Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Mitos e verdades sobre uso e abuso de analgésicos

Entidade e especialista esclarecem diferenças entre cenário brasileiro e americano e onde é que costuma morar o problema aqui

Por Diogo Sponchiato
Atualizado em 5 mar 2018, 15h33 - Publicado em 15 jul 2016, 17h07

1.    O abuso de analgésicos opioides (morfina e companhia) é uma realidade global.
Mito. Embora os Estados Unidos enfrentem uma situação alarmante no que diz respeito ao exagero de opioides, o Brasil vive a situação oposta. Essas são drogas derivadas do ópio com um potente efeito para silenciar a dor, caso da morfina e da codeína. Ocorre que seu uso inadequado pode gerar dependência e danos à saúde — recentemente, a morte do cantor americano Prince ganhou os noticiários após ser atribuída a uma overdose de opioides.

A prescrição correta, no entanto, é crucial para tratar dores intensas ou incapacitantes, como uma crise de lombalgia ou incômodos provocados pelo câncer. Levantamentos estimam que 56% do consumo de morfina no mundo acontece em solo americano. A facilidade de acesso e prescrição por lá tem feito os EUA encabeçar o ranking no uso e no abuso dessa classe de drogas. Segundo a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), a realidade do nosso país é bem diferente: a taxa de uso de morfina pela população (medida para dosar quanto uma nação recorre ao medicamento) é 25 vezes menor que o valor considerado ideal, o que faz do Brasil um dos dez países que menos prescrevem opioides no globo.

Esse cenário, ainda de acordo com a SBED, é preocupante, uma vez que muitos cidadãos deixam de receber tratamento adequado e tem a qualidade de vida comprometida pela dor.

2.    Brasileiros se automedicam para tratar a dor e correm riscos.
Verdade. Opioides dependem de receita médica especial, mas muitos outros analgésicos (mais leves, é verdade) podem ser adquiridos em farmácia sem prescrição. Apesar de isso facilitar o acesso e a rapidez com que se resolve a dor, tantas vezes dá margem ao abuso. Segundo o anestesiologista Irimar de Paula Posso, presidente da SBED, o problema aqui ronda a utilização equivocada e constante de anti-inflamatórios não esteroides. De forma inadequada ou excessiva, a classe pode resultar em úlceras gástricas, lesões nos rins, entre outros perrengues. Daí a necessidade de investigar dores recorrentes e identificar com o médico o analgésico mais adequado. Nada de se jogar no mar de medicamentos à disposição nas drogarias.

Continua após a publicidade

3.    Morfina só é receitada em caso de câncer ou para doentes terminais.
Mito
. O especialista Irimar de Paula Posso relata que muitos pacientes e familiares se assustam quando, diante de dores mais fortes, o médico prescreve fármacos à base de morfina. De fato, eles não são a primeira escolha de analgésico, mas podem ser úteis quando o incômodo é incapacitante ou resistente a outras abordagens. A administração, porém, tem de ser acompanhada de perto pelos profissionais de saúde e, na medida do possível, restrita a períodos mais curtos para evitar efeitos como a dependência.

4.    A dor pode ser uma doença em si.
Verdade
.  “Dor é um sinal de alerta que avisa ao corpo que ele corre um risco, mas, uma vez que esse risco vai embora, não faz sentido o sinal continuar aceso”, explica Posso. Existem situações em que o estímulo doloroso se cronifica, ou seja, torna-se persistente e, às vezes, refratário aos primeiros contra-ataques terapêuticos. Isso depende de questões genéticas e até do mau uso de remédios, inclusive analgésicos. Nessas circunstâncias, a dor vira a doença alvo do médico e pode cobrar tratamentos que não ficam restritos ao arsenal medicamentoso. A dor é considerada crônica quando se prolonga por mais de três meses.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.