Dificuldade para urinar, idas frequentes ao banheiro durante a noite e sensação de que a bexiga não esvazia. Entre homens acima dos 50 anos, estes são alguns sinais de que a próstata pode estar aumentando de tamanho.
Popularmente chamada de “próstata inchada” ou “próstata aumentada”, a condição é conhecida pelos médicos como hiperplasia benigna da próstata.
Este é um problema bastante frequente na população masculina. Aos 50 anos, metade deles pode apresentar o problema. A partir dos 70, a prevalência chega aos 90%.
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A seguir, entenda mais sobre a condição e conheça seus principais sintomas e tratamentos.
O que é a hiperplasia benigna da próstata?
É o aumento do tamanho da próstata a partir do crescimento do número de células na glândula.
A próstata é a glândula masculina responsável por produzir o líquido que compõe o sêmen e ajuda a nutrir os espermatozoides. Em geral, tem dimensões semelhantes a uma noz e pesa de 20 a 30 gramas. Mas, quando o problema surge, a estrutura pode atingir o tamanho de uma bola de tênis.
Localizada em frente ao reto e embaixo da bexiga,ela envolve a uretra. Isso explica por que o exame de toque retal é usado para averiguar suas condições e também por que o aparelho urinário é o que sofre mais com a hiperplasia.
É bom ressaltar que a hiperplasia não predispõe ou protege o indivíduo de desenvolver este câncer.
“A condição é benigna, ou seja, não há relação entre ela e o câncer de próstata“, afirma Carlo Passerotti, coordenador do Centro Especializado em Urologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Os especialistas indicam fazer exames regulares a fim de diagnosticar precocemente qualquer uma das condições e diferenciá-las. Até porque a hiperplasia causa seus próprios incômodos.
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Sintomas da próstata inchada
Nem sempre o inchaço da próstata traz problemas ou sintomas. Quando acontecem, eles envolvem principalmente alterações no fluxo da urina. Isso porque, quando aumenta de tamanho, a glândula comprime a uretra e a bexiga, dificultando a passagem do líquido.
Assim, os homens acometidos podem ter problemas para começar a urinar ou ainda sentir que a bexiga continua cheia — pois, de fato, está.
Como não é possível eliminar o xixi todo de uma vez, as idas ao banheiro se tornam cada vez mais frequentes, principalmente à noite.
Em casos mais graves, a hiperplasia benigna da próstata pode provocar complicações.
A pressão da próstata sobre o aparelho urinário pode provocar obstrução e retenção do xixi, sobrecarga aos rins, infecção e incontinência urinária, rompimento de vasos da uretra (com o aparecimento de sangue na micção) e dores no abdômen inferior.
Fatores de risco
As causas da hiperplasia benigna da próstata são desconhecidas, mas sabe-se que o envelhecimento é um fator importante para o seu aparecimento.
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A ciência aponta que as alterações hormonais desta fase podem estar relacionadas com o aumento da glândula.
A partir dos 30 anos, os níveis de testosterona apresentam um declínio de 1% ao ano, e essa queda se acentua ao envelhecer. Assim, a prevalência cresce conforme a idade avança.
Diagnóstico
O diagnóstico da próstata aumentada é feito a partir do relato dos sintomas e por exames físicos e de imagem.
No exame de toque retal, o médico consegue tatear a próstata e encontrar possíveis alterações na forma e na consistência da glândula.
É um procedimento rápido, feito em poucos segundos, e que pode também ser útil na detecção do câncer de próstata, que atinge cerca de 65 mil brasileiros todos os anos.
Já recursos como a ultrassonografia e a ressonância magnética dão mais detalhes sobre o estado da glândula, informando suas exatas proporções e indicando a natureza das alterações. Em alguns casos, pode ser feita a biópsia do tecido aumentado.
O médico também pode indicar a realização de exames de sangue para averiguar a taxa de antígeno prostático específico (PSA).
Essa enzima pode estar alterada por vários motivos, como a prostatite (inflamação na glândula), a própria hiperplasia benigna da próstata e o câncer de próstata.
Por isso, resultados suspeitos neste teste devem sempre ser interpretadas com auxílio de outras provas e dados do histórico médico do paciente.
Tratamentos
O tratamento clínico inicial é feito com o uso de medicamentos.
“A principal classe utilizada é a de bloqueadores alfa-adrenérgicos”, cita Luis Rios, diretor do Serviço de Urologia do Hospital Público do Servidor Estadual. “Eles aliviam a contração dos músculos da próstata e ajuda a reduzir ou estabilizar seu tamanho.”
Diferentemente do que se propaga por aí, eles não necessariamente interferem na libido ou no desempenho sexual. Alternativas naturais, como fitoterápicos e suplementos, são vendidas na internet, mas as evidências científicas de eficácia deles são fracas.
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Caso o paciente não responda às abordagens iniciais, são recomendados procedimentos cirúrgicos.
A cirurgia mais comum é a de ressecção transuretral da próstata, que remove o tecido interno da glândula. Em raros casos, é feita a prostatectomia, ou seja, a retirada completa do órgão.
Abordagens cirúrgicas, no entanto, podem causar complicações como incontinência urinária e disfunção erétil.
Felizmente, técnicas novas e mais seguras já estão chegando às redes de saúde pública e privada do país. É o caso das cirurgias robóticas e de uma nova técnica, chamada Rezum, que corrige o problema ao vaporizar a próstata e promove uma rápida recuperação dos pacientes.