Metástase óssea: entenda diagnóstico de câncer de próstata de Joe Biden
Ex-presidente estadunidense foi diagnosticado com um tumor agressivo na glândula, que se espalhou para os ossos, mas com boas perspectivas de tratamento

Joe Biden, ex-presidente dos Estados Unidos, foi diagnosticado com um câncer de próstata agressivo, com presença de metástases ósseas. A informação foi divulgada pelo gabinete do político de 82 anos nesse domingo (18).
Segundo a nota, a suspeita da doença surgiu quando Biden apresentou sintomas urinários e um nódulo na região da próstata. Após uma rodada de exames, o diagnóstico foi confirmado na última sexta-feira (16).
Os representantes de Biden afirmaram que o câncer foi classificado no estágio 9 da escala de Gleason, indicador usado por médicos para avaliar a gravidade da doença. A classificação indica que as células do tumor já se espalharam para os ossos.
“Uma doença metastática já é um estágio avançado do câncer de próstata, que precisa ficar sob tratamento de maneira permanente”, aponta o oncologista clínico Andre Deeke Sasse, diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
A próstata participa do ciclo reprodutivo ao produzir um líquido que compõem o sêmen, auxiliando a movimentação dos espermatozoides. A glândula fica abaixo da bexiga, ao redor da uretra. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre homens – fica atrás apenas dos tumores de pele não melanoma.
Não é a primeira vez que a família de Joe Biden enfrenta um diagnóstico de câncer. Em 2015, o filho mais velho do ex-presidente, Beau Biden, faleceu devido a um glioblastoma, câncer no cérebro. Em 2023, Biden removeu uma lesão de câncer de pele. Durante seu mandato, o democrata implementou programas para estimular a pesquisa e o diagnóstico do câncer.
Sintomas
O câncer de próstata é mais comum em pessoas idosas. Como a evolução costuma ser lenta, muitas vezes não há sinais clínicos evidentes, o que dificulta um diagnóstico precoce.
Alguns dos possíveis sintomas do câncer de próstata são:
- Aumento da necessidade de urinar;
- Dificuldade para começar e terminar de urinar;
- Sangue na urina ou no sêmen;
- Dores na lombar e no abdômen;
- Disfunção erétil.
Após os 50 anos de idade, a próstata naturalmente aumenta de tamanho, sem que isso represente necessariamente um quadro de câncer. O bloqueio da uretra e sintomas urinários podem aparecer nesse caso também.
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Diagnóstico: o que é metástase óssea?
O escore de Gleason é a classificação usada pelos médicos para apontar o estágio do câncer a partir de uma análise das células do tumor, que são avaliadas de acordo com a semelhança ou diferença em relação a células normais. O número é obtido a partir do teste de PSA e a biópsia. Achados de testes de imagem, que indicam se há ou não metástase, também entram nessa conta.
O tipo de câncer verificado no caso de Biden está em um estágio 9: os escores de 8 a 10 representam um câncer de próstata mais agressivo. Números mais baixos na escala apontam que o câncer deve crescer de forma mais lenta e tem menos chance de se espalhar pelos órgãos.
O estágio de metástase óssea indica que as células cancerosas não estão apenas na próstata, mas se espalharam para os ossos. Nessa etapa, considera-se que não há mais cura para a doença, embora alguns casos possam alcançar a remissão.
A metástase óssea é confirmada por um exame específico, a tomografia por emissão de pósitrons, que usa um marcador radioativo para localizar células de câncer pelo corpo.
O caminho diagnóstico começa com um exame de toque retal, capaz de verificar o tamanho da glândula. Mas o câncer só é confirmado com uma bateria de exames, que incluem: medições do antígeno prostático (chamado de PSA), um indicador associado a tumores; exanes de imagem como ressonância magnética, ultrassom ou tomografia computadorizada; e biópsia da próstata.
Sintomas diferenciados podem aparecer quando o câncer atinge o estágio de metástase óssea. Dor, em geral nas costas, na pelve, no quadril e nas coxas, é o principal indicativo.
Tratamentos
De acordo com o gabinete do político estadunidense, o tumor diagnosticado em Biden é sensível a tratamentos hormonais. Antigamente, esse bloqueio hormonal costumava ser feito com a remoção dos testículos.
Hoje, existem medicações mais modernas que bloqueiam ou reduzem a testosterona, hormônio que influencia o crescimento do tumor na próstata.
“Geralmente o tratamento é baseado na terapia hormonal e medicamentos que fazem o nível de testosterona no sangue cair. Muitas vezes, associamos a remédios que inivem a produção ou a atividade do receptor de testosterona das células”, aponta Sasse.
Esses remédios podem ser utilizados mesmo quando já há metástase. Mas essa é apenas uma das abordagens para tratar este tipo de câncer. Em alguns quadros – em geral, aqueles em que o tumor está restrito à próstata –, a cirurgia de remoção da glândula pode ser recomendada. A radioterapia e a quimioterapia são empregadas em casos mais avançados, assim como a terapia direcionada com isótopos.
A imunoterapia, a terapia-alvo e a crioterapia são outras opções de tratamento.
O prognóstico de Biden
O oncologista destaca que não é possível avaliar especificamente o caso de Biden, mas comenta em linhas gerais o prognóstico do diagnóstico deste tipo de câncer de próstata.
“Uma doença metastática, sensível à hormônioterapia, tem um prognóstico razoavelmente bom, expectativas de respostas aos tratamentos hormonais de longa duração – isso significa alguns anos de controle da doença com tratamentos que interferem pouco na qualidade de vida”, completa.