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Para um planeta saudável, o primeiro passo é ouvir os cientistas

No Dia Mundial do Meio Ambiente, entenda como novas pandemias emergem de ecossistemas degradados - e como a ciência pode proteger o planeta

Por Rubens Benini, da organização The Nature Conservancy*
Atualizado em 5 jun 2020, 14h14 - Publicado em 5 jun 2020, 09h59

Diante da disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2), a questão que mais intriga as pessoas na atualidade é: “Quando o mundo voltará ao normal?”. A resposta não é trivial e alguns cientistas comentam que é provável que estejamos entrando em uma nova fase da história da humanidade. O “normal” como conhecemos talvez não seja mais viável – nem desejado –, já que esse padrão pode ter sido o estopim para a situação em que nos encontramos agora.

A pandemia atual, que já havia sido prevista por alguns cientistas na década passada, nos mostra, cada vez mais, que se não protegermos a saúde do planeta, aproveitando seus benefícios de maneira racional e sustentável, teremos ameaças futuras ainda piores. E ameaças que afetarão o ser humano não apenas na área da saúde, mas também em aspectos socioeconômicos e ambientais, que estão interligados. É um assunto vital para discutirmos, principalmente no Dia Mundial do Meio Ambiente.

Apesar de diversos alertas e avisos dos cientistas, mais uma vez não estamos nos preparando como deveríamos. A escassez de investimentos na prevenção, na saúde e na ciência leva, por exemplo, ao aumento de óbitos por doenças tropicais.

Muitos pesquisadores relacionam ainda o surgimento de doenças virais com a degradação ambiental, a falta de práticas sanitárias e a destruição de ecossistemas naturais. Sem falar na ligação entre mudanças de temperatura e a proliferação de organismos patogênicos – isto é, com capacidade de causar prejuízos.

Para vivermos em um local saudável e mais seguro, é preciso proteger a nossa única “casa”, ou seja, o planeta, que, mesmo antes da chegada do coronavírus, já apresentava sinais de esgotamento de seus recursos naturais – como florestas e água, que são finitos. Só que a degradação parece não cessar.

De acordo com dados do sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o mês de abril voltou a registrar um novo aumento nos alertas de desmatamento da Amazônia. O número subiu 63,75% em relação ao mesmo mês do ano passado. No primeiro quadrimestre deste ano, o crescimento foi de 55% em relação ao mesmo período de 2019.

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Portanto, mesmo com a pandemia e tempos de reclusão social, notamos que crimes contra os habitats naturais não cessam. Pelo contrário: a atenção voltada para a disseminação do coronavírus parece servir para mascarar ainda mais atos ilícitos.

Vale lembrar que a Amazônia tem um papel fundamental na regulação do regime de chuvas e do clima global. Assim como outras grandes florestas tropicais, funciona como estoque de carbono. A evapotranspiração, feita pelas copas das árvores para liberar boa parte da água captada pelas raízes, lança na atmosfera enorme volume de água por dia. O resultado é a geração de chuvas para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul brasileiros, em um fenômeno chamado “rios voadores”, que influenciam também as correntes dos oceanos.

A Amazônia também é o ecossistema com maior diversidade de espécies em um mesmo território do mundo. Só que o desmatamento na floresta leva, entre outras coisas, à diminuição de habitats para animais silvestres. Com isso, essas espécies acabam travando maior contato com os seres humanos, elevando o risco de nos transmitirem micro-organismos potencialmente perigosos.

A verdade é que o planeta tem dado sinais claros de esgotamento e, caso não tenhamos a capacidade de ouvir, aprender e nos reinventar, os impactos da degradação ambiental recairão ainda mais sobre a sociedade e comprometerão o desenvolvimento econômico e social, impactando sobretudo as pessoas mais vulneráveis.

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Isso reforça que as ciências econômicas e ecológicas são interdependentes e devem ser incorporadas às políticas públicas não apenas em momentos de caos, mas, sobretudo, nas prevenções de catástrofes, como o surgimento de uma nova pandemia.

Mesmo com o aumento do desmatamento observado na Amazônia e na Mata Atlântica, o planeta, em outras regiões do globo, evidencia seu rápido poder regenerativo, como podemos observar nessas semanas de isolamento. Satélites indicam uma atmosfera limpa em cidades com altos índices de poluição. Rios e águas tornam a apresentar melhor qualidade. É uma fagulha de esperança que aponta um novo caminho para resultados importantes na conservação do meio ambiente e da saúde global.

Para continuar nesse trajeto, é crucial se orientar pela ciência. Ela nos esclarece não apenas as causas do que estamos vivendo – como a pandemia e o aumento das temperaturas médias anuais do planeta –, mas também soluções para trabalharmos em ações com o objetivo de mitigar ou diminuir os impactos negativos das mudanças climáticas.

Já sabemos que a conservação da natureza e o desenvolvimento devem caminhar juntos por meio de uma abordagem sistêmica, que integre todos os elos das cadeias produtivas. Nesse contexto, escutando nossos cientistas, temos a oportunidade de transformar o Brasil em uma potência sustentável e exemplo em diversos aspectos, como clima, água, serviços ambientais e produções agrícola e de fármacos.

*Rubens Benini é líder da estratégia de restauração florestal da organização ambiental The Nature Conservancy (TNC) na América Latina

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