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O que precisa ser feito para domar o diabetes tipo 2 no Brasil?

Fórum VEJA SAÚDE discute com especialistas como melhorar o sistema de saúde e a vida dos pacientes

Por Theo Ruprecht e Diogo Sponchiato
19 ago 2022, 14h16
ilustração de glicosímetro com dedo
Presidentes de sociedades médicas e professores universitários participaram do debate sobre os desafios do diabetes tipo 2. (Ilustração: Laura Luduvig/SAÚDE é Vital)
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A última edição do Fórum VEJA SAÚDE foi protagonizada pelo diabetes tipo 2, um dos principais problemas de saúde pública no país.

Apesar dos avanços recentes no tratamento, o acesso a novas medicações e o engajamento do paciente no controle da doença constituem dois obstáculos à qualidade e à expectativa de vida de 10% da população adulta brasileira, os milhões de cidadãos que convivem (às vezes sem saber) com a condição.

Esses pontos de atenção permearam as apresentações e discussões de grandes especialistas e entidades médicas e de suporte aos pacientes que participaram do evento, apoiado pela AstraZeneca. Em comum, todos os palestrantes ressaltaram a necessidade de investirmos em educação em saúde, tanto para os profissionais da linha de frente como para a sociedade em geral.

Confira os speakers do Fórum VEJA SAÚDE sobre diabetes tipo 2:

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fotos dos médicos e demais participantes do evento
(Ilustrações: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)

+ ASSISTA: Acompanhe o evento virtual na íntegra

O “custo diabetes”

Abrindo o fórum, o epidemiologista Maicon Falavigna, da consultoria HTAnalyze Gestão em Saúde, compartilhou dados sobre o impacto socioeconômico do diabetes tipo 2 — sozinho, ele representa 5% de toda a carga de doenças no Brasil — e o que pesa na conta dos gestores ao decidir incorporar novos tratamentos. “Os custos dos medicamentos não são especialmente altos, mas, como há uma grande população com diabetes, o impacto orçamentário pode ser significativo”, apontou.

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A jornada do paciente

Coordenadora da Coalização Vozes do Advocacy, Vanessa Pirolo, que atua junto às associações de pacientes, abordou as dificuldades de quem tem diabetes e é atendido no SUS — sete em cada dez brasileiros dependem da rede pública para se cuidar. Começa pela falta de endocrinologistas pelo país para orientar e acompanhar esses cidadãos. E passa pelas lacunas entre o desenvolvimento de remédios mais eficazes e o real acesso a eles no sistema público de saúde.

O efeito pandemia

Juliana de Paula, gerente médica da AstraZeneca e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), refletiu sobre os impactos da crise da Covid-19 no enfrentamento do diabetes tipo 2. Destacou a necessidade de retomar a rotina de exames e continuar se precavendo da infecção. “Estudos indicam que pacientes com diabetes infectados pelo vírus apresentam maior risco de Covid longa”, contou.

+ LEIA TAMBÉM: O que está mudando no tratamento do diabetes 

Da teoria à prática

O endocrinologista Marcello Bertoluci, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi um dos responsáveis pela elaboração das últimas diretrizes médicas para o controle do diabetes tipo 2 no país. Para que as indicações baseadas em ciência sejam convertidas em ações na prática clínica, chamou atenção para a inércia — tantas vezes compartilhada entre médico e paciente — para otimizar o controle glicêmico, o que permite à doença continuar evoluindo e gerar danos irreversíveis.

A ordem é se engajar

Colunista de VEJA SAÚDE, o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri falou sobre um paradoxo que frequentemente se encontra no imaginário de quem tem diabetes: a busca por novas tecnologias para tratar a doença versus a negligência nos cuidados básicos, isto é, seguir a prescrição médica e adotar hábitos saudáveis. “Não adianta ter uma Ferrari se a pessoa não sabe dirigir um carro popular e manual”, comparou o pesquisador da USP de Ribeirão Preto.

Sem tempo a perder

Explorando os gargalos que favorecem as complicações do diabetes tipo 2, o endocrinologista João Salles, professor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, registrou a postura passiva e a demora de muitos brasileiros em relação ao diagnóstico: eles não se perguntam se têm a doença nem buscam fazer exames. Por outro lado, questionou a lentidão do sistema ao incorporar novos medicamentos. Mesmo chegando ao SUS, alguns deles se destinam apenas a uma parcela dos pacientes.

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+ LEIA TAMBÉM: Os principais erros ao tomar remédio

Capacitação profissional

O último bloco do evento contou com a participação de três sociedades médicas diretamente envolvidas com o diabetes. O endocrinologista Levimar Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), salientou a necessidade de capacitar e atualizar continuamente mais médicos para o diagnóstico e o tratamento da doença. A SBD criou grupos de trabalho para avaliar as principais demandas e lança uma revista focada no assunto.

Rins na mira

O nefrologista Osvaldo Merege Vieira Neto, líder da sua especialidade no país, deu um panorama sobre a estreita relação entre o diabetes e a doença renal crônica. O descontrole glicêmico é uma das principais causas de lesões nos rins, situação que pode acarretar a falência desses órgãos. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), a detecção precoce — do diabetes e da doença renal — é o caminho certeiro para evitar a diálise, realidade vivida por milhares de brasileiros.

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Ameaça ao coração

Encabeçando o conselho da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), João Fernando Monteiro bateu na tecla de que as doenças cardiovasculares continuam sendo a maior causa de morte no mundo, e o diabetes está entre seus principais fatores de risco. Combater o sedentarismo, a má alimentação e o ganho de peso — que contribuem para ambos os quadros — deve fazer parte de políticas públicas. “Temos de investir em educação, educação e educação”, frisou.

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