Caso clássico da infecção urinária: vem aquela vontade de fazer xixi, mas na hora H saem só algumas gotinhas. O desejo não passa e, volta e meia, surge a dor. Se você nunca sentiu, certamente conhece alguém que já se queixou dela.
A cistite, como também é conhecida, é o problema de origem bacteriana mais comum no país. “Potencialmente, todos nós corremos o risco de ter a condição, porque as bactérias por trás dela já estão em nosso organismo”, explica a médica Leda Lotaif, diretora da Sociedade Brasileira de Nefrologia.
Ainda assim, a encrenca tem preferência pelo sexo feminino. Estimativas apontam que metade das mulheres terá pelo menos um episódio ao longo da vida – nos homens, o índice beira os 10%. A maioria dos casos é fruto de uma migração de micro-organismos que habitam normalmente o intestino e vão parar na uretra, o canal por onde escoa a urina. Nos meninos, a uretra passa dentro do pênis; nelas, termina na vulva. “A incidência é maior em mulheres justamente por fatores anatômicos, como o fato de a uretra ser próxima da entrada da vagina e do ânus”, explica a ginecologista Mariana Maldonado, que atua no Rio de Janeiro.
Quando o perrengue dá as caras – e nem sempre os sinais são muito claros -, os médicos costumam recrutar antibióticos para botar um fim na baderna microscópica. Mas é importante saber qual é o tipo de bactéria responsável por ela. Isso garante o tratamento certeiro e evita que, sem querer, outras espécies ganhem resistência. Ora, o uso indiscriminado de antibióticos, inclusive na criação de animais, virou questão de saúde pública. “Há um alerta mundial sobre o avanço de bactérias super-resistentes”, lembra o médico Carlos Henrique Suzuki Belucci, da Sociedade Brasileira de Urologia.
O sexo feminino e a infecção urinária
A uretra três vezes mais curta que a dos homens e sua proximidade do ânus tornam o palco ideal para a atuação das bactérias abusadas – boa parte delas vive lá nas bandas do intestino. Tudo isso explica também por que as mulheres encaram mais infecção urinária de repetição: 20% delas têm mais de três episódios ao ano. O urologista Carlos Henrique Suzuki Belucci esclarece que outras condições, como constipação, pedras nos rins e diabetes, favorecem o aparecimento e a recorrência da cistite. Nas mulheres mais velhas, alterações hormonais da menopausa também podem propiciar o quadro.
Medidas protetoras
Após o sexo: urinar depois do ato sexual ajuda a limpar a uretra, por onde sobem as bactérias.
Na menopausa: a reposição hormonal pode minimizar o risco do problema. Mas é fundamental discutir os riscos e os benefícios com um profissional.
Nas infecções de repetição: o médico pode entrar com doses baixas de antibióticos por um tempo maior.
Até probióticos: alguns produtos com certas bactérias do bem ajudam a frear o vai e volta da infecção.