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Vasectomia: entenda o que é e se dá para reverter e refazer depois

Médico esclarece as principais dúvidas sobre como é feita essa cirurgia, que impede o homem de ter mais filhos, e as taxas de sucesso de sua reversão

Por Dr. Henrique Rodrigues, urologista*
Atualizado em 10 set 2020, 19h19 - Publicado em 4 mar 2020, 13h20

Como é feita a vasectomia? É um método de contracepção eficiente e seguro. O procedimento é bastante simples e feito com anestesia local. Consiste em cortar e ligar os ductos deferentes, dois pequenos tubos que saem de cada um dos testículos e por onde passam os espermatozoides no momento da ejaculação. Dessa forma, eles não conseguem chegar ao corpo da parceira.

Cerca de 60 dias após a cirurgia, o paciente é orientado a colher um exame de esperma (o espermograma) para garantir a eficácia do procedimento. Durante esse período, alguma outra forma de contracepção deve ser utilizada.

Como o volume de espermatozoides corresponde apenas a cerca de 1% do volume do sêmen, o homem que se submete à vasectomia continua ejaculando normalmente e não há nenhuma alteração no volume de sêmen que sai do corpo.

A cirurgia de vasectomia também não altera a produção do hormônio masculino, a testosterona, nem altera a ereção e a micção. Por isso, não há qualquer alteração na libido (desejo sexual), na rigidez do pênis durante o ato sexual ou na forma como o indivíduo urina.

Apesar de ser um procedimento simples, a cirurgia é, a princípio, definitiva. Por isso a decisão de realizar algo tão importante deve ser feita de forma bastante ponderada. O candidato ideal à vasectomia é o indivíduo que está decidido a nunca mais ter filhos. Estima-se que cerca de 50 milhões de homens ao redor do mundo sejam vasectomizados hoje.

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Mesmo assim, aproximadamente 5% dos homens optam por fazer a reversão ao longo da vida. Sim, a vasectomia é reversível. Os principais motivos são um novo matrimônio associado ao desejo de ser pai novamente, uma mudança na situação financeira que leve ao desejo de aumentar a prole ou a morte de um filho.

Ao contrário da realização da vasectomia, a reversão é um procedimento bem mais complexo. Não é feita por todos os urologistas, requer um tempo de repouso maior e acarreta um custo financeiro mais elevado — nem todos os planos de saúde tampouco o SUS cobrem o procedimento. Além disso, nem sempre a cirurgia é um sucesso e parte dos homens que se submete à reversão não conseguirá ter filhos naturalmente.

A primeira reversão de vasectomia foi realizada em 1902. De lá pra cá, a melhora das técnicas cirúrgicas e o aparecimento de lupas e microscópios cirúrgicos vêm melhorando os índices de sucesso do procedimento.

A princípio, todo homem vasectomizado que queira ter filhos novamente é candidato à reversão. Entretanto, indivíduos que tiveram dificuldade para ter filhos antes da vasectomia, aqueles que foram vasectomizados há mais de dez anos ou pacientes em que a parceira tem 40 anos ou mais têm resultados piores na reprodução após a cirurgia. Por isso, a maior parte é encaminhada à realização de técnicas de fertilização assistida.

O sucesso de uma cirurgia de reversão é medido através de duas variáveis: a taxa de patência e a taxa de gravidez. A patência significa que a emenda dos ductos deferentes foi bem sucedida e é verificada através da detecção de espermatozoides em um exame de espermograma, feito geralmente cerca de 40 dias após a cirurgia. A taxa de gravidez — que é o que realmente interessa ao casal — é o percentual de homens que, após uma cirurgia de reversão, conseguirão engravidar a parceira.

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As taxas de sucesso da reversão da vasectomia são difíceis de serem avaliadas porque há uma grande variação de um centro para o outro. Em média, a literatura médica reporta uma taxa de patência de entre 80 e 90% e uma taxa de gravidez de 30% a 40%. A variação leva em conta aqueles fatores como tempo decorrido entre a vasectomia e sua reversão e a idade da parceira.

É importante lembrar que, apesar de verificarmos a eficácia da cirurgia de reversão cerca de 40 dias após a cirurgia, pode levar até um ano para que o esperma volte a ter o número normal de espermatozoides. Reforço que a reversão não é um procedimento simples ou barato tampouco seu completo sucesso está atrelado à qualidade da cirurgia. Daí porque recomendamos que a decisão de realizar a vasectomia seja tomada com calma, equilíbrio e ponderação.

Homens que realizaram a cirurgia de reversão podem se submeter a uma nova vasectomia caso decidam, novamente, que não querem ter mais filhos. Esse foi o caso do presidente Jair Bolsonaro, que passou pelo procedimento em janeiro de 2020. Uma nova reversão pode até ser possível, mas suas chances de sucesso serão bem menores.

* Dr. Henrique Rodrigues é urologista, membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e membro da Associação Americana de Urologia e da Associação Europeia de Urologia

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