Os Brigadistas da Saúde Mental começaram a tomar forma nessa indústria automotiva em meados de 2020 diante do cenário de instabilidade e luto provocado pela pandemia.
“Na época, o número de afastamentos por licenças médicas psiquiátricas triplicou em relação aos anos anteriores. Vimos que precisávamos ajudar nossos colaboradores a evitar uma deterioração da saúde mental”, conta Christian Cetera, diretor de Recursos Humanos da General Motors na América do Sul.
A empresa recrutou experts como o psicanalista Christian Dunker, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), e iniciou um processo de sensibilização e formação de funcionários com o objetivo de eles propiciarem uma escuta ativa dentro da companhia.
“Nos baseamos em três conceitos usados no SUS, partindo do mapeamento do território e de quais são seus problemas e da ideia de que precisamos de tempo, espaço e condições para lidar com o sofrimento psíquico”, explica Dunker.
Enquanto se avaliam os resultados, Cetera adianta que eles já registraram até casos de prevenção de suicídio.
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Preparo para a escuta
Professor Christian Dunker resume a abordagem e os conceitos utilizados na General Motors
O território: antes de os funcionários serem treinados para acolher e escutar os colegas, é feito um levantamento do contexto local, de suas condições e recursos, inclusive comunitários.
A rede: são os caminhos para acolher a pessoa, lançando mão das suas conexões com os outros e de recursos formais (como psicoterapia) e informais (família).
O cuidado: engloba as atitudes capazes de enfrentar o sofrimento psíquico, incluindo aquele ligado ao trabalho, antes que ele evolua para sintomas ou quadros mais sérios.