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O que é laqueadura e o que muda com a nova lei

Não há mais necessidade de contar com a autorização do cônjuge para o procedimento; mulheres são as que têm mais vantagens com a mudança nas regras

Por Fabiana Schiavon
20 set 2022, 13h13

Laqueadura é uma cirurgia feita para impedir que a mulher engravide. No homem, é a vasectomia que tem a função de torná-lo estéril. Graças a uma nova lei federal, aprovada no início de setembro, agora é possível passar por esses procedimentos sem a autorização do cônjuge. Até então, eles só podiam ser realizados com esse aval.

A esperança de médicos, homens e mulheres é que, com a mudança, as cirurgias fiquem mais acessíveis, principalmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O interesse deve ser grande. Um dia após a alteração da lei, a procura pela pergunta “O que é laqueadura” subiu mais de 100% na internet em comparação ao dia anterior. O Google Trends, que faz essa medição, ainda observou que tanto laqueadura como vasectomia estão entre as palavras mais buscadas junto à expressão “…pelo SUS”.

Mesmo com a inclusão dos homens e da vasectomia na lei, são as mulheres que mais comemoram. Entenda o motivo e como ficaram as regras.

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Quais as principais mudanças na lei?

Antes da nova regra, pessoas casadas precisavam ter ao menos 25 anos ou dois filhos, além da autorização do cônjuge, para fazer o procedimento. Os solteiros só podiam passar pela esterilização depois dessa idade e se já fossem pais.

Com a atualização da lei, a idade mínima para a realização da laqueadura ou da vasectomia caiu para 21 anos e não há mais a exigência de ter filhos nem consentimento do cônjuge. Já homens e mulheres com dois filhos podem passar pela esterilização voluntária em qualquer idade.

“Essa era uma demanda recorrente dos hospitais também, que faziam o procedimento sem autorização e acabavam processados pelo cônjuge”, explica Laísa Santos, advogada da área de Planejamento Patrimonial, Família e Sucessões e sócia do escritório Schiefler Advocacia.

A nova regra proporciona mais alguns benefícios às mulheres. Agora, elas podem fazer a laqueadura logo após o parto, sem precisar comprovar que teriam riscos à saúde com uma nova gravidez.

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Ter essa autorização deve reduzir pedidos de internação, custos médicos e até o perigo e o desgaste de a mulher ter de passar por uma nova cirurgia, avalia a advogada.

“Uma vez que a mulher já está sendo submetida a uma cirurgia como a cesariana, para que fazê-la passar por outro procedimento, como a laqueadura, com aumento de custos e riscos?”, questiona Domingos Mantelli, ginecologista e obstetra, em São Paulo. A mulher também pode aproveitar o parto normal parar fazer a esterilização.

“Ela pode acontecer de algumas maneiras, tanto pela via abdominal como por videolaparoscopia”, explica o ginecologista. Essa última é uma cirurgia feita a partir de pequenos furos no corpo e o uso de câmera. A recuperação tende a ser mais rápida e com menos dor.

+ Leia também: Como é feita uma videolaparoscopia

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Como solicitar a esterilização?

Mesmo com a redução da burocracia, as pessoas interessadas devem enfrentar a fila do SUS para essas cirurgias. “A espera já é uma realidade, mas a lei também prevê que o procedimento deve ser realizado em até 30 dias após o pedido. Se isso não acontecer, é possível fazer valer esse direito na Justiça”, aponta Laísa.

O que leva mais tempo é o anúncio da manifestação de vontade e o pedido oficial da cirurgia, que tem uma espera de 60 dias. “Nesse prazo, a lei prevê atividades que buscam desestimular a realização do procedimento, como contato com assistentes sociais e psicólogos. A abordagem depende, claro, da idade do indivíduo e se a pessoa já têm filhos”, explica a advogada.

Como se trata de uma decisão importante, esses dias servem para que o interessado reflita bem, até porque os motivos para buscar a esterilização variam de pessoa para pessoa.

Há quem opte pela cirurgia porque a gravidez tem chances de ser arriscada. “Mulheres cardíacas podem ter complicações que levam à morte, por exemplo. Mas quando se trata de alguém jovem e saudável, eles precisam ser ouvidos por profissionais antes do procedimento”, defende Mantelli.

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O que é laqueadura e quais são os riscos?

A cirurgia é considerada simples. Ela dura, em média, 40 minutos, e requer até três dias de internação, segundo instruções do SUS.

Os riscos são iguais aos de qualquer cirurgia de pequeno porte: hemorragia e infecção hospitalar. “O que pode interferir mais são os hábitos da mulher, comorbidades e situação da imunidade, por exemplo”, explica Mantelli.

A cirurgia é feita nas trompas, aquele corredor em que os espermatozoides correm para chegar ao ovário e encontrar os óvulos. Nesse procedimento, o médico amarra ou corta essa conexão.

O que é vasectomia e quais são os riscos?

No caso do homem, o médico corta e liga os ductos deferentes, dois pequenos tubos que saem de cada um dos testículos e por onde passam os espermatozoides no momento da ejaculação.

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Cerca de 60 dias após a cirurgia de esterilização o paciente é orientado a colher um exame de esperma (o espermograma) para atestar a eficácia do procedimento. Durante esse período, alguma outra forma de contracepção deve ser utilizada.

+ Leia também: Vasectomia: entenda o que é e se dá para reverter e refazer depois

Como o volume de espermatozoides corresponde apenas a cerca de 1% do volume do sêmen, o homem que se submete à vasectomia continua ejaculando normalmente, sem alteração no volume de sêmen que sai do corpo.

A cirurgia de vasectomia também não altera a produção do hormônio masculino, a testosterona, nem prejudica a ereção e a micção. Por isso, não há qualquer interferência na libido (desejo sexual), na rigidez do pênis durante o ato sexual ou na forma como o indivíduo urina.

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