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Megaoperação no Rio: os impactos da violência na saúde mental da população

Pessoas em áreas mais expostas a tiroteios têm maior risco de transtornos como ansiedade e depressão

Por Maurício Brum
Atualizado em 29 out 2025, 19h14 - Publicado em 29 out 2025, 19h13
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Mulher chora sobre corpos na Penha, após operação no Rio de Janeiro (Tomaz Silva / Agência Brasil/Reprodução)
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A operação do governo do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, com 121 mortes já reconhecidas pelas autoridades até o final da tarde desta quarta-feira (29), também deixa impactos significativos na saúde mental e física dos moradores inocentes afetados pela violência.

Em cenas que chocaram o país, os episódios traumáticos não se encerraram com a ação policial e as trocas de tiros registradas na véspera. Ao longo da última madrugada, moradores do complexo da Penha se dedicaram a retirar corpos deixados na área de mata vizinha à comunidade, expondo-os em meio à rua.

Além dos impactos imediatos dos tiroteios, diferentes estudos também têm demonstrado como a violência cotidiana abala a saúde de moradores de áreas conflagradas no Rio de Janeiro.

+Leia também: Jovens negros morrem mais pela violência do que brancos, reforça estudo da Fiocruz

A vida com medo de levar um tiro

De longe, a principal consequência do convívio constante com situações de violência extrema é o medo permanente. Em 2021, uma pesquisa ouvindo mais de 1,2 mil moradores do complexo da Maré, que reúne 16 favelas e mais de 140 mil habitantes, revelou que quase 57% diziam ter medo de ser atingidos por uma bala perdida “com frequência” ou “sempre”.

Quando questionados sobre o medo de que a situação ocorresse com alguém próximo, o índice era ainda maior: quase 65% enfrentavam esse pensamento frequentemente ou sempre.

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O resultado de uma vida sob temores constantes se reflete em índices maiores de distúrbios relacionados à saúde mental em áreas afetadas pela violência.

O Saúde na Linha de Tiro, um amplo levantamento do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) sobre o impacto da guerra às drogas em seis comunidades cariocas, mapeou diferenças perceptíveis quando se comparam os resultados das populações de áreas mais e menos atingidas pela violência.

No rastreamento de ansiedade, medido por questionários, aqueles com resultado positivo para o transtorno saltavam de 16% para quase 25% no comparativo entre áreas menos e mais expostas a tiroteios, respectivamente. Na análise de depressão, o índice quase duplicava, saltando de 15,7% em comunidades menos atingidas para 29,6% naquelas mais afetadas.

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Saúde física também é impactada

As consequências não se limitam ao aspecto psicológico. Além do risco de sofrer diretamente com a violência física, algumas doenças sistêmicas também são mais recorrentes em áreas mais conflagradas.

O estudo do Cesec encontrou uma discrepância estatisticamente significativa no diagnóstico autorreferido (isto é, que a própria pessoa admitiu aos pesquisadores) para condições como hipertensão arterial, com um salto de 16% para mais de 21% dos pesquisados, quanto mais violento o local onde vive, e insônia prolongada, com um pulo de 5,1% para 8,7% dos consultados.

Mais do que uma maior prevalência, há outro aspecto que preocupa os especialistas em saúde: os riscos inerentes a essas morbidades crônicas são amplificados em quem mora nessas áreas da cidade, marcadas por um esvaziamento da presença do Estado que tende a dificultar o acesso a serviços de saúde por parte de populações negras e periféricas.

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