Mito ou verdade: é necessário tomar vermífugo todos os anos?
Mito! Essa ideia é antiga e tem origem no século passado, quando a falta de saneamento básico e os esgotos à céu aberto eram uma realidade mais comum no Brasil

Vira e mexe, surge alguém nas redes sociais afirmando que toma vermífugo todos os anos para fazer uma “desparasitação”. Já adiantamos: essa estratégia não é recomendada e ainda pode trazer riscos.
As parasitoses intestinais realmente são um problema de saúde, especialmente na infância e em algumas áreas específicas do mundo. Antigamente, circulava a recomendação de tomar vermífugos anualmente (e até mais de uma vez no ano) para prevenir essa condição.
Mas atualmente, com melhores condições de saneamento básico, como tratamento da água e canalização do esgoto, essa medida não é necessária.
Hoje, essa ideia foi repaginada e algumas pessoas divulgam “protocolos de desparasitação” ou de “limpeza de impurezas” nas redes sociais, indicando o uso dos vermífugos indiscriminadamente.
Saiba que esse tipo de dica não tem qualquer base científica e pode te trazer mais problemas do que benefícios.
Afinal, por que não é mais recomendado tomar vermífugo todos os anos?
A principal via de contaminação por vermes e protozoários é por meio de alimentos ou água contaminada. Os parasitas, como lombrigas, tênias e protozoários, ainda podem invadir o organismo pelo contato da pele com o solo infestado.
Se você higieniza bem os alimentos e tem acesso a água filtrada, não há qualquer necessidade de tomar vermífugos anualmente. Alguns pediatras podem até indicar o uso do remédio em crianças, mas a situação é cada vez menos comum, já que os pequenos hoje em dia tem menos contato com a terra e com animais.
Para resumir: a não ser que você viva em uma área com saneamento básico precário, como esgoto a céu aberto, e não tenha acesso a água filtrada, não é necessário tomar vermífugos periodicamente.
A recomendação oficial de Organização Mundial da Saúde (OMS) é que os antiparasitários somente sejam receitados como profilaxia em áreas em que a transmissão dessas doenças pelo solo tem índices maiores que 20%. Não é o caso da maior parte do Brasil.
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Riscos de um protocolo ultrapassado
Tomar vermífugos sem necessidade pode ir na contramão do desejado e, em vez de prevenir o problema, trazer danos à saúde. Os remédios tem potencial tóxico para o fígado e os rins.
O perigo é ainda maior porque essas drogas costumam ser usadas sem devida orientação médica. O excesso dos vermífugos acaba criando resistência à medicação. Assim, em uma situação em que o remédio realmente seja necessário, ele não será mais efetivo. Essa medida pode ainda prejudicar o intestino, perturbando a microbiota e trazendo outras desordens na digestão.
Outro mito é que os vermífugos sirvam para tratar covid-19, dengue, câncer e uma variedade de problemas de saúde. Esses remédios só funcionam contra parasitas.
Como prevenir e tratar parasitoses
As infecções por parasitas causam sintomas como enjoo, dor abdominal, diarreia e náusea. Podem ainda prejudicar a absorção de nutrientes e levar a deficiências, como anemia.
Em crianças, ocorre uma vulnerabilidade imunológica que abre as portas para outras doenças oportunistas. Casos muito graves podem ocasionar desnutrição, obstrução intestinal, assim como inflamação e sangramento.
Caso você apresente algum desses sintomas e viva em uma área de risco para parasitas, consulte um médico. Você provavelmente fará um exame de fezes para investigar o quadro e, se necessário, o profissional indicará a melhor forma de tratar a condição.
Para prevenir os quadros de parasitose, vale seguir as dicas clássicas de higiene:
- Lave bem as mãos, em especial antes de comer e depois de usar o banheiro;
- Use calçados em espaços com terra ou barro;
- Cozinhe bem os alimentos e higienize vegetais e frutas com água sanitária;
- Só beba água filtrada ou fervida corretamente;
- Evite deixar crianças circularem perto do esgoto ou do lixo.