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O sistema de faxina cerebral

Descoberto há uma década, ele pode mudar a compreensão e o combate de doenças neurodegenerativas

Por Diogo Sponchiato
21 jul 2022, 08h48
foto de cérebro de plástico numa banheira
Sistema glinfático varre detritos do cérebro e atua sobretudo quando dormimos.  (Foto: GI/Getty Images)
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Nosso cérebro possui um serviço especial de limpeza, conhecido tecnicamente como sistema glinfático.

Decupando o nome, fica mais fácil entender o que ele faz. Glinfático é a junção de “glia”, um grupo de células do sistema nervoso que trabalha para fazer uma faxina no pedaço e resguardar os neurônios, com “linfático”, referência à rede que drena impurezas do organismo e mantém e disponibiliza células de defesa diante de um pedido de socorro.

Esse sistema engenhoso e ainda pouco compreendido do corpo humano protagonizou uma das sessões do Congresso de Cérebro, Comportamento e Emoções, em Gramado.

Na ocasião, o neurologista Manoel Sobreira Neto, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), contou o que já se sabe e o que se especula em torno do sistema glinfático, descrito pela primeira vez há dez anos por Maiken Nedergaard e Jeffrey Iliff, pesquisadores da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos.

A descoberta foi feita em ratos, cujo cérebro é biologicamente semelhante ao nosso, e depois confirmada em humanos — trabalho que, na visão de Sobreira Neto, coloca os dois cientistas como candidatos a um Prêmio Nobel.

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O professor da UFC explicou que o sistema glinfático é provavelmente essencial para varrer proteínas cujo acúmulo está por trás de doenças como Parkinson e Alzheimer — e seu desempenho pode modular a apresentação desses quadros.

Existe a perspectiva de que, no futuro, medicamentos possam ser criados para potencializar o trabalho do sistema glinfático e tratar problemas neurodegenerativos, impedindo sua evolução e piora.

Mais atividade no sono

A ideia de que boas noites de descanso fazem uma faxina mental tem lá sua validade científica, inclusive se pensarmos no sistema glinfático. Pois tudo leva a crer que ele trabalha em dobro quando estamos dormindo.

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“O sistema glinfático pode nos ajudar a explicar por que transtornos do sono, como a apneia, aumentam o risco de degeneração do sistema nervoso”, comentou Sobreira Neto em sua exposição no congresso.

Mas há muito a destrinchar nesse terreno: por exemplo, até que ponto há uma relação de causa e efeito ou coexistência entre esses fenômenos?

+ LEIA TAMBÉM: Poluição sonora afeta o cérebro e outras regiões do corpo

Por dentro do sistema

ilustração da glia e do sistema linfático
(Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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ilustração do sistema glinfático
(Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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