O terçol, chamado de hordéolo pelos médicos, é a inflamação de uma das glândulas dos olhos. Sua característica é uma bolinha vermelha que incomoda e, às vezes, coça. Ouvimos alguns oftalmologistas para saber como tratar e evitar esse problema e seus sintomas.
O que é o terçol
A viuvinha ou o hordéolo é uma inflamação que pode ser seguida de infecção por bactérias que ocorre em glândulas que ficam nas pálpebras.
Ela surge na parte interna da pálpebra, na glândula de meibômio (dentro da pálpebra) ou na parte externa (na base do cílio), quando as atacadas são as glândulas de zeis e moll. Essas estruturas são responsáveis pela produção de uma espécie de óleo que ajuda o olho a se manter hidratado e a produzir secreção.
“O terçol nada mais é do que uma inflamação provocada pelo entupimento de uma glândula e que gera sintomas como inchaço e dor. Ela é também a porta de entrada para infecções bacterianas”, esclarece Pedro Ferrari, coordenador do Vera Cruz Oftalmologia, em Campinas, interior de São Paulo.
Mas o que dispara esse quadro? Há alguns motivos, que podem inclusive atuar em conjunto. Em certos casos, o nascimento dos cílios, que se renovam a cada 90 a 120 dias, favorecem o quadro. Em outros, há um excesso de produção daquele óleo ou um mau funcionamento das glândulas. E até ácaros chamados de demodex que habitam nossos poros e gostam de visitar essa região colaboram para a irritação.
Outras causas do terçol
Quando esse problema surge de forma recorrente, cabe fazer uma investigação pormenorizada junto com o oftalmologista. “Pele com rosácea, blefarite [inflamação nas pálpebras], alergias e rinite deixam a região mais sensível e abrem espaço para infecções que disparam o terçol”, lembra Leôncio Queiroz Neto, médico oftalmologista do Instituto Penido Burnier.
A síndrome do olho seco também pode estar por trás disso. “Uma das suas causas é a dificuldade de produzir lágrimas. Porém a mais comum é síndrome do olho seco evaporativa, motivada pela mistura de ambiente seco, poluição, uso de ar condicionado e excesso de tempo olhando para telas”, relata Augusto Vieira, oftalmologista e gerente médico da União Química.
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Usar maquiagem fora da validade ou não remover o produto da forma correta também favorece o quadro. “Tenho atendido pessoas com cílios postiços aqui e os olhos inflamados. Produtos assim colaboram com a obstrução das glândulas”, acrescenta o médico do Instituto Penido Burnier.
Sintomas do terçol
- Pálpebra inchada e vermelha
- Geralmente, há uma pequena mancha de pus no centro da bolinha, que dá a sensação de cisco no olho
- Sensibilidade à luz
- Crosta ao longo da margem da pálpebra
- Lacrimejamento
Terçol é contagioso?
Não por si só. Ele surge em reação a algum processo inflamatório do próprio corpo. “Pense como uma espinha, que não tem como você transmití-la pelo toque”, esclarece Vieira. Mesmo que haja uma infecção, o raciocínio é o mesmo e não é possível ocorrer esse tipo de contágio.
Diagnóstico
Ao examinar o olho no consultório, o oftalmologista consegue afirmar se é terçol. “Temos aparelhos que servem como um microscópio. Conseguimos ver até onde a inflamação chegou”, pontua Vieira.
Como tratar o terçol
É sempre importante falar com um profissional de saúde para entender o que está originando o terçol. Enquanto a data da consulta não chega, é possível aplicar compressas mornas com gaze e soro fisiológico, três ou quatro vezes por dia, por 15 minutos, para reduzir a inflamação. Para acertar na temperatura, uma dica dos médicos é comprar bolsinhas de água quente específicas para os olhos.
O calor é uma forma de vencer o desconforto. Não à toa, gerações passadas usavam como simpatia passar a aliança de casamento na região. “O ouro ajuda a aquecer, porque transfere a temperatura muito rápido. Mas não é o ideal, uma vez que a joia pode estar contaminada”, lembra Vieira.
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Lembre-se: de maneira alguma toque ou tente estourar a bolinha. “Isso só piora o quadro”, pontua o oftalmologista Pablo Rodrigues, da Clinic Spot, em São Paulo.
Se não melhorar em três ou quatro dias, o médico pode receitar antibióticos e anti-inflamatórios em forma de colírio ou pomada, como ciprofloxacino, dexametasona e prednisolona.
“Casos mais graves e persistentes, que podem durar até 20 dias, têm indicação de remédios de via oral”, completa Queiroz Neto.
Quando o terçol é consequência de outra doença, o caminho do tratamento é diferente. “O mau funcionamento da glândula, por exemplo, é tratado com aplicação de luz pulsada, terapia também indicada contra blefarite intermitente e rosácea ocular ou na pele”, pontua Queiroz Neto.
Agora, caso apresente muitos episódios de repetição, o oftalmologista pode fazer uma biópsia. “Isso ajudará o médico a verificar se há um problema ocular mais sério”, completa Rodrigues.
Consequências da falta de tratamento
Sem o cuidado adequado, o terçol comumente se transforma em um calázio. “Ele resulta da obstrução do canal de uma das glândulas de meibômio”, afirma Queiroz Neto. Caso ele não seja desbloqueado, a pálpebra ganha um nódulo (granuloma) e, aí, é preciso passar por procedimento cirúrgico, que faz uma drenagem com anestesia local.
O calázio não é só uma consequência do terçol, ele pode surgir por conta própria. “O calázio geralmente não é doloroso. É uma protuberância que se desenvolve mais para trás na pálpebra do que um terçol. Ele é causado por uma glândula sebácea obstruída”, explica Rodrigues.
Como se prevenir do terçol?
- Mantenha as mãos limpas e evite tocar os olhos
- Lave as pálpebras e a base dos cílios com xampu de PH neutro, como os infantis
- Retire toda a maquiagem dos olhos antes de dormir
- Evite maquiar a borda interna das pálpebras
- Descarte maquiagens e cosméticos vencidos
- Não compartilhe maquiagem e outros cosméticos