Pelo fim do comércio de animais silvestres
Entidade apela a líderes mundiais por políticas de proteção à fauna, inclusive para evitar novas epidemias
De macacos a aves, cresce mundo afora a venda de espécies silvestres como pets. “A exploração se dá ainda no turismo, com bichos mantidos em cativeiro para entretenimento, e na medicina, que usa partes de animais para desenvolver medicamentos”, diz João Almeida, gerente de vida silvestre da ONG Proteção Animal Mundial.
Além dos maus-tratos a esses bichos, eles podem ser reservatórios de doenças com potencial pandêmico — o coronavírus, tudo leva a crer, veio de morcegos.
Daí por que, em documento enviado aos ministros da Saúde dos países do G20, que reúne as maiores economias do mundo, a entidade solicitou medidas para pôr um fim a esse comércio. “O bem-estar humano e o animal estão interligados. A saúde de um depende da do outro”, justifica Almeida.
A lei no Brasil
No papel, o arcabouço legal no país é considerado restritivo: é crime capturar, transportar e utilizar espécimes da fauna silvestre sem a permissão de autoridades ambientais. Multas e penas de prisão estão previstas em caso de descumprimento.
“A questão é que pecamos muito na fiscalização. Estamos entre os piores países do mundo no que diz respeito à aplicação da lei que protege esses animais”, lamenta Almeida.
Eles precisam ser protegidos
Os bichos mais populares e sob maior risco no país:
Aves
Diferentes espécies atraem o comércio ilegal — de pássaros canoros a araras e papagaios, estes apreciados pela característica de imitar a voz humana.
Primatas
Animais sob risco de extinção, como o mico-leão-dourado, estão na mira de colecionadores, já que o valor de mercado sobe quando se tornam mais raros.
Cobras
Além de serem comercializadas para experimentos científicos, caso da jararaca, o couro de serpentes pode ser usado em artigos como sapatos e cintos.
Tartarugas
Dóceis, elas são vendidas como animais de estimação. Sem contar que de sua casca são feitos objetos decorativos e sua carne é tida como iguaria.
Peixes
Aquários domésticos no Brasil e no exterior são abastecidos com peixes ornamentais traficadas dos rios amazônicos, acelerando a extinção de várias espécies.