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Jardinagem comunitária melhora dieta e reduz estresse e ansiedade

Segundo estudo, hábito de mexer com a terra influencia pessoas a comer mais fibras e praticar mais exercícios, o que impacta na saúde global

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein*
Atualizado em 10 fev 2023, 14h26 - Publicado em 10 fev 2023, 14h25

O hábito de cuidar das plantas e do jardim é uma atividade capaz de trazer benefícios diretos e indiretos para a saúde como um todo. Não à toa, a prática dos jardins terapêuticos é recomendada principalmente para a manutenção da saúde mental. No entanto, ainda existem poucos estudos científicos comprovando esses benefícios.

Pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, resolveram aprofundar a questão e publicaram um estudo randomizado e controlado, tipo que é referência como método científico. Eles avaliaram os efeitos da jardinagem na saúde e os resultados corroboram esses benefícios: quem participa da jardinagem coletiva aumenta a ingestão diária de fibras e a prática de atividade física, além de reduzir o estresse e a ansiedade.

A pesquisa foi publicada na revista The Lancet Planetary Health. Segundo os autores, alguns pequenos estudos já apontavam que as pessoas que trabalham no jardim tendem a comer mais frutas e vegetais, além de terem um peso mais saudável. Mas apenas três eram estudos controlados, e nenhum sobre a jardinagem comunitária.

A partir desse novo trabalho, os cientistas acreditam ter evidências concretas de que a prática em grupo pode auxiliar na prevenção do câncer, de doenças crônicas e de distúrbios de saúde mental.

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“A atividade da jardinagem traz uma série de benefícios à saúde mental, ajuda a desenvolver habilidades pessoais, novos aprendizados, melhora o desenvolvimento cognitivo. Resgata a autonomia das pessoas, auxilia na resolução de problemas e na tomada de decisão. Quando você faz isso em grupo você acrescenta o aspecto da socialização por poder fazer um trabalho compartilhado, coletivo, e isso aumenta a interação entre as pessoas”, destacou Eliseth Leão, pesquisadora do Centro de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein.

A pesquisadora, que também é líder do grupo de Pesquisa e Natureza – Estudos Interdisciplinares sobre a Conexão com a Natureza, Saúde, e Bem-Estar, completa: “Esse estudo é robusto e busca estabelecer de forma clara uma relação de causa e efeito entre a jardinagem e um estilo de vida mais saudável, especialmente ligado à alimentação. A maior importância desse resultado é reforçar a possibilidade da prática e a partir dessa evidência suscitar uma discussão para a implementação disso para um maior número de pessoas”, afirmou.

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Como foi o estudo

Para chegar aos resultados, os pesquisadores recrutaram 291 adultos, com média de 41 anos, que não trabalhavam com jardinagem. Metade do grupo recebeu a intervenção: uma horta comunitária gratuita, algumas sementes e mudas, além de um curso introdutório sobre jardinagem. A outra metade ficou no grupo controle, ou seja, continuou a não ter contato com a atividade.

Ambos os grupos forneciam informações periódicas sobre a sua ingestão nutricional, sobre a saúde mental e faziam medições corporais. Após o período de intervenção, o grupo da jardinagem estava ingerindo em média 1,4 gramas a mais de fibras por dia (o que significa um aumento de 7%) em comparação com o grupo controle.

O consumo de fibras tem vários efeitos sobre a saúde: elas melhoram o trânsito intestinal, aumentam a sensação de saciedade, ajudam a diminuir a absorção de açúcares e gorduras e atuam no sistema imunológico. A longo prazo, o hábito também traz benefícios em redução de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e até mesmo câncer de intestino.

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Segundo o estudo, é recomendada uma ingestão de 25 a 38 gramas por dia de fibras e os dois grupos consumiam menos do que isso. Assim, o consumo de 1,4 gramas a mais poderia ter um impacto direto na saúde. “Seria importante acompanhar esse grupo por mais tempo para ver se essa quantidade de ingesta de fibras se mantém, se diminui ou se aumenta ainda mais para produzir de fato os benefícios para a saúde”, diz Leão.

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Mais exercícios e menos estresse

Além do aumento do consumo de fibras, o grupo da jardinagem também acrescentou cerca de 42 minutos em prática de atividades físicas por semana – sendo que o recomendado pelas sociedades médicas é fazer pelo menos 150 minutos semanalmente. Os autores apontam que visitando a horta de duas a três vezes na semana, 28% dessa recomendação era atingida.

Os participantes do grupo da jardinagem também relataram redução dos sintomas de ansiedade e estresse, além de terem aumentado a interação social, já que estavam em contato com outras pessoas ao ar livre.

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E quem mora em cidades grandes, longe de possíveis locais onde possa ser instalada uma horta comunitária, não precisa desistir do processo. Leão ressalta que o cultivo em vasos de algumas plantas comestíveis não convencionais (como ora-pro-nobis e taioba, por exemplo), além de uma série de temperos e pequenas hortaliças, por si só faz com que as pessoas pratiquem jardinagem, mexam com a terra, desenvolvam essa relação afetiva com as plantas.

“O simples fato de se mexer com a terra durante a jardinagem estimula o sistema imunológico também pelo contato com a série de bactérias que existem na terra e altera a microbiota intestinal. Isso também ajuda a reduzir o risco de doenças”, frisou.

*Esse texto foi publicado originalmente na Agência Einstein. 

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