Em uma cidade grande como São Paulo, os poluentes atmosféricos abalam a saúde por diversos motivos: o sistema respiratório sofre, o risco de câncer aumenta e até o cérebro corre perigo… O que não se sabia é que eles também interferem na integridade do esperma — e, assim, contribuiriam para o aumento da infertilidade masculina.
Quanto maior o número de partículas suspensas no ar, menor o número de meninos concebidos. Foi o que descobriu um grupo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo ao cruzar dados da Cetesb, órgão que controla a qualidade do ar, com informações dos cartórios da capital paulista sobre nascimentos na cidade. Em 2006, por exemplo, nasceram 1 180 meninos a menos do que o número de meninas.
Ao que parece, a sujeira afeta a formação do cromossomo Y, responsável por definir o sexo masculino. E o comprometimento começa ainda dentro do testículo, enquanto os espermatozóides são fabricados. A boa notícia é que dá pra reverter o efeito. Basta melhorar a qualidade do ar.
A pesquisa, simples porém extremamente original, foi uma das primeiras do mundo a comprovar o impacto da poluição na reprodução humana. Não à toa, foi divulgada em mais de cem países e, em 2008, venceu a Categoria Saúde do Homem do Prêmio SAÚDE. Esse ano, a premiação revelará mais trabalhos inovadores da ciência brasileira – e você poderá votar nos finalistas. Conheça as categorias e jurados no site: https://premiosaude.com.br.