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O que são opioides? Entenda a classe de medicamentos analgésicos

Eles aliviam dores que remédios vendidos sem restrição nem sempre conseguem combater, mas podem causar dependência se tomados por longos períodos

Por Sílvia Lisboa
12 jul 2024, 16h32
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Uso deve ser feito por pouco tempo e sob supervisão médica (LipikStockMedia/Freepik)
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Os opioides são uma categoria de medicamentos bem antiga, indicados para dores persistentes ou muito intensas que não são resolvidas por analgésicos comuns. Mas são, também, fármacos que exigem cuidado em função do risco de dependência.

Hoje, os opioides são responsáveis por uma epidemia de overdoses nos Estados Unidos. Segundo o Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA, as mortes causadas por abuso de opioides aumentaram quatro vezes em pouco mais de uma década. São mais de 200 óbitos por dia atualmente no país. Michael Jackson foi uma das vítimas famosas: uma combinação de opioides e sedativos provocou uma parada cardíaca no ídolo pop em 2009.

O risco se deve ao fato de que eles são derivados do ópio (daí o nome), um produto extraído da resina da papoula cuja origem remonta à Antiguidade. Ulisses descreve os efeitos de bem-estar da planta no clássico Odisseia.

Porém, quando usados de forma controlada e sob prescrição médica, os opioides têm sua utilidade e eficácia atestada pela ciência.

Tipos de opioides

Os mais conhecidos são a codeína, com baixo potencial para gerar dependência, e a morfina, usada para casos mais extremos. Mas existem muitos outros derivados receitados para dor grave crônica ou aguda:

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  • Oxicodona
  • Fentanila
  • Hidromorfona
  • Metadona
  • Tramadol
  • Heroína (a droga recreativa)

+Leia também: Cada vez mais reféns de remédios: um papo com a autora de “Nação Dopamina”

Evitando a dependência por opioides

Se usada por um curto período, nas doses adequadas, conforme prescrição médica, este tipo de medicação não causa dependência. Quem tem mais chance de fazer o uso abusivo são pessoas com dor crônica: vítimas de acidentes que tiveram múltiplas fraturas, indivíduos depressivos ou dependentes químicos são os mais suscetíveis.

Com o uso contínuo, o corpo se acostuma com a droga, e a pessoa começa a buscar uma dose mais elevada para obter os mesmos efeitos – e assim indefinidamente, o que caracteriza um uso abusivo.

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Dados da literatura médica dão conta que 10% dos indivíduos que têm dor crônica não oncológica (isto é, não associada ao câncer) são tratados com opioides. O abuso costuma ocorrer em 25% dos usuários de opioides por um tempo prolongado. A sensação de sedação e euforia que a droga provoca agrava a dependência.

+ Leia também: Precisamos tratar a dor direito e com respeito

Como fazer o “desmame” e tratar o uso abusivo de opioides

Para controlar tanto a dor quanto a dependência, os médicos recorrem à terapia de substituição (trocar por outra medicação equivalente, reduzindo a dose gradativamente) e, depois, terapia de manutenção (quando o novo remédio é tomado indefinidamente), aliado à psicoterapia.

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Os médicos afirmam que a síndrome de dependência consiste em um conjunto de sintomas fisiológicos, comportamentais e cognitivos, no qual o uso de psicoativos assume o centro da vida daquela pessoa.

Mas um quadro de abusos nem sempre é fácil de identificar, pois muitos pacientes não percebem — ou omitem de forma deliberada — uma situação de dependência. O relato de familiares pode ser necessário para confirmar o diagnóstico.

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