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Covid-19 grave aumenta risco de doença mental depois da alta hospitalar

Os pesquisadores acompanharam a evolução de 425 pacientes entre seis e nove meses após a internação por meio de entrevistas e testes psiquiátricos

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein*
1 jun 2022, 12h41
Foto de mulher com máscaras cobrindo o rosto e expressão de assustada, simbolizando que Covid causa depressão e ansiedade
Depressão e ansiedade seriam mais comuns após um caso grave de Covid-19. (Foto: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Pacientes que tiveram Covid-19 moderada ou grave apresentam alta prevalência de transtornos psiquiátricos como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático, além de perdas cognitivas relacionadas a memória e atenção, meses depois da alta hospitalar. Isso é o que mostra um estudo conduzido pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, publicado no periódico General Hospital Psychiatry

O artigo apresenta resultados preliminares do acompanhamento de 425 pacientes avaliados entre seis e nove meses após a internação. Todos foram internados no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo entre os meses de março e setembro de 2020. Aqueles tratados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foram considerados graves e os demais, moderados. Para o estudo, foram submetidos a entrevista psiquiátrica e testes cognitivos.

Os achados apontam uma prevalência de transtorno mental comum de 32,2% neste grupo de pacientes pós-covid – um percentual maior do que o observado na população geral brasileira (21,1%).

+Leia também: Para que realmente serve a azitromicina?

A ação direta do coronavírus no cérebro, além da própria inflamação e das alterações de coagulação causadas pela doença, estaria por trás desses danos a longo prazo – a famosa covid longa. “Muito possivelmente o vírus provoca uma afecção direta no sistema nervoso central”, diz Rodolfo Furlan Damiano, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein e um dos autores da pesquisa. 

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Os cuidados

“Nas questões psiquiátricas, como depressão e ansiedade, temos observado uma boa resposta com os medicamentos usuais”, observa Damiano. 

Em relação à fadiga e aos sintomas cognitivos, como perda de memória, pouco se sabe ainda. Mas os médicos já têm algumas pistas: “Há os pacientes que se recuperam totalmente. Já naqueles com doenças degenerativas, como o Alzheimer, a Covid pode acelerar sua progressão”, observa. Nesse cenário, a recuperação se torna mais desafiadora. 

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Os resultados do estudo ressaltam a importância da vacinação para reduzir os danos causados pela doença. “Sabe-se que o impacto da Covid é muito menor nos casos leves”, complementa Damiano. 

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Depressão no mundo

No primeiro ano da pandemia, houve um aumento global de 25% nos casos de depressão e ansiedade, segundo um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além da doença em si, condições como o isolamento social, perdas financeiras, medo e luto estão por trás desse crescimento. 

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“Um grande estudo recente, publicado na revista The Lancet, mostra que, em países de baixa renda, apenas 27% dos pacientes com depressão têm acesso a serviços de saúde mental. E só 6% deles têm acesso ao tratamento farmacológico e psicoterápico adequado”, diz o psiquiatra Luiz Zoldan, também do Hospital Israelita Albert Einstein.

*Este conteúdo foi produzido pela Agência Einstein

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