Óleo de semente de uva: o potencial para a cozinha e a saúde
Subproduto da fabricação do vinho, esse óleo contém gorduras boas para o organismo e é investigado por seu potencial de prevenir doenças

Extraído a partir dos resíduos da produção de vinho, o óleo de semente de uva tem chamado a atenção da indústria e da ciência por sua composição fitoquímica. Cerca de 10 a 15% das sementes que sobram desse processo são constituídas de óleos.
Como a extração do óleo de semente de uva é feita a frio, a maior parte das substâncias benéficas da fruta são preservadas, já que não são afetadas pelo calor ou por produtos químicos. Além de ser uma boa opção para uso culinário, esse tipo de óleo pode ser empregado em formulações cosméticas.
Na medicina tradicional, o óleo de semente de uva é usado para cicatrizar feridas – e a ciência já observou essa propriedade em estudos com ratos.
Apesar de pesquisas apontarem para o potencial da ação antioxidante, antibacteriana e cardioprotetora do óleo, a maioria das evidências é fruto de análises feitas apenas em laboratório ou em animais. Faltam investigações robustas para confirmar essas vantagens do óleo em humanos.
O que a ciência já provou sobre o óleo de semente de uva?
Talvez você já tenha se deparado com o óleo de semente de uva nos rótulos de cosméticos. As propriedades humectantes fazem desse óleo um bom ingrediente para produtos destinados a hidratar a pele e os cabelos. Ao reduzir a perda de água, óleos ajudam a manter a função de barreira cutânea e a hidratação da pele.
Essa ação se deve, em parte, ao resveratrol, antioxidante que ajuda a combater os radicais livres, que podem levar ao envelhecimento na pele. Ainda se investiga se o óleo pode ter efeitos de clareamento da pele, quando usado na via tópica.
Para a saúde, o principal potencial se deve à presença decompostos fenólicos, catequinas e carotenoides.
Em pesquisas com animais, o potencial anti-inflamatório, antimicrobiano e cardioprotetivo do extrato da semente de uva já foi detectado. Propriedades anticancerígenas ainda são investigadas em laboratório. Ou seja: os cientistas ainda não podem afirmar que o óleo de semente de uva é capaz de prevenir doenças crônicas em pessoas.
Assim, vale ter cautela ao interpretar resultados de pesquisas com o óleo de semente de uva. Embora o potencial do ingrediente seja grande, há pouquíssimos estudos em humanos – e a maioria é de tipo observacional, incluindo poucos participantes.
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Como incluir este óleo no seu cotidiano
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza o uso de óleo de semente de uva em suplementos alimentares. No entanto, desconfie de alegações milagrosas relacionadas ao óleo.
Para desfrutar dos benefícios que a ciência já mapeou, mesmo que eles fossem comprovados em humanos (o que ainda não aconteceu), seria necessário consumir quantidades exorbitantes do óleo, já que a concentração dos antioxidantes e substâncias é baixa.
O óleo também pode ser usado para preparos culinários, mas é menos comum nas prateleiras dos supermercados. Como o rendimento não é grande, este é um óleo vegetal de valor elevado. Mas sua composição de cerca de 90% de gorduras insaturadas faz dele uma opção saudável para cozinhar. Os ácidos linoleico e oleico são os principais responsáveis pelo valor nutricional do óleo.