Alimentar-se: simples ou complicado demais?
Nova edição de VEJA SAÚDE aponta as principais tendências da nutrição, mas adverte que nem todas elas precisam necessariamente ser seguidas
Comer! Certamente um verbo que a nossa espécie rege desde os primórdios — na verdade, ele é regido antes mesmo de o Homo sapiens caminhar na face da Terra. Comemos para sobreviver, para crescer, para ficarmos fortes, para confraternizar, para sentir prazer…
Ocorre que, como a ciência vem expondo nas últimas décadas, o que a gente ingere também pode nos fazer mal. E foi sob a ótica desse conflito entre aquilo que nos deixa saudáveis ou doentes que muitas das recomendações nutricionais foram dadas durante um bom tempo. Simples assim! Só que não…
Mais recentemente, a visão do equilíbrio tem prevalecido, até porque a dicotomia a ferro e fogo, que elegia alimentos heroicos e terríveis, provou-se insustentável. Mas, se fosse moleza alcançar a tão sonhada dieta balanceada, não teríamos tanta gente encarando as consequências de uma relação conturbada com as refeições e de escolhas e exageros que as colocam na mira da obesidade, do diabetes, da hipertensão etc.
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Não à toa, as mais novas tendências da nutrição tentam absorver essa busca pela saudabilidade sem se esquecer da lei da oferta e da demanda e sem abrir mão, quando possível, de praticidade e prazer. E aí as coisas podem se complicar, porque não há receita-padrão para todo mundo.
Certa vez, um jornalista nos criticou dizendo que estávamos complicando o básico ao abordar caminhos para se alimentar melhor. A fórmula do sucesso não é secreta: bota arroz, feijão, ovo e salada no prato, e tudo certo! Tempos depois, ouvimos de um professor que estávamos simplificando demais a discussão, haja vista tantas nuances envolvidas entre aquilo que vai ao prato e é absorvido pelo corpo de uma pessoa.
A verdade talvez esteja entre um desses extremos. E é nessa direção que ouvimos tantos nutricionistas por aí, destacando o princípio de que, no mundo ideal, a personalização é a via mais próspera e eficaz.
Elegemos dietas da moda, derrubamos dietas da moda; colocamos ingredientes no pódio; pedimos licença para retirá-los até segunda ordem. Assim avançam a ciência e as tendências, muito embora algumas descobertas e orientações sigam atuais e inabaláveis.
É com essas ideias em mente que, após nos debruçarmos sobre pesquisas e relatórios em cima de hábitos populacionais e do mercado, decidimos mapear os principais fenômenos em alta no universo da nutrição e, em meio a um labirinto de dicas e promessas alargado pelas redes sociais, ajudar o leitor a se achar entre tantas rotas possíveis.
Adianto: não é simples, mas talvez não seja tão complicado.