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Pesquisa mapeia atenção à saúde mental nas empresas brasileiras

Levantamento com profissionais de RH revela os principais desafios para garantir o bem-estar dos funcionários num cenário de pandemia e inseguranças

Por Diogo Sponchiato
5 Maio 2021, 10h01
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  • Home office da noite para o dia, diluição das fronteiras entre vida profissional e pessoal, uso constante do WhatsApp para falar com os colegas e a chefia, reuniões virtuais, metas a cumprir em meio a uma crise econômica… É de imaginar que a saúde mental do trabalhador brasileiro tenha sido balançada pela pandemia da Covid-19 e pelo tão citado “novo normal”. Nesse contexto, uma pesquisa recém-divulgada ajuda a mensurar o tamanho dos desafios e a urgência da pauta.

    Conduzido pela Kenoby, uma startup de seleção e recrutamento digital, o levantamento ouviu 488 profissionais de RH pelo país, a maioria atuando em empresas com até 500 funcionários. Os dados, colhidos entre fevereiro e março de 2021, refletem como as companhias estavam e estão se preparando para lidar com o bem-estar mental dos colaboradores durante e após a pandemia.

    Chama a atenção que 93% dos profissionais ouvidos acreditam que falta um olhar das empresas para o tema. E praticamente um terço relata que elas não levam essa questão em consideração ao avaliar as expectativas dos funcionários.

    “Sabemos que as pessoas estão adoecendo mentalmente e prova disso é o aumento na busca por apoio psicológico via telemedicina. Nosso objetivo foi mapear, na esfera do trabalho, as dores e desafios nas corporações e quanto elas estão preocupadas com a saúde mental dos colaboradores”, resume Felipe Sobral, diretor de marketing da Kenoby. “A pesquisa nos mostra que as empresas estão mais atentas a essa questão, porém temos um longo caminho a percorrer. E a pandemia acabou acendendo uma luz de alerta”, avalia.

    O estudo indica que 60% das companhias pretendem contratar uma pessoa ou criar um departamento para cuidar do bem-estar mental, só que mais da metade dos profissionais não sabe dizer quando isso vai acontecer. O achado ganha um verniz de preocupação se observarmos que 67% das empresas do levantamento tiveram colaboradores afastados por algum problema emocional. “A falta de previsibilidade quanto à estruturação de uma área voltada à saúde mental no curto prazo é o ponto que mais nos surpreendeu”, analisa Sobral.

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    Na visão dos profissionais de RH ouvidos, a principal razão por trás de conflitos e danos mentais no ambiente corporativo é a falta de diálogo da liderança (19,1%), praticamente empatada com assédio moral e constrangimentos (18,9%) e falta de diálogo com o colaborador (18,7%).

    Então como se constrói uma solução para esse cenário? “O diálogo é o primeiro passo. A empresa precisa estar aberta a ouvir o colaborador, saber suas dificuldades, medos e aflições. Na régua de prioridades, o que vem primeiro: plano de metas ou programas de bem-estar?”, diz Sobral. O diretor da Kenoby nota avanços nesse sentido, com companhias oferendo academia, aulas de mindfulness, rodas de conversa, terapia, entre outras práticas.

    “Porém, para a mudança ser efetiva, tem de ocorrer primeiro no modelo e na cultura de trabalho. E isso depende também de um diagnóstico sincero, em que a empresa passa a entender o que é saúde mental para os funcionários, sua relação com os líderes, se eles têm condições de trabalhar em casa”, argumenta.

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    Esse novo olhar, baseado em muita escuta, se estende aos novos modelos de trabalho impostos pela pandemia. “É importante que as empresas percebam que o formato home office não significa produzir menos. Pelo contrário, precisamos nos preocupar se esse modelo pode levar o colaborador a uma exaustão e ter reflexos negativos em sua saúde e produtividade”, avalia Sobral.

    O aumento na demanda por cuidados mentais é um assunto que deve ganhar maior prioridade na agenda das empresas. Pela pesquisa da Kenoby, 38,7% das corporações não dispõem de benefícios voltados a melhorar a saúde emocional e o bem-estar dos funcionários, mas estudam a possibilidade de adotá-los; 37,7% já incorporaram; e 23,6% ainda não têm nem os colocam como prioridade para este ano. “A segurança psicológica é um tema que vem sendo colocado na mesa, mas precisamos colocá-lo em prática”, defende Sobral.  

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