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Metabolismo só começa a desacelerar após os 60 anos, diz estudo

A taxa de gasto calórico não pode ser culpada pelo ganho de peso na meia-idade, segundo pesquisa

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 31 ago 2021, 20h48 - Publicado em 30 ago 2021, 18h57

Aquela dificuldade em perder gordura abdominal ou emagrecer não é culpa da chegada aos 30 anos, como se diz por aí. Segundo um estudo publicado pela revista Science, o funcionamento do metabolismo se mantém quase o mesmo entre os 20 e 60 anos.

“Acreditava-se que, por volta da meia-idade, as pessoas tinham a tendência de ganhar peso devido a uma redução do gasto energético basal, aquele que usamos para nos manter vivos. Esse estudo aponta que estávamos errados”, explica William Festuccia, professor do departamento de fisiologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP).

Para chegar a esse resultado, pesquisadores do Pennington Biomedical Research Center (PB), nos Estados Unidos, analisaram a queima média de calorias durante o dia a dia de cerca de 6 mil pessoas, entre nascidos há uma semana até indivíduos com 95 anos, de 29 países diferentes.

Segundo comunicado divulgado pela instituição, a maior parte de estudos anteriores avaliava o gasto de energia a partir de funções como respirar, fazer a digestão e bombear o sangue. Só que essas tarefas vitais representam de 50 a 70% das calorias queimadas durante o dia. Ou seja, os trabalhos não levavam em conta atividades como lavar louça, movimentar-se e até pensar.

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“Nesse trabalho, para medir o gasto energético foi utilizado um método em que a água é marcada com hidrogênio e oxigênio. O participante consome o líquido e os pesquisadores acompanham a velocidade de eliminação dessas substâncias pelo corpo através do exame de urina”, ensina Festuccia.

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Considerada padrão-ouro de avaliação de gasto calórico, essa técnica já é utilizada desde os anos 1980, mas os cientistas afirmam que nunca houve oportunidade de fazer um estudo com essa grandiosidade.

Após as análises, os experts notaram que o pico de metabólico é atingido pelos bebês. Para ter ideia, com um ano, eles queimam calorias 50% mais rápido para o tamanho do seu corpo do que os adultos.

Depois disso, o metabolismo desacelera em aproximadamente 3% anualmente até os 20 anos. Aliás, uma das surpresas foi que as necessidades calóricas não dispararam na adolescência, como prega o senso comum. Após os 60, a queda seria de apenas 0,7% ao ano.

Em resumo, daria para dividir as fases da vida de acordo com o metabolismo assim:

  • Pico de gasto calórico do nascimento até um ano de vida
  • Uma desaceleração suave até os 20 anos
  • Estabilidade dos 20 aos 60
  • Um declínio permanente, com quedas anuais. Por volta dos 90 anos, a capacidade metabólica fica 26% menor em comparação à da meia-idade

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Como se vê, não é correto chamar o metabolismo de “lento”. “Dizer isso é afirmar que existe uma redução da velocidade metabólica, e isso não acontece. As reações enzimáticas continuam as mesmas, e não diminuem com o envelhecimento. O que muda é a discrepância entre os que se come e a quantidade de energia que se perde ao longo dos anos”, esclarece Festuccia.

Na prática, se o metabolismo não tem culpa no cartório, precisamos olhar com mais cautela para os nossos hábitos, como a alimentação. “A quantidade e densidade calóricas são as principais preocupações. É preciso atenção especial a itens que são ricos em gordura saturadas, que possuem mais calorias por cada grama de alimento”, conta Festuccia. Alguns exemplos: carne vermelha e processada, salgadinhos, biscoitos recheados, sorvete e pratos prontos.

Sem falar na prática de atividade física, outro aspecto fundamental na perda e manutenção do peso. Ela deve acompanhar o indivíduo por todas as etapas da vida.

Outros dados ainda devem ser extraídos da pesquisa. “A íntegra do estudo tem uma quantidade monstruosa de informações e ainda não deu tempo de os especialistas olharem tudo com cuidado. Vai demorar um pouco para digerir 100%. Há associações de gasto energético com cada tecido do corpo, e com base em adolescência, gravidez e menopausa”, comenta o professor do ICB.

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