáculo e exige placas de sinalização, como a de piso molhado.
3. Cama protegida: os leitos dos hospitais são mais altos e geram insegurança na hora de subir ou descer. Grades são obrigatórias no caso de uso de medicamentos capazes de ocasionar agitação, confusão mental ou vertigem.
4. Ajuda por perto: pacientes com histórico de quedas devem ser instalados mais próximos dos postos de enfermagem. Isso facilita a observação de seus movimentos e garante agilidade de atendimento em intercorrências.
5. Pernas poupadas: com a piora da coordenação motora, cada passo em falso num lance de escada pode significar uma queda. Dessa forma, as rampas são a melhor opção de acesso a bancos e lojas.
6. Roupa certa: se não puder usar sua própria roupa enquanto estiver internada, a pessoa deve dispor de vestuário adequado ao seu porte físico para evitar que peças grandes e compridas demais causem tropeções.
7. Alertas à família: acompanhantes devem ser informados caso o paciente esteja usando remédios que alterem seu equilíbrio. A parceria é ainda mais valiosa no turno da noite, quando as equipes estão reduzidas e são menos frequentes as visitas aos leitos.
Fontes: Maisa Kairalla, geriatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Guia de Queda no Idoso da Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (Sbait); Cartilha para a Acessibilidade da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar); Cartilha Antiquedas da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid)