Mudanças ambientais já estão afetando sua saúde
Relatório produzido nos Estados Unidos mostra como várias enfermidades se tornaram mais comuns por causa da poluição, do aquecimento global...
“As alterações climáticas não estão afetando só os ursos polares — estão afetando todos nós”. A frase é de Mona Sarfaty, médica de família e professora da Universidade George Mason, nos Estados Unidos, que ajudou a elaborar um documento contundente sobre o tema. Essa avaliação, feita por 11 influentes grupos médicos americanos, ressalta que centenas de pesquisas científicas já estabeleceram uma ligação direta entre o ambiente e a saúde da população mundial.
A poluição atmosférica tem destaque: a baixa qualidade do ar mata prematuramente 7 milhões de pessoas por ano, de acordo com os dados do levantamento. Os óbitos são provocados por problemas como asma, ataques alérgicos e, principalmente, câncer de pulmão e doenças cardíacas.
E não são apenas países como China e Índia que estão sofrendo os efeitos da imundície do ar. A concentração de poluentes foi examinada em 45 municípios brasileiros pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e o resultado foi péssimo. Apenas cinco cidades passaram no teste.
“Nós acreditamos que grande parte das pessoas não sabe que o clima tem ligação com a saúde. (…) Mas a verdade é que alguém que você conhece está sendo afetado”
Mona Sarfaty
Os médicos discutem ainda um ponto que os brasileiros conhecem bem — a proliferação de mosquitos transmissores de doenças. O Aedes aegypti, vetor de dengue, febre amarela, zika e chikungunya, se reproduz e pica mais no calor. Ou seja, com o aumento da temperatura pelo globo, é possível que essas enfermidades e outras enfermidades se espalhem. Para ter ideia, o número de indivíduos sob risco de malária, que, no Brasil, concentra casos principalmente na região amazônica, subiria em torno de 3 a 5% a cada 2 ou 3ºC a mais, segundo a OMS.
Os transtornos mentais, tema frequentemente esquecido, também foi abordado pelos cientistas. Eles afirmam que as mudanças climáticas estão catapultando a frequência e severidade de catástrofes naturais como inundações, grandes tempestades e secas. E daí? Gente exposta a esses fenômenos extremos pode manifestar sintomas de depressão, ansiedade e pensamentos suicidas, além de uso abusivo de álcool e outras drogas.
O futuro e nossa parte na história
O relatório revela um caminho a seguir daqui em diante: “A ação mais importante para proteger nossa saúde é acelerar a inevitável transição para as fontes limpas de energia”. E isso tem, sim, a ver com nosso cotidiano, como reitera o documento: “Caminhar ou usar uma bicicleta, fora melhorar a qualidade do ar, diminui os índices de obesidade, diabete e doenças cardiovasculares”.