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Por que podemos perder o olfato?

Além da Covid-19, outras desordens atingem o complexo sistema que decifra os odores. Entenda como sentimos os cheiros e o que afeta essa capacidade

Por Chloé Pinheiro
28 abr 2021, 10h26
Ilustração de uma pessoa de lado com representações do cérebro e da cavidade nasal. A pessoa está cheirando uma flor
O olfato só funciona graças a mecanismos delicados e complexos.  (Ilustrações: Evandro Bertol/SAÚDE é Vital)
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Eis o caminho para que o organismo decifre os cheiros, do nariz ao cérebro:

1. Porta de entrada

O odor (bom ou ruim) é uma informação carregada por várias partículas, que ficam suspensas no ar até serem aspiradas pelo nariz. Lá, são retidas pelo epitélio, a camada de revestimento, e viajam até a parte superior da cavidade, que possui terminações nervosas com receptores para essas moléculas. O ser humano tem 400 tipos de receptores. Cachorros o dobro, e camundongos o triplo.

2. Transmissão de mensagens

As terminações são o início do bulbo olfatório, estrutura responsável por conduzir informações do nariz para o cérebro. Funciona assim: cada partícula de odor tem um formato específico. Quando elas se encaixam nos receptores, que são uma espécie de papila gustativa do olfato, geram impulsos elétricos que viajam pelo nervo olfatório até o cérebro, onde serão distinguidos.

3. Central de tradução

Os estímulos elétricos são recebidos pelo córtex olfatório e, de lá, são processados por diversas áreas. Tantas que a ciência ainda está mapeando essa rede. Mas se sabe que o hipotálamo e o lobo temporal, regiões da memória, e o sistema límbico, que gerencia emoções, leem as mensagens. É por isso que o cheiro desperta lembranças afetivas e alertas tão potentes.

4. Problemas em outros departamentos

As papilas gustativas da língua são bem limitadas. A maioria das características tão peculiares do gosto de um alimento vem do olfato. Quando o perdemos, até 95% do paladar pode ir embora junto.

Sistema olfatório
(Ilustrações: Evandro Bertol/SAÚDE é Vital)

Boi na linha

Obstáculos podem surgir das narinas até o fundo do cérebro. A barreira mais comum é a mecânica, em que desvio de septo, presença de pólipos (a famosa carne esponjosa) e crises de rinite ou acúmulo de catarro bloqueiam a passagem do odor. E é comum que traumas causados por acidentes lesionem os nervos, que são bem delicados. Mais raramente, tumores no bulbo olfatório ou em outras regiões prejudicam o olfato.

Outro problema são as inflamações que podem atingir o nervo ou suas células de suporte, que ficam ao redor. Se o desajuste for nas células, mais fácil a recuperação. É o que acontece, por exemplo, na Covid-19.

A perda de olfato da Covid-19

A anosmia (nome técnico da perda total) ocorre em até 90% dos infectados, segundo estudos da Universidade de São Paulo (USP). Em cerca de 45% dos casos, a deficiência ocorre por causa da inflamação, e tende a se resolver em semanas.

Para outros 43% são meses até o olfato voltar, devido a lesões nas células auxiliares, ao redor do nervo. Por fim, algo entre 1 e 2% das pessoas apresentam uma lesão no nervo em si, quadro mais grave e nem sempre reversível.

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A perda do olfato pelo coronavírus pode ser revertida. Uma das principais maneiras é por meio do treinamento olfativo. Kits com cheiros específicos, como rosas, café e outros, estimulam a reabilitação das células nervosas. É como se fosse uma fisioterapia mesmo.

Em alguns casos de Covid-19, quando a inflamação é o problema, os otorrinos podem prescrever corticoides para impedir lesões nos nervos. É possível ainda que haja uma causa subjacente (e corrigível) para o dano, como as barreiras mecânicas que mencionamos. Quanto menos tempo o nervo ficar sem estímulo, mais provável sua recuperação.

Da cabeça ao nariz

Pessoas com Alzheimer ou Parkinson costumam sofrer alterações na percepção de cheiros — estudos falam que até 80% dos portadores de Parkinson apresentam algum grau de perda do olfato. Tanto é que hoje se estuda a possibilidade de essas manifestações funcionarem como marcadores para identificar precocemente o surgimento dessas doenças.

Fontes: Fernando Gomes, neurocirurgião e professor da Universidade de São Paulo (USP); Richard Voegels, otorrinolaringologista e professor da USP; Gilberto Ulson Pizarro, otorrinolaringologista do Hospital Paulista; João Camurça, otorrinolaringologista do Hospital Cema (SP).

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