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Vacina da dengue só deve ser tomada por quem teve a doença

Em nova análise, farmacêutica descobre um pequeno risco de complicações após a imunização naqueles que nunca foram infectados com o vírus dessa doença

Por André Biernath
Atualizado em 14 fev 2020, 18h22 - Publicado em 30 nov 2017, 11h48
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  • O laboratório francês Sanofi Pasteur divulgou ontem (29 de novembro) uma mudança importante na bula da vacina contra a dengue. Aprovada no Brasil desde dezembro de 2015 e disponível apenas na rede privada, agora ela só é indicada para quem já teve contato com a doença, transmitida por meio de uma picada do mosquito Aedes aegypti.

    A farmacêutica notificou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que já emitiu uma nota com a nova recomendação em seu site. O órgão também disse que vai analisar os dados recentes para fazer a alteração na bula de papel, que vai na embalagem do imunizante e serve como guia de orientações para médicos e pacientes.

    O anúncio ocorreu após uma pesquisa em cima de dados coletados nos últimos seis anos. Nos indivíduos que não tinham sido infectados previamente, foi observado um maior risco de desenvolver uma forma grave da enfermidade no futuro, caso eles fossem picados pelo Aedes. Como existem quatro subtipos do vírus, a mesma pessoa pode ter dengue até quatro vezes na vida.

    De acordo com o achado, alguns indivíduos apresentaram febre, aumento de hemácias e diminuição de plaquetas no sangue, além de manchas roxas na pele e na gengiva. A probabilidade de desenvolver essas chateações foi 0,5% maior naqueles que nunca tiveram dengue . Em outras palavras, isso significa um total de cinco indivíduos com efeitos colaterais a cada mil vacinados e picados posteriormente.

    Arsenal de guerra

    Nas pesquisas que serviram de base para a aprovação da vacina, foram imunizados milhares de voluntários da Ásia, da América Latina e do Caribe. Os resultados mostraram uma proteção de 66% e uma redução nos casos graves de 93%. Recomendada pela Organização Mundial da Saúde, essa versão foi liberada em muitos países (inclusive no Brasil) para sujeitos com mais de 9 anos e menos de 60.

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    Além do produto da Sanofi Pasteur, existe a perspectiva de que injeções similares sejam lançadas em breve. A mais avançada nas pesquisas foi criada numa parceria entre o Instituto Butantan, do Brasil, e os Institutos Nacionais de Saúde, dos Estados Unidos. Ela passa atualmente pela última fase de testes. Se der tudo certo, deve receber aprovação das agências regulatórias.

    A dengue é um sério problema de saúde pública em boa parte do globo. Todos os anos, são reportados 390 milhões de casos da doença no planeta. Além da vacina, a ciência aposta em outras estratégias para conter a ameaça, como mosquitos transgênicos ou inoculados com uma bactéria que impede a transmissão do vírus. Mesmo quando todo esse arsenal virar realidade, eliminar focos de água parada ainda continuará essencial para controlar essa praga.

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