Merenda sem carne: guia incentiva dieta vegetariana na escola
Livro digital gratuito reúne mais de 40 receitas sem carne para incluir no cardápio da criançada

Há cinco anos, o acesso a opções vegetarianas na merenda é garantido pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar. Mesmo assim, muitos pais e educadores têm dúvidas na hora de planejar as refeições de crianças e adolescentes que não consomem ou deixaram de comer alimentos de origem animal.
Por isso, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) criou um e-book com orientações para garantir os direitos e a saúde dos estudantes. O guia Criança Vegetariana na Escola – Alimentação saudável e inclusiva no ambiente escolar pode ser acessado neste link.
“As escolas devem adaptar o menu em conjunto com as famílias, prezando a variedade e o aporte nutricional”, diz Thaisa Navolar, nutricionista e coautora do documento.
A seguir, leia a entrevista com a especialista e saiba como adaptar a dieta das crianças.
Clique aqui para entrar em nosso canal no WhatsAppVEJA SAÚDE: A escolha pela dieta vegetariana ou vegana vem crescendo entre pais e filhos. Quais são os principais fatores que estão influenciando essa mudança?
Thaisa Navolar: A alimentação vegetariana é uma escolha de cerca de 30 milhões de brasileiros e cada vez mais famílias optam por excluir os produtos de origem animal do prato.
São diversos os motivos para retirada da carne no prato, sendo os principais por questões éticas, relacionadas à compaixão aos animais e ao impacto ambiental da criação intensiva de animais; a saúde ou a religião.
Além de muitas famílias optarem pelo vegetarianismo — e, desta forma, os filhos seguirem o mesmo caminho —, há situações em que o jovem é o primeiro da família a não querer mais comer animais, influenciando a alimentação em casa.
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Quais as vantagens da redução do consumo de carne na infância?
O excesso do consumo de carne está relacionado ao aumento do risco de doenças crônicas não transmissíveis, especialmente cardiovasculares. Crianças vegetarianas e veganas tem menor risco de sobrepeso e obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemias.
Isso porque o consumo de gorduras saturadas é mais baixo do que na dieta onívora, mas também pelo aumento do consumo de fibras, e até de nutrientes como magnésio, ácido fólico e vitaminas C e K, por exemplo.
O Guia Alimentar Para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, desencoraja o consumo de produtos de origem animal em excesso e estimula o consumo de vegetais.
Em geral, famílias vegetarianas tem maior consumo de frutas, verduras, legumes, leguminosas e cereais integrais, levando ao aumento do teor de fibras e compostos bioativos na dieta, ajudando na prevenção de doenças e promoção da saúde.
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E desvantagens? Como deve ser feita a suplementação de nutrientes que são encontrados majoritariamente em alimentos de origem animal?
Não podemos dizer que há alguma desvantagem, pois todos os estilos alimentares devem seguir orientações gerais para alimentação saudável na infância, de forma a suprir as necessidades nutricionais da criança, seja vegetariana ou onívora.
A alimentação vegetariana na infância é endossada por entidades ao redor de todo o mundo, como a Academia Americana de Nutrição e Dietética, a Sociedade Canadense de Pediatria e a Associação Britânica Dietética.
As famílias devem fazer acompanhamento com profissional de saúde e seguir as recomendações do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria relacionadas à suplementação de vitamina D e ferro.
O único nutriente que deve ser suplementado a mais para todas as crianças vegetarianas e veganas é a vitamina B12, de forma profilática.
Como as escolas devem se preparar para essa mudança de comportamento entre os alunos?
O direito à opção vegetariana na alimentação escolar é garantido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) desde a publicação da nota técnica Nº 8/201917.
Ela informa que “os estudantes que estão inseridos em hábitos alimentares vegetarianos, por opção pessoal ou familiar ou outras condições especiais, têm assegurado, no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o fornecimento de alimento adequado à sua opção/condição”.
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A SVB entende que tanto escolas públicas quanto instituições particulares devem respeitar as escolhas e os hábitos da criança e da família. Além disso, a entidade recomenda que os estudantes inseridos em hábitos alimentares vegetarianos tenham assegurados o direito à alimentação vegetariana saudável e nutricionalmente balanceada no ambiente escolar.
A escola deve adaptar o cardápio em conjunto com a família e o nutricionista, garantindo variedade e o aporte nutricional.
No Guia da Criança Vegetariana na Escola, mostramos, além de receitas, diversas opções de lanches e até de refeições mais completas, para aquelas crianças que almoçam ou jantam na escola.
Vale ressaltar que o ambiente escolar respeitar e disponibilizar meios para que o estudante acesse uma alimentação inclusiva.
Como foi feita a seleção de receitas do livro? Há algumas que vocês querem destacar?
As receitas foram pensadas em cada fase da criança, sendo identificadas no Guia da seguinte forma:
- liberadas para todas as idades
- para até 1 ano
- para até 2 anos
- para até 4 anos
Creio que vale destacar as receitas que incluem uma fonte de proteína, para deixar o lanche mais completo, como: waffle de grão de bico, kibe de lentilha, disquinhos de feijão branco…ah! O brownie de feijão preto é surpreendente!
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As receitas foram elaboradas pelas nutricionistas Thaisa Navolar e Tatiana Consoli e pela pediatra Laura Ohana, além da equipe do Departamento de Gastronomia da SVB. Confira um exemplo de receita fornecida pelo e-book recém-publicado:
Pão de queijo vegano
Ingredientes:
- 2 xícaras de grão-de-bico ou de feijão-branco cozido. Podem estar processados ou amassados
- 1 1/2 xícara de polvilho doce
- 1 1/2 xícara de polvilho azedo
- 1/2 xícara de água quente
- 1/4 de xícara de azeite
- sal a gosto
- temperos opcionais
Modo de preparo
Misture todos os ingredientes até que a massa fique homogênea, firme e descolando das mãos. Se estiver muito mole, leve à geladeira por 20 a 30 minutos para alcançar a consistência ideal.
Molde a massa em bolinhas e leve-as pra assar em forno médio (de 180 a 250ºC) até que cresçam e comecem a rachar. É o sinal para retirar do forno e servir.