7 dicas para evitar problemas ao viajar com crianças
Passar as férias com os pequenos exige uma série de cuidados. E uma nova pesquisa dá conselhos preciosos para evitar sustos à saúde e passeios frustrados
Chegam as férias e começam os preparativos para cair na estrada com as crianças. É escolher o destino e a hospedagem, montar o roteiro e arrumar as malas. Só que, para cada uma dessas etapas, existem recomendações a fim de garantir a segurança dos pequenos, como preparar um kit de primeiros socorros e já levantar informações sobre doenças mais comuns no lugar que será visitado. Você nem sempre pensa nisso? Pois saiba que está com a maioria, de acordo com a pediatra Janaina Borges Polli: “Os cuidados de viagem costumam ser negligenciados pela falta de informação”.
Foi isso que motivou a neonatologista e pesquisadora da Universidade de Ciências da Saúde de Porto Alegre a revisar todos os estudos publicados sobre o tema nos últimos 21 anos. Os dados obtidos deram origem a um extenso artigo publicado no periódico da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ele traz orientações para garantir o bem-estar da turminha durante todo o percurso. Confira, a seguir, as principais medidas listadas no documento. E boa viagem!
1. Planeje a aventura
Mais de 2 milhões de crianças e jovens norte-americanos abaixo de 18 anos viajaram internacionalmente em 2010. Embora o Brasil não tenha estatísticas parecidas, Janaina acredita que a tendência se repete por aqui. E, se o próximo passeio da família é para outro país, considere os efeitos do chamado jet leg. A expressão diz respeito às confusões causadas no organismo por causa da mudança de fuso horário — entre elas estão sonolência ou insônia e mal-estar. Para minimizar o desconforto, a recomendação é a mesma para pais e filhos: seguir o horário local e descansar quando necessário, além de fazer atividades ao ar livre e com exposição solar para o corpo ajustar seu ritmo interno. Outras orientações dependem do meio de transporte:
Avião
Como o uso de cadeirinhas para crianças de até 2 anos é opcional, elas costumam ficar no colo dos pais. Ok, mas é crucial ter firmeza e atenção durante pouso, decolagem e turbulências. Os maiorzinhos devem estar com o cinto afivelado o tempo todo.
Carro
Aqui, cadeirinha e afins são obrigatórios. Verifique se o equipamento tem selo do Inmetro ou certificação de segurança. Instale-o de acordo com o manual e sempre respeite as recomendações de idade e peso do modelo usado.
Navio
Para evitar enjoo e vômitos, ofereça refeições leves três horas antes do embarque. Durante o trajeto, atividades como leitura são contraindicadas. Os remédios antieméticos (que afastam o mal-estar) podem dar uma força.
2. Pesquise bem sobre a estadia para não ter surpresas
Na hora de definir a hospedagem, os sites de viagem e os tradicionais aplicativos de referências não decepcionam. Com uma boa pesquisa, é possível descobrir prós e contras de cada opção. Ao chegar no local escolhido, não deixe de vasculhar o quarto com atenção aos potenciais perigos para a molecada, como fiação elétrica aberta, lascas de tinta, venenos ou armadilhas de pragas, além de janelas e varandas baixas e sem grade de proteção. O pequeno tem alergia?
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Lembre-se de que cheiro de mofo pode agravar o problema, assim como cobertores peludos. Nesse caso, vale levar o edredom de casa mesmo – ou solicitar um depois de acertar a reserva.
3. Preste atenção na alimentação dos pequenos
Diferentemente dos adultos, que tendem a segurar a fome quando estão viajando, os baixinhos ficam irritados e chorosos se passam muito tempo sem comer. Por isso, evite mudanças bruscas na rotina habitual de alimentação. Se a viagem for longa e de carro, programe paradas para almoço ou jantar e lanches. Outra recomendação é preparar alguns beliscos para deixar no veículo, como pipoca e sanduíches naturais bem acondicionados. Para hidratar, recorra à água mineral. Caso o destino selecionado tenha uma culinária completamente diferente, tome cuidado com os pratos oferecidos à meninada – especialmente se forem muito condimentados.
O mais seguro, se o cardápio não ajudar, é optar por frutas, alimentos cozidos e itens industrializados.
Se a diarreia atacar
Tem que repor os sais minerais perdidos com soro e priorizar alimentos que não prejudicam ainda mais o trato intestinal, a exemplo de arroz, batata, macarrão, carne, frango, banana, maçã e pera.
4. Cautela extra em locais altos
Fraqueza, insônia, náuseas e falta de apetite são sintomas usuais para quem visita lugares com altitude superior a 2 mil metros. É o chamado mal da montanha, que se manifesta entre duas e 24 horas após a chegada. Nesse período, indicam-se descanso e pouco esforço físico. Em altitudes extremas (superior a 4 mil metros), há possibilidade de desconfortos mais acentuados – aí, talvez seja necessário recorrer a oxigênio suplementar e medicamentos indicados pelo pediatra.
Veja abaixo altitude de algumas cidades turísticas:
- Lhasa, no Tibet – 3 656 m
- La Paz, na Bolívia – 3 600 m
- Cusco, no Peru – 3 399 m
- Juf, na Suíça – 2 124 m
- Campos do Jordão* – 1 628 m
*é a cidade brasileira mais alta
5. Proteja as crianças contra mosquitos
As picadas de insetos podem causar feridinhas na pele, mas também transmitir doenças como dengue, febre amarela e malária. Por isso, além da vacinação em dia, o repelente é um aliado – ele pode ser usado em bebês a partir dos 6 meses. É bom ter em mente que os mosquitos geralmente circulam ao amanhecer e ao entardecer. Nesses momentos, vista as crianças com roupas que cubram braços e pernas. Para ter mais segurança, informe-se sobre quais insetos são comuns no destino escolhido antes de sair de casa. Se a região tiver escorpiões, por exemplo, é sinal de que roupas e calçados merecem inspeção antes do uso.
Use com moderação
Mesmo o repelente infantil pode conter substâncias prejudiciais à pele dos pequenos. Então, não aplique mais de três vezes ao dia.
6. Tenha sempre remédios à mão
Se a criança faz uso contínuo de algum medicamento, esse é o primeiro item que deve ir para a mala – e em quantidade suficiente para durar toda a viagem. Por garantia, peça ao médico para prescrever receitas com o nome do princípio ativo. Assim, em caso de necessidade, um farmacêutico, ou médico, do local visitado consegue fazer a reposição de forma adequada. Outro detalhe: as medicações de uso controlado devem estar em suas embalagens originais e acompanhadas de receita médica, com nome do passageiro e carimbo do especialista. E, se for viajar de avião, não despache os remédios essenciais, já que há sempre o risco de sua bagagem ser extraviada.
Kit básico de saúde
Ele precisa fazer parte da bagagem
- Remédios de uso oral
- Medicamentos tópicos (pomadas)
- Soro fisiológico
- Pomada para assadura
- Colírio
- Termômetro
- Curativos adesivos
- Sabonete
- Antisséptico
- Cortador de unha
- Repelente
- Protetor solar
O calendário de vacinação garante proteção mesmo em áreas endêmicas. Mas, em certas regiões, há necessidade de imunização contra febre amarela e tifoide.
7. Maneire na exposição ao sol
Bastam alguns minutos em contato com o astro rei para a ida à praia ou o passeio ao ar livre causarem queimaduras e até insolação. A primeira medida para proteger o corpo é evitar a exposição solar entre 10 e 14 horas, quando os raios são bem intensos.
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E vale frisar que, até os 3 anos, longos banhos de sol são contraindicados – mesmo com protetor no corpo. Por falar nesse produto, ele pode e deve ser usado em bebês com mais de 6 meses (o certo é aplicar meia hora antes da exposição e repassar a cada duas horas).
Para evitar irritações, escolha uma versão infantil que seja eficaz contra raios UVA e UVB e certificada pela Anvisa. O bebê ainda não fez 6 meses? Deixe-o na sombra com roupas adequadas. E nada de ignorar o couro cabeludo: tem que botar chapéu. Vale tudo para resguardar as crianças — e as suas merecidas férias.