Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O acido úrico vai muito além da gota

Se está em alta, esse elemento não prejudica apenas as articulações. Surgem evidências de que também conspira a favor das doenças cardiovasculares

Por Débora Fiorini (colaboradora)
Atualizado em 17 set 2019, 19h00 - Publicado em 10 Maio 2016, 16h15

Quando se pensa em ácido úrico de sobra, logo vêm à mente problemas um tanto dolorosos. Primeiro a gota, aquela inflamação danada nas juntas. Depois as pedras nos rins – sim, uma porcentagem dos casos se deve ao acúmulo de cristais de ácido úrico por lá. Só que essa sobrecarga também está ligada a encrencas bem mais silenciosas, dessas que demoram anos a mostrar as caras. Embora a discussão exista há alguns anos, tem nova lenha na fogueira que associa o excesso de ácido úrico a doenças cardiovasculares.

A ponto de uma análise conduzida por um time internacional de pesquisadores e publicada no European Journal of Internal Medicine questionar se a substância não teria um papel protagonista na síndrome metabólica, conjunto de fatores propícios a danos nas artérias, como colesterol alto, hipertensão e obesidade.

Mas, antes de apontar o dedo para o ácido úrico, convém entender de onde e a que vem esse elemento. O dito-cujo nasce naturalmente no organismo: quando as células se degradam, seu material genético dá origem a purinas, moléculas que, para serem eliminadas, são convertidas em ácido úrico – a tal purina também é encontrada em alimentos de origem animal, como carne vermelha e frutos do mar. O ácido úrico é excretado pela urina e as complicações começam a surgir quando o corpo produz de mais ou se livra de menos dele.

Continua após a publicidade

O debate sobre a sua participação no complô contra o coração ainda é cercado de perguntas e ponderações. A endocrinologista Maria Teresa Zanella, vice-presidente do Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, não o vê como o vilão da história. “A questão é que ele está associado à obesidade, e obesos costumam ter resistência à insulina, condição que atrapalha sua excreção”, explica. A médica acredita que devemos levar em consideração uma rede de fatores interligados. A nefrolologista Frida Plavnik, diretora científica da Sociedade Brasileira de Hipertensão, também prefere tirar a substância dos holofotes: “O ácido úrico é um marcador da síndrome metabólica”. Ou seja, sua presença indica, na verdade, que há uma profusão de coisas indesejadas acontecendo para o azar das artérias.

O fato é que ainda não se sabe quão diretamente a alta no ácido úrico pesa contra os vasos. Nessa linha, uma revisão de estudos chinesa concluiu que a sobrecarga aumenta o risco de esteatose hepática, o depósito de gordura no fígado – outro patrocinador de problemas cardiovasculares. “Em excesso, a molécula pode atrapalhar o balanço de gordura no organismo, alterando os níveis de triglicérides e propiciando o acúmulo de gordura nesse órgão”, faz a relação o reumatologista Ricardo Fuller, chefe do Grupo de Gota do Hospital das Clínicas de São Paulo.

O médico Geraldo Castelar, presidente da Comissão de Gota da Sociedade Brasileira de Reumatologia, conta que existem algumas teorias mais amplas para justificar o elo entre o ácido úrico alto e reveses na circulação. E isso vale especialmente para aqueles sujeitos que já sofrem com a gota. “Se o ácido úrico está descontrolado, a pessoa continua sofrendo de inflamações de baixo grau, mesmo que não esteja no período de crise. E isso é um fator de risco cardiovascular”, esclarece. “Também se especula que a substância tenha um efeito tóxico na parede das artérias, o que contribuiria para a agregação de placas ali”, completa o raciocínio. Por fim, sabe-se que a molécula ainda instiga a retenção de sódio e, com isso, faz elevar a pressão arterial.

Continua após a publicidade

É claro que não devemos responsabilizar só o ácido úrico pela má sorte dos vasos. Mas é bom não perdê-lo de vista e, quando o médico considerar adequado, acompanhar suas taxas com exames de sangue ou urina. Se estiverem altas, perda de peso e ajustes na dieta (como maneirar na proteína animal e bebidas alcoólicas) são prescritos – e, havendo gota na área, remédios podem entrar no pacote. São medidas que salvam as juntas hoje… e o coração lá na frente.

Se o ácido úrico vive lá em cima, alguns problemas podem aparecer

Gota

O acúmulo da substância cristalizada nas juntas leva a inflamação e crises dolorosas.

Pedra nos rins

Continua após a publicidade

Cristais de ácido úrico se formam e causam cálculos que atormentam as vias urinárias – que dor!

Tofos na pele

São como nódulos formados sob a pele pelo depósito do ácido, em geral em mãos e cotovelos.

Continua após a publicidade

Hipertensão

A substância incita a retenção de sódio. Com isso, a pressão arterial chega a subir.

Doença cardiovascular

Continua após a publicidade

Entre quem já tem gota, a sobrecarga parece estimular uma inflamação constante, penosa para as artérias.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.