Por que as pessoas caem mais com o avançar da idade?
Entre 30 e 60% dos indivíduos acima de 65 anos sofrem quedas ao menos uma vez num período de 12 meses. Entenda as razões disso e como prevenir os estragos
Pode ser em casa, pode ser na rua: é fato que pessoas idosas estão mais sujeitas a quedas. Fraturas decorrentes delas, aliás, são uma das maiores causas de morte na terceira idade: 70% dos óbitos por acidente após os 75 anos estão ligados a tombos. Conversamos com a geriatra Mariana Bellaguarda Sepulvida, do Hospital São Luiz – São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, para entender o que aumenta o risco do problema e como evitá-lo.
Cérebro
Com o envelhecimento, o sistema nervoso pode perder a eficiência em certas habilidades naturais, como a coordenação motora, o equilíbrio e os reflexos. Isso afeta não só a movimentação pelos espaços mas também a capacidade de reagir a imprevistos.
Olhos
Problemas para enxergar de perto e de longe tendem a se acentuar com os cabelos brancos, reduzindo a nitidez dos obstáculos à frente. Além disso, não é raro ter de usar óculos com lentes bifocais, o que, até a devida adaptação, pode propiciar dificuldades ao caminhar — atenção nesse período!
Musculatura
A idade abre caminho à perda de massa e força muscular, a chamada sarcopenia. Ela acomete tanto os membros inferiores como os superiores e, não bastasse impactar a locomoção em si, afeta a reação e a proteção do corpo diante de um tombo, favorecendo danos maiores.
Ossos
Outra doença espreita, a osteoporose. Ela deixa os ossos mais porosos e fracos. Pode levar tanto a fraturas espontâneas — um osso quebra e a pessoa cai — como facilitar a ruptura de partes do esqueleto quando alguém vai ao chão. Fraturas de fêmur, por exemplo, demandam cirurgia e hospitalização.
Articulações
Ao envelhecer, as juntas também estão sujeitas a ficar mais emperradas e sofrer com inflamação e dor. Situações como artrose no joelho, portanto, são capazes de limitar os movimentos por aí e abrir caminho a tropeços e derrapagens nas ruas ou dentro de casa.
Medidas antiqueda
Felizmente, algumas estratégias reduzem pra valer o risco de acidentes. Veja quais são:
Casa adaptada
Primeiro: nada de móveis ou tapetes pelo caminho. Depois vale instalar barras no box do chuveiro e corrimão nos corredores e caprichar na iluminação.
Calçado certo
Sapatos mal ajustados e chinelos soltos demais nunca são indicados. Prefira os que ficam justos, são presos no calcanhar e têm sola antiderrapante.
Visão tinindo
Consultas anuais ao oftalmologista são bem-vindas para detectar e corrigir problemas que vão de catarata a presbiopia, assim como acertar nos óculos.
Ajustes nos remédios
O acompanhamento de um geriatra é crucial para identificar fatores de risco e alinhar o uso de medicamentos a fim de evitar efeitos colaterais e interações entre eles.
Atividade física
Exercícios orientados visando ao fortalecimento da musculatura e ao equilíbrio elevam a resistência a quedas e fraturas.
Dieta balanceada
É relativamente comum faltarem nutrientes caros aos ossos e aos músculos, como proteína e cálcio, com o avançar da idade. Tem que corrigir essa lacuna!
Comportamento
Jamais levante da cama com pressa. Faça em três tempos para evitar vertigens e tombos — o mesmo vale para o sofá ou a cadeira. Se for o caso, peça ajuda.
Ouvidos alertas
A perda auditiva pode aparecer e prejudicar a capacidade de estar atento ao ambiente à sua volta (sobretudo fora de casa). Um aparelho faz a diferença.