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Setembro Amarelo: mês de prevenção ao suicídio

Campanha promove conscientização sobre o problema de saúde pública que pode afetar indivíduos de diferentes idades, gêneros e classes sociais

Por Lucas Rocha
Atualizado em 27 set 2023, 14h55 - Publicado em 14 set 2023, 13h58
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Setembro Amarelo é a campanha de prevenção ao suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) (Foto: Freepik/Divulgação)
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A campanha Setembro Amarelo promove a conscientização sobre a importância da saúde mental, com foco especial na prevenção do suicídio.

A cada ano, mais de 700 mil suicídios ocorrem ao ano no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, os registros falam em 14 mil casos anuais. Ou seja, em média, 38 pessoas tiram a própria vida por dia. Entre 2010 e 2019, ocorreram 112.230 mil mortes nesse contexto no país.

No período, houve um aumento de 43% nos registros anuais, de acordo com o Ministério da Saúde.

Trata-se de um problema de saúde pública complexo,que pode afetar indivíduos de diferentes idades, classes sociais, orientações sexuais e identidades de gênero.

Entre as possíveis causas estão relações sociais e afetivas, questões políticas e econômicas, além de condições psicológicas.

+ Leia também: Depressão: sintomas, diagnóstico, prevenção e tratamento

A maior parte das pessoas que tentam ou cometem suicídio são afetadas por algum transtorno mental, sendo a depressão o mais comum. Na América Latina, o Brasil é o país com maior prevalência da condição, segundo a OMS.

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Nesse contexto, nasceu o Setembro Amarelo.

“A campanha une diferentes setores de sociedade e traz a oportunidade de diálogo sobre um assunto que é tão importante. É um momento para refletir sobre o suicídio, um tema que é muito assustador e pesado”, afirma a médica psiquiatra Carolina Hanna, do Hospital Sírio-Libanês.

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Setembro Amarelo tem como objetivo reduzir a incidência de suicídios (Foto: Drazen Zigic/Freepik/Divulgação)

Como surgiu o Setembro Amarelo

A iniciativa foi criada em 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Idealizador do projeto, o psiquiatra Antônio Geraldo, presidente da ABP, conta que a ação foi inspirada em um programa dos Estados Unidos chamado “Yellow Ribbon”.

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O projeto norte-americano teve início em 1994, em resposta à morte de um jovem de 17 anos, chamado Mike Emme.

Palavras ditas pela família do adolescente — como “por favor, não faça isso” e “fale com alguém” — foram colocadas em papel amarelo junto com números de telefone para oferta de apoio.

Os amigos de Emme prenderam fitas amarelas em 500 pedaços desses papéis, que desapareceram com o tempo.

Depois, começaram a enviá-los para diversos lugares pelo correio. Dentro de três semanas, chegou a notícia de que uma menina obteve ajuda quando entregou à professora a mensagem que havia recebido pelo correio.

O trabalho continuou e, desde então, as estimativas da organização informam que mais de 20 milhões de cartões foram distribuídos e mais de 123 mil vidas foram salvas com o apoio do programa.

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“Temos que tirar todo o estigma envolvido em relação à saúde mental e necessidades de tratamento. Os pais têm um papel essencial quando enxergam que a ajuda é necessária e efetiva. Podem ainda buscar informações por meio de leituras, conversas com especialistas, para ganharem confiança em prol do cuidado mental e qualidade de vida em momentos turbulentos”, diz a psicóloga Roberta Gomes Moretto Polonio, do Hospital e Maternidade Sepaco.

+ Leia também: Ansiedade: o que é, sintomas físicos e psicológicos e tratamento

A iniciativa brasileira também ganhou destaque, e chega ao seu nono ano com o mote “Se precisar, peça ajuda”.

“Anualmente, escolhemos uma frase que indique que é preciso agir, que todos podem ajudar, que precisamos ficar atentos… Desta vez, optamos pelo lema que deu início a esta campanha nos Estados Unidos”, afirma o psiquiatra.

“Queremos incentivar as pessoas que estejam com ideações suicidas a procurarem ajuda de amigos e parentes para serem encaminhadas para assistência profissional”, completa.

O presidente da ABP destaca que, apesar do esforço maior no mês de setembro, o assunto deve ser discutido durante todo o ano, com mensagens de incentivo aos cuidados com a saúde mental.

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“O objetivo da campanha é desmistificar os transtornos mentais e incentivar a busca de tratamento adequado”, pontua.

Leia também: É preciso criar anticorpos emocionais para lidar com traumas

Dia de Prevenção ao Suicídio

O Dia Mundial da Prevenção do Suicídio acontece anualmente em 10 de setembro. A ação organizada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) é endossada pela OMS.

Em 2023, a data teve como tema “Criar esperança através da ação”, que enfatiza a necessidade de unir diversos setores da sociedade para enfrentar este problema de saúde pública.

A data também promove conhecimento para lidar com a automutilação.

A campanha destaca que medidas preventivas podem ser tomadas por familiares, amigos, colegas de trabalho, membros da comunidade, educadores, líderes religiosos, profissionais de saúde, responsáveis políticos e governos.

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“Um dos desafios na avaliação e prevenção do suicídio é a identificação rápida e o diagnóstico de questões psiquiátricas. Sabemos que praticamente 100% das pessoas que cometeram suicídio tinham transtornos não tratados ou não diagnosticados”, diz Geraldo.

Sinais de alerta do suicídio

Alguns comportamentos merecem atenção, incluindo o isolamento social, mudanças de humor repentinas e sem causa aparente.

Outro ponto de atenção é o aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas.

Estas manifestações podem ser tanto agressivas, demonstrando irritabilidade, ou relacionadas ao fim da vida.

Pessoas sob risco costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum. Além disso confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima ou mostram uma visão negativa de sua vida e futuro.

Para alguns, a expressão de ideias ou intenções suicidas pode ser mais evidente e verbalizada em frases como “Quero desaparecer”, “Vou deixar vocês em paz”, “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar” ou “Nada vai mudar, eu só quero por um fim nisso”.

Como agir

Diante desses indicativos, é possível ajudar.

O primeiro passo é encontrar um momento apropriado e um lugar calmo para conversar e ouvir. A partir daí, é importante manter contato para acompanhar como o indivíduo está se sentindo.

Incentivar e ajudar a pessoa a procurar ajuda profissional também faz parte das estratégias. Diante de perigo imediato, evite deixá-la sozinha e assegure-se de que ela não tenha acesso a meios para provocar a própria morte.

Em casos de urgência, podem ser acessados serviços como Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h), SAMU (número 192), além de hospitais e pronto-socorros.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades Básicas de Saúde (UBS).

O Centro de Valorização da Vida (CVV) está disponível 24 horas pelo número 188 (ligação gratuita).

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