Tomografia de baixa dose usa menos radiação e agiliza diagnóstico
Tecnologia moderna permite detectar câncer e doenças cardíacas com segurança e precisão

A tomografia computadorizada (TC) de baixa dose está mudando o cenário da medicina preventiva. Se antes o exame era associado a altos níveis de radiação, hoje já é possível obter imagens de alta qualidade com uma fração da exposição, tornando-o mais seguro — inclusive para exames periódicos.
Em alguns casos, a dose de radiação se assemelha à de uma mamografia, ou até menor.
Essa evolução se deve a avanços nos equipamentos, algoritmos de reconstrução de imagem mais sofisticados e protocolos ajustados para diferentes finalidades, como rastreamento pulmonar e avaliação do coração. O resultado é um exame mais eficiente, seguro e com grande potencial para salvar vidas.
Diagnóstico precoce do câncer de pulmão
A doença é uma das principais causas de morte por câncer no mundo, muitas vezes diagnosticado tardiamente. No entanto, estudos mostram que o rastreamento com tomografia de baixa dose em pacientes de risco — especialmente fumantes e ex-fumantes acima dos 50 anos — pode reduzir significativamente a mortalidade.
Com essa técnica, é possível visualizar nódulos muito pequenos nos pulmões que não seriam detectados por um raio-X convencional. Quando a doença é identificada precocemente, os tratamentos tendem a ser mais eficazes e menos invasivos, aumentando as chances de cura.
+Leia também: Câncer de pulmão: é hora de rastreá-lo
Coração também entra no radar
A TC de baixa dose também se mostra eficaz na avaliação do risco cardiovascular. O chamado escore de cálcio coronariano mede a presença de placas de cálcio nas artérias do coração, permitindo detectar sinais de aterosclerose antes mesmo do aparecimento dos sintomas.
Esse exame é especialmente útil em pacientes com fatores de risco, como colesterol alto, diabetes, histórico familiar de infarto ou AVC.
Com base nesses resultados, é possível personalizar a abordagem preventiva, seja com mudanças no estilo de vida, medicamentos ou acompanhamento mais rigoroso.
Quem deve fazer?
No caso do câncer de pulmão, o rastreamento por tomografia de baixa dose costuma ser indicado para:
- Pessoas entre 50 e 80 anos;
- Fumantes ou ex-fumantes com histórico de pelo menos 20 maços/ano;
- Ex-fumantes que pararam de fumar nos últimos 15 anos.
Para o escore de cálcio coronariano, as indicações incluem:
- Homens e mulheres a partir dos 40 ou 50 anos com fatores de risco;
- Histórico familiar de infarto ou AVC precoce;
- Colesterol alto, hipertensão ou diabetes.
Esses exames devem ser sempre indicados por um médico, com base em uma avaliação individual. O objetivo é orientar ações de prevenção e cuidado no momento certo.
Olhar para o futuro com antecedência
A tomografia de baixa dose é uma ferramenta poderosa para antecipar diagnósticos e agir antes que doenças graves se desenvolvam.
Ao reduzir os riscos da radiação sem comprometer a qualidade da imagem, essa tecnologia representa um avanço significativo na promoção da saúde.
Se você pertence a algum grupo de risco, converse com seu médico. Um simples exame pode revelar muito, inclusive o caminho para uma vida mais longa e saudável.
*Felipe Roth Vargas, médico radiologista intervencionista e membro da Brazil Health
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)