Um sistema inteligente para não faltar remédio
Programa revolucionário automatiza o processo de compra e distribuição de medicamentos por hospitais, drogarias e programas governamentais
É bem complexa a gestão de aquisição e distribuição de medicamentos por hospitais e drogarias, assim como por programas governamentais de assistência farmacêutica.
Para ajudar nessa operação que exige cálculos, planilhas e enorme capacidade analítica, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um software baseado em algoritmos de inteligência artificial.
“É um sistema revolucionário, porque automatiza todo o processo. Pode gerar economia de milhões de reais”, afirma Eduardo Mario Dias, professor da Escola Politécnica e do Instituto de Radiologia da USP, instituições à frente da iniciativa. Dê play no vídeo para entender melhor.
O programa foi alimentado com os dados de fornecimento e consumo de remédios do Ministério da Saúde e se provou capaz de otimizar a cadeia de suprimentos. O órgão faz a distribuição em todas as regiões do Brasil, e a rede precisa zelar pelo abastecimento, fazendo uma previsão correta.
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“Se o consumo de um remédio em determinado período é de mil caixas, não pode comprar 500 para não gerar carência, nem 5 mil para não perder a validade”, exemplifica o médico especialista em informática Marcio Biczyk, do time da USP.
“Ao fazer em minutos análises preditivas, a inteligência artificial se mostra uma importante ferramenta de apoio nas decisões de compra”, resume.
Só para você ter uma noção da logística toda, 50 mil tipos de medicamentos circulam pelo país, considerando todos os itens de marca e também os genéricos produzidos pela indústria farmacêutica.
São 5 mil itens nos estoques dos hospitais de grande porte e mil medicações constando na base de dados do Ministério da Saúde, de produtos de alto custo para doenças raras àqueles de assistência básica, como ácido acetilsalicílico e dipirona.
Desenvolvido para a esfera federal, o programa de automação da USP é passível de ser replicado em todos os níveis do Sistema Único de Saúde (SUS), auxiliando hospitais e secretarias estaduais e municipais a manter os estoques adequados nos postos de atendimento.
E tem potencial para fazer a diferença no acesso à saúde. Os ganhos no processo podem impactar o abastecimento de medicamentos, garantindo mais eficiência a programas como o Farmácia Popular, que fornece gratuitamente remédios para hipertensão, diabetes e asma.
Esse trabalho foi vencedor da categoria Inovação em Medicina Social do Prêmio Dasa de Inovação Médica com VEJA SAÚDE 2021
Nome original do trabalho: Automação e inovação em assistência farmacêutica – Automação do processo de aquisição e distribuição de medicamentos e produtos para a saúde pela rede do Sistema Único de Saúde (SUS)
AUTORES: Marcio Biczyk, Eduardo Mario Dias, Marco Antonio Bego, A. Fleury, A. Massera, A. Fagundes, A. Sturzbecher, A. Diniz, C. Sá, D. Coutinho, D. Carreira, F. Vitória, G. Silva, G.G. Cerri. H. Calvão, I. Silveira, ltalo A. Sousa, J. Sousa, J.A. Tosta, M. Guimarães, M. Farah, M. Silveira, M. Scoton, M. Mariano, M. Pokorny, N. Bisinoti, N. Ferreira, P. Camargo, R. Botelho, R. Silvestre, W. Penna, W. Almeida e W. Labanca.
INSTITUIÇÕES: Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Inrad-HC/FMUSP) e Escola Politécnica (Poli/USP).