Encontro marcado com Freud
Livro do jornalista Alexandre Carvalho descomplica os conceitos do pai da psicanálise. E outro lançamento se debruça sobre o complexo de Édipo
Pode-se até não concordar com o psiquiatra austríaco Sigmund Freud (1856-1939), mas não dá para negar que esse sujeito é um divisor de águas no estudo da mente humana, reverberando até hoje em áreas que vão da medicina à filosofia.
Freud elaborou uma das teorias mais influentes da história e estruturou uma prática para lidar com os sofrimentos psíquicos, a psicanálise. Para estreitar contato com sua vasta obra, cheia de conceitos (por vezes complexos) e ideias (frequentemente provocantes), vale a pena aceitar o convite do escritor e jornalista Alexandre Carvalho em seu Freud sem Traumas (Leya).
Numa prosa clara e saborosa, ele traduz e traz para o dia a dia as noções freudianas, acompanhando a trajetória do pai da psicanálise, seus feitos, controvérsias e repercussões na investigação da psique — um caminho que se cruza, nos dias de hoje, com uma ala da neurociência.
Ideias que fizeram história
Freud criou uma disciplina que, além de propor um processo terapêutico, influenciou vários campos do conhecimento. Entenda alguns conceitos
- O inconsciente: está na base da teoria freudiana: é aquela área da mente que não controlamos nem acessamos à vontade.
- Palavras e sonhos: o médico elabora um método de tratamento guiado pela palavra, em que os sonhos são janelas para o inconsciente.
- Isso, Eu e Super-Eu: é uma das divisões da psique propostas por Freud. Flutuam da inconsciência à consciência moral.
- Princípio do prazer: o ser humano é movido por ele e pelas pulsões sexuais desde a infância — conflitos aí geram neuroses.
- Pulsão de morte: o psicanalista diz que não há só a força do prazer, mas também uma tendência destrutiva no homem.
Freud sem Traumas
Autor: Alexandre Carvalho
Editora: Leya
Páginas: 258
Para decifrar o Complexo de Édipo
Eis outro conceito-chave de Freud. Inspirado na tragédia grega do personagem que mata o pai, se casa com a mãe e cai num abismo existencial, o psiquiatra formula a ideia de que, na infância, tendemos a criar um desejo por um dos nossos genitores e um conflito com o outro — o exemplo clássico é o do menino que quer só para si a mãe e se ressente com o pai.
Trata-se de um fenômeno com implicações psíquicas e sociais extensas e profundas. E um mapa da mina para entendê-lo é o livro O Complexo de Édipo (Aller Editora), do psicanalista Ivan Ramos Estevão. Além de resumir as origens e consequências do conceito na clínica, o autor explica sua releitura por outra figura seminal da psicanálise, o francês Jacques Lacan (1901-1981).
O Complexo de Édipo
Autor: Ivan Ramos Estevão
Editora: Aller
Páginas: 112