Sabe aquela dor nas costas incômoda que aparece do nada, como um sinal de que algo não está certo? Que surge ao levantar do sofá ou ao se inclinar para pegar algo no chão? O que parece ser apenas um desconforto passageiro pode, na verdade, ser um problema associado à lordose.
Antes de tudo, é importante lembrar que as curvaturas da nossa coluna são divididas em três regiões principais: a primeira, lordose cervical (pescoço), a segunda, cifose torácica (parte superior das costas), e a terceira, lordose lombar (parte inferior).
“A lordose é a curvatura normal da coluna lombar. O problema, de fato, é quando a gente tem um aumento dessa curvatura”, explica Ricardo Teixeira, especialista em cirurgia da coluna pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da USP.
Existem dois tipos de alterações: a hiperlordose, quando a curva é exagerada, causando dores lombares, especialmente após longos períodos em pé ou sentado. E a hipolordose, quando a curvatura é reduzida ou quase inexistente, deixando a coluna estática, comprometendo a mobilidade.
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Sintomas da lordose
Os sintomas mais comuns destas condições incluem dores na região lombar, fadiga, perda de equilíbrio e dificuldade para realizar atividades que envolvem agachar ou levantar peso. A sensação de fraqueza muscular no abdômen também é frequente em casos mais graves.
“Se a lordose do paciente for uma deformidade ou uma alteração de alinhamento progressivo, pode resultar em compressão neurológica. Nesse caso, a dor pode irradiar para os membros inferiores. Uma dor do tipo ciática”, acrescenta Teixeira.
O que causa o desconforto?
Vários fatores podem influenciar as mudanças na curvatura da coluna, como condições congênitas, síndromes, fraturas, osteoporose e paralisia cerebral — que compromete os músculos e ossos. O processo natural de envelhecimento também é uma razão frequente.
Além disso, artrite, tensões musculares, calçados inadequados, obesidade e gravidez são outros elementos que podem levar ao incômodo. Exercícios realizados de maneira incorreta e a anteversão da pelve — alteração no posicionamento do quadril — também ajudam a provocar o desenvolvimento do problema.
Como é o diagnóstico
O diagnóstico é feito por meio de exames físicos e de imagem, como raio-X e ressonância magnética. Em termos gerais, uma curvatura lombar entre 30 e 60 graus é considerada dentro do padrão normal. No entanto, não há uma regra fixa, já que a classificação de hiperlordose ou hipolordose varia de acordo com as características de cada pessoa.
“Os estudos mais modernos mostram que, para entendermos qual é a curvatura adequada para cada paciente, é necessário analisar o equilíbrio do esqueleto como um todo. Ou seja, o funcionamento dos joelhos, dos quadris, a curvatura da coluna torácica e, por exemplo, se há cifose ou algum outro problema cervical”, relata o especialista.
Tratamento e prevenção de hiper e hipolordose
O tratamento depende da gravidade dos sintomas e da extensão da alteração na curvatura. Em alguns casos, fisioterapia, medicamentos e exercícios de alongamento são suficientes para aliviar o desconforto e corrigir a postura. Em outros, o uso de coletes ortopédicos pode ser necessário. As cirurgias, por sua vez, são indicadas apenas em situações extremas.
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A reeducação postural global (RPG) é uma técnica comumente utilizada para evitar o agravamento da lordose. O fortalecimento muscular também é parte fundamental do tratamento, ajudando a estabilizar a coluna e prevenir novos problemas.
Para prevenir problemas de lordose, a recomendação é praticar exercícios que fortaleçam a musculatura das costas e do abdômen, como pilates e ioga. Além disso, levantar objetos pesados com a técnica adequada, dobrando os joelhos, ajuda a proteger a coluna de sobrecargas.
Se forem percebidos sinais de dor ou desconforto, é importante buscar o acompanhamento de um especialista. Isso garante não apenas um diagnóstico preciso, mas também o início de um tratamento adequado.
Qual a diferença entre lordose e escoliose?
Essa pode ser uma confusão comum. Enquanto a lordose afeta a curvatura lombar ou cervical, a escoliose envolve um desvio lateral da coluna, que pode assumir a forma de um S ou C. É uma alteração que traz complicações estéticas, cardiorrespiratórias ou musculoesqueléticas.