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Variante Delta reforça a importância do uso correto de máscaras

A alta capacidade de filtragem da PFF2 faz dela a preferida entre os especialistas, mas utilizar os demais modelos de forma adequada também é eficiente

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 18 ago 2021, 15h03 - Publicado em 16 ago 2021, 19h25

A necessidade de usar corretamente as máscaras é reafirmada com a chegada da variante Delta do coronavírus, que pode ser até 40% mais transmissível do que a Alfa, segundo estudos. Para se proteger dela, o ideal é optar pelo modelo PFF2 (ou N95), principalmente em situações de maior risco. Mas é possível criar estratégias com o que se tem na mão – seguindo algumas regrinhas básicas de segurança.

“A Delta é mais eficiente em infectar pessoas. Ou seja, não é preciso ter uma grande quantidade de vírus no ar para alcançar alguém, e uma pessoa contaminada pode levar a doença a mais gente”, explica Carlos R. Zárate-Bladés, pesquisador do Laboratório de Imunorregulação do centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina.

As máscaras PFF2 são unanimidade entre os especialistas. “Elas são consideradas melhores porque bloqueiam partículas pequeninas expelidas pela respiração ou fala, até menores que as gotículas, que ficam suspensas no ar e transmitem o vírus. Outra característica é que fixam bem no rosto. Com isso, podem provocar desconforto e, aí, a pessoa acaba mexendo demais na máscara. Isso tende a reduzir sua eficácia”, ressalta Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros, coordenador científico da Sociedade Paulista de Infectologia.

Esse é o melhor tipo de máscara para usar em situações de alto risco, como transporte público e outros ambientes fechados e públicos, com significativa circulação de pessoas. Mas ela não protege por longas horas de trabalho. “Vale o bom senso. Quando a pessoa tem muito contato e fala bastante, como um caixa de banco ou recepcionista, é recomendável que troque a máscara a cada seis horas”, afirma Zárate-Bladés.

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Já as máscaras de pano até podem ser mais confortáveis, mas não filtram tão bem. Mesmo que estejam bem ajustadas ao rosto, a trama do tecido deixa espaços grandes o suficiente para as tais gotículas passarem. Há especificações técnicas divulgadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para garantir que esses modelos dificultem a passagem, mas nem sempre essas regras são seguidas. “O ideal é que tenham três camadas com tecidos diferentes e que sejam bem adaptadas e aderentes ao rosto, cobrindo boca e nariz”, orienta Medeiros.

A primeira camada, que entra em contato com o rosto, deve ser de um tecido absorvente, como o algodão; a segunda, de um tecido sintético que sirva como filtro; e, a terceira, de um material impermeável como o poliéster.

As máscaras cirúrgicas descartáveis são boas no quesito filtragem, mas podem deixar espaços nas laterais. Fora que absorvem mais a respiração, reduzindo seu tempo de uso. “Não há muitos estudos, mas recomenda-se que ela seja utilizada por cerca de quatro horas. Se a pessoa trabalha com ela, deve fazer a troca na hora do almoço”, indica o médico da SPI.

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erros básicos que devem ser evitados ao usar qualquer tipo do acessório, como tocar o rosto, usá-lo no queixo ou deixar boca ou nariz descobertos.

+ LEIA TAMBÉM: A nova geração de máscaras faciais

Relação custo-benefício

O preço costuma ser apontado como limitador para a compra das PFF2, mas há modelos para todos os bolsos. O site sem fins lucrativos PFF para Todos indica lojas confiáveis em todo o Brasil, algumas com valores na casa dos R$ 3 por unidade. As máscaras podem ser reaproveitadas, desde que fiquem ao menos três dias expostas em um ambiente arejado.

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As cirúrgicas saem mais em conta porque são vendidas em grandes quantidades. Elas exigem mais trocas, mas fica mais fácil fazer um estoque. Já as de pano até podem ser mais econômicas por permitirem várias lavagens, mas, nesse caso vale investir em um modelo com diversas camadas e sem costuras no meio para não abrir mão da segurança, ainda mais quando há uma variante mais transmissível em circulação.

O que considerar na hora de escolher?

Cada tipo de situação tem uma máscara mais indicada. Estudar os momentos e fazer as contas é a melhor forma de se proteger e economizar.

“Quando levo minha filha na escola, não tenho contato com ninguém e é um lugar bem aberto. Nesse momento, uso uma de pano, enquanto deixo as outras descansarem em casa. Se preciso ir ao mercado em horário de pico, coloco a PFF2”, exemplifica o imunologista Zárate-Bladés. Transporte coletivo, supermercado, bancos e ambientes de trabalho fechados são algumas situações consideradas perigosas.

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“O maior risco de contágio tem acontecido também no momento das refeições. O ideal é pegar o alimento, deslocar-se para um lugar com menos pessoas e tirar a máscara depois”, afirma o médico Antonio Bandeira, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). “É recomendável guardá-la em lugar seguro enquanto se alimenta por que, uma vez que ela suja, já deve ser descartada”, completa o médico.

Aqui vai um resumo simplificado das indicações: “Eu estimularia a utilização global das máscaras de tecido no trânsito das pessoas ao ar livre, a cirúrgica para locais com mais gente e menos ventilação, como ambientes hospitalares ou farmácias. Já a PFF2 em locais de aglomeração e sem ventilação”, defende Medeiros.

+LEIA TAMBÉM: As descobertas e as lições da variante Delta do coronavírus

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Combinação de máscaras pode?

Não há consenso sobre a prática de combinar as de pano com as cirúrgicas, recomendada pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Para Bandeira, da SBI, essa dica na verdade aumenta a chance de a pessoa usar de forma inadequada, tendo que tocar o rosto mais vezes para ajustar. “Lugares que adotaram esse tipo de estratégia tiveram maior índice de contaminação”, relata o médico da SBI.

Já o imunologista Zárate-Bladés acredita que usar a máscara corretamente é sempre o mais importante. “Se a pessoa se sente segura e sabe que não vai manipular a máscara, ela pode colocar a cirúrgica por baixo e a de pano por cima. Ou, ainda, usar a de pano por baixo e aproveitar a mesma cirúrgica mais vezes, porque essa terá pouco contato com o rosto e não ficará umedecida”, ensina o médico.

Como cuidar das máscaras

  • PFF2: após o uso, coloque em um recipiente seco, como um envelope de papel. Em casa, pendure em um local arejado até reutilizar. Não é preciso (e nem indicado) higienizar com nenhum produto.
  • Pano: esfregue com as mãos utilizando água e sabão e deixe secar bem. Quando ela começar a ficar torta ou perder a elasticidade, é hora de substituir.
  • Cirúrgicas: jogue fora no lixo comum após o uso, de preferência dentro de um saco plástico para evitar contaminação.

Por quanto tempo usar cada uma:

  • A PFF2 pode ser vestida por até seis horas, depois deve ser trocada. Ela pode ser utilizada assim por até sete dias consecutivos, segundo Bandeira, ou é possível ter uma ou duas para cada dia da semana (a máscara de segunda, a de terça, a de quarta, e assim por diante). Os modelos com válvulas são considerados menos eficazes porque quem usa pode transmitir a doença.
  • A de pano perde eficiência mais cedo porque umedece rápido. É importante que ela tenha duas ou três camadas com tecidos diferentes, boa fixação e cubra a boca e o nariz.
  • As cirúrgicas são descartáveis, têm duração de mais ou menos quatro horas. Por isso, é preciso descartá-las e trocá-las com mais frequência.

Máscaras não agem sozinhas

Elas são uma ferramenta importante para impedir a transmissão do coronavírus e a evolução de suas variantes, no entanto, não fazem milagre. Mesmo com elas, manter o distanciamento social, realizar a higiene das mãos e receber as doses necessárias da vacina seguem fundamentais no combate à pandemia.

E, não custa repetir, o uso correto do acessório faz toda a diferença. “A maior urgência é mudar hábitos. É comum ver pessoas abaixando a máscara para falar ou coçar o nariz. Outras utilizando o modelo N95 com válvula. Além disso, ainda é preciso adotar o distanciamento social e evitar lugares aglomerados”, reforça Zárate-Bladés.

 

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