Novo exame de sangue pode melhorar diagnóstico da hanseníase
Trabalho premiado abre perspectivas animadoras para flagrar mais cedo esta infecção que ainda acomete muitos brasileiros
A hanseníase persegue o homem desde a Antiguidade, e, mesmo com tantos avanços da medicina, ainda é um problema de saúde pública no mundo. No Brasil, são 30 mil novos casos por ano — o país é o segundo com maior incidência da doença.
Identificá-la o mais cedo possível é a chave para interromper a cadeia de transmissão e prevenir as lesões e sequelas.
Hoje, esse processo é eminentemente clínico, quando já existem alterações na sensibilidade e na estrutura da pele. E a confirmação muitas vezes depende da baciloscopia, método que permite enxergar o patógeno no microscópio, ou da biópsia, uma técnica mais invasiva. Ocorre que nem sempre elas estão disponíveis nos postos do SUS.
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Esses obstáculos motivaram uma equipe da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) a pesquisar biomarcadores presentes no sangue para descobrir mais rápido a hanseníase — antes mesmo de aparecerem os primeiros sinais.
O exame de sangue desenvolvido pelo time de cientistas é o vencedor da categoria Tecnologias Diagnósticas do Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica 2024.
O projeto preenche uma lacuna atual. “Os testes uitilizados hoje apontam positivo em cerca de 20 a 30% dos casos, quando a doença já está mais avançada, com risco de causar incapacidades físicas e deformidades”, explica o biomédico Filipe Rocha Lima, à frente do projeto.
Para criar um novo método, os pesquisadores avaliaram o potencial de anticorpos contra uma proteína específica da bactéria Mycobacterium leprae. Os resultados promissores já encorajam a preparação de um kit de baixo custo e fácil execução a ser empregado em unidades básicas de saúde (UBS) de todo o país.
Esse é um passo significativo para a redução no número de contágios, infecções e reincidências da moléstia, que ainda é cercada de estigma e desinformação.
Veja o vídeo a seguir para entender como funciona na prática:
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