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Dieta sem glúten e sem caseína não melhora comportamento de autistas

Apesar de famosas na internet, intervenções alimentares não se mostram eficazes no tratamento do autismo, segundo novos estudos

Por Chloé Pinheiro
22 mar 2020, 15h27
Glúten, caseína e autismo
Tirar glúten e proteína do leite da dieta não melhora o comportamento de quem tem autismo (Foto: Alex Silva/A2 Estúdio)
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Na falta de remédios para amenizar os sintomas do autismo, muitas famílias acabam recorrendo a tratamentos alternativos, como dietas sem glúten e também sem caseína, a proteína do leite e derivados. Pois novas evidências indicam que estratégias do tipo não têm efeito no comportamento dos pacientes.

Primeiro, pesquisadores da Universidade de Granada, na Espanha, avaliaram 28 crianças portadoras de autismo que adotaram um cardápio livre de glúten por três meses. Em seguida, pelo mesmo período, elas aboliram a caseína. No segundo estudo, outras 37 crianças e adolescente apostaram em cada esquema por seis meses.

Em nenhuma das investigações houve mudanças no comportamento dos participantes, independente da substância retirada do prato – glúten ou caseína. Os achados foram publicados no Journal of Autism and Developmental Disorders.

Quando tirar glúten e caseína pode ser benéfico

Portadores do transtorno do espectro autista podem ter as paredes do intestino mais porosas e apresentar problemas como refluxo, constipação e diarreia. Daí, nasceu a dieta SCSG (sem caseína, sem glúten) como abordagem tanto para controlar esses incômodos quanto para melhorar o comportamento da criança.

Essas duas moléculas causariam um estado de inflamação crônica no órgão mais sensibilizado. De fato, estudos mostram níveis maiores de anticorpos contra o glúten em alguns autistas. Já a caseína, digerida anormalmente, é transformada em beta-casomorfina, molécula que, absorvida pelas paredes porosas do intestino, chegaria ao sistema nervoso central com potencial toxicidade.

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Os relatos positivos dos adeptos da SCSG atraíram interesse da ciência, e a relação foi alvo de pesquisas nas últimas décadas. Mas os estudos mais recentes não encontraram resultados conclusivos em relação a mudanças comportamentais. É provável que o benefício se restrinja ao alívio dos incômodos gastrointestinais – e só.

Mais evidências devem surgir nos próximos anos sobre o tema. Enquanto isso, o ideal é não cortar alimentos da dieta sem orientação médica, até mesmo porque o glúten e a caseína estão presentes em alimentos importantes na dieta infantil, como leite e pão.

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