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Picada de aranha: quais os riscos e o que fazer

As aranhas estão nas cidades e na natureza, mas poucas são de fato perigosas. Entenda quando se preocupar e como agir diante de um acidente

Por Fabiana Schiavon
12 Maio 2023, 15h56

Aranhas podem ser bem assustadoras, mas nem todas elas são exatamente perigosas – os escorpiões dão bem mais motivos para temor. Porém, é importante saber quando se preocupar e como agir em caso de acidentes.

Os gêneros mais frequentes no Brasil são conhecidos popularmente como aranha-marrom, armadeira e viúva-negra.

“Essa trinca representa, mais ou menos, um time de cem espécies”, esclarece Rodrigo Hirata Willemart, biólogo e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP).

Os membros de cada gênero são bem semelhantes – o que pode mudar um pouco é a cor ou alguma outra característica mais sutil.

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Agora, juntando tudo mesmo, existem cerca de umas 50 mil espécies de aranhas pelo mundo – só que nem 1% delas é, de fato, perigosa.

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“Apenas 150 são de interesse médico, ou seja, causam preocupação devido à picada. Então, a esmagadora maioria é inofensiva para a gente”, relata Willemart.

Há aranhas que são mais assustadoras do que realmente ameaçadoras do ponto de vista da saúde, como caranguejeira, aquela peluda.

“Ela até tem veneno, mas serve apenas para imobilizar insetos e, assim, poder comê-los. E é uma quantidade de veneno que não afeta um ser humano”, esclarece o médico Ivan França, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

A viúva-negra, por sua vez, é conhecida porque mata o macho após o acasalamento, mas é menos fatal em acidente com pessoas.

Muitos acidentes, poucas mortes

Para desmistificar o perigo das aranhas, Willermat dá uma ideia do que realmente acontece por aí: “Durante 13 anos, tivemos 5 570 casos de picada e apenas três óbitos”, descreve.

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Para acontecer algo grave, é preciso uma soma de fatores: encontrar uma aranha perigosa, ter um contato ao ponto em que ela se sinta ameaçada, tomar efetivamente a picada e estar distante de um atendimento médico adequado.

Vamos, então, falar um pouco dos tipos que provocam mais acidentes. São aranhas que podem ser encontradas tanto na cidade como na natureza.

Aranha-marrom ou aranha-violino (Loxosceles)

aranha-marrom
(Foto: Carlito Canhadas/Pixabay/Divulgação)

Pode ter até 3 centímetros de comprimento total. São menos agressivas, mas vão picar quando se sentirem ameaçadas.

O mais comum é que isso ocorra quando elas são comprimidas contra o corpo – como no caso de estarem em roupas ou sapatos e vestirmos essas peças sem notarmos a presença delas.

Onde ficam: telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros, rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, porões e outros ambientes com pouca iluminação e movimentação.

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Sintomas da picada: na hora, ela quase sempre é imperceptível e, depois de um tempo, surge dor e áreas esbranquiçadas na região. Pode haver bolhas ou hemorragias pequenas. Em caso de agravamento, é possível apresentar febre, fraqueza muscular e vômito.

Armadeira ou macaca (Phoneutria)

armadeira_aranha

Com pernas longas, elas saltam até 40 centímetros de distância. São um pouco mais agressivas, mas também quando estão tentando se defender.

“Só ficar ao lado dela, sem nenhum movimento, não é sinal de perigo. Mas, se você bater a mão sem querer, por exemplo, ela vai atacar”, alerta o biólogo. Quando ela se sente ameaçada, levanta as patas dianteiras como aviso e pula em direção à vítima.

Elas são aranhas caçadoras, com atividade noturna.

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Onde ficam: sob troncos, palmeiras, bromélias e entre folhas de bananeira. Podem se alojar também em sapatos, atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos, materiais de construção, etc.

Sintomas da picada: o resultado mais frequente é a dor imediata, que pode se estender pelo membro afetado e dar uma sensação de formigamento ou queimação

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Viúva-negra (Latrodectus)

viúva-negra
(Foto: Chuck Evans/Wikimedia/Divulgação)

Até o nome assusta, mas elas não são agressivas. As fêmeas podem chegar a 2 centímetros e os machos são menores, de 2 a 3 milímetros. Têm atividade noturna e hábito de viver em grupos.

Onde ficam: fazem teias irregulares em arbustos, gramíneas, cascas de coco, canaletas de chuva ou sob pedras. São encontradas próximas ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como frestas, sob cadeiras e mesas em jardins.

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Sintomas da picada: Dor na região afetada, dor de cabeça e inchaço no local. Se agravar, há suor generalizado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.

O que fazer em caso de acidentes?

Qualquer pessoa deve procurar atendimento após o acidente.

Isso porque não é simples saber qual foi a aranha, o quão grave foi a picada ou se o corpo pode ter uma reação mais exagerada.

Crianças são as mais vulneráveis por uma questão de proporção: tamanho do corpo e quantidade de veneno.

“Existem soros para venenos de cada tipo, então é importante chegar informado sobre a espécie de aranha”, afirma o médico. Tirar uma foto ou levar o bichinho em um pote ajuda muito.

No site do Ministério da Saúde, há uma lista dos hospitais de referência e unidades de saúde especializados em atender pessoas que sofreram acidentes com animais peçonhentos Caso seja possível, vá direto para um deles.

“Em São Paulo, por exemplo, mandamos a imagem da aranha para o Instituto Butantan, que dá as instruções e nos envia o soro, se a unidade de saúde não tiver”, explica França.

+ Leia também: O que é chikungunya: quais os sintomas, o tratamento e a prevenção

Estatísticas de acidentes

Segundo os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, pouco mais de 1,2 milhões de acidentes por animais peçonhentos foram notificados entre 2017 a 2021.

Cobras e escorpiões aparecem em primeiro e segundo lugar, respectivamente, como causadores desses incidentes. Mas as aranhas despontam na sequência, representando 12,97% desses acidentes. Veja mais detalhes:

  • 23% deles foram com aranhas-marrons
  • 14% com a armadeira
  • 35% outras aranhas
  • 28% com aranhas não identificadas

Outro dado: 53% dos acidentes com aranhas ocorreram nas regiões Sul e Sudeste. A maior taxa de letalidade apresentada no período de estudo foi em Roraima (1,15%).

Fonte: Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação)

Como se proteger?

  • Mantenha jardins e quintais limpos. Não deixe acumular entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção
  • Evite folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas
  • Mantenha a grama aparada
  • Limpe periodicamente os terrenos baldios vizinhos
  • Sacuda roupas e sapatos antes de usá-los
  • Não coloque as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres
  • Dependendo da localidade, faz bem vedar soleiras das portas e janelas ao escurecer
  • Ainda dá para vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes. Conserte, ainda, rodapés despregados e coloque saquinhos de areia nas portas e telas nas janelas
  • Use telas em ralos do chão, pias ou tanques
  • Afaste as camas e berços das paredes para limpar
  • Para proteger as crianças, evite roupas de cama e mosquiteiros que encostem no chão
  • Quem vive na zona rural pode ter a proteção de lagartos, sapos, galinhas, macacos, que são inimigos naturais de aranhas e escorpiões. Deixá-los por perto é uma boa dica

Fontes: Ivan França, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Ministério da Saúde; Rodrigo Hirata Willemart, biólogo e professor da EACH-USP

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