Idoso morre após quimioterapia: quando isso pode acontecer?
Família alega que paciente recebeu dose de medicamentos muito acima do indicado. Toxicidade dos fármacos é um dos riscos do tratamento
A morte de Nilton Carlos Araújo, de 69 anos, após uma sessão de quimioterapia, virou assunto de polícia após a família registrar um boletim de ocorrência em função de um suposto erro na administração dos remédios. O caso também levantou dúvidas sobre os eventuais riscos envolvendo o tratamento.
Nilton estava tratando um câncer na medula óssea no hospital da MedSênior, em Belo Horizonte. A entidade disse que realiza uma “investigação detalhada” sobre o caso.
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O que aconteceu?
A família alega que Nilton teria recebido, de uma só vez, uma dose de medicamentos quatro vezes superior à recomendada.
Conforme o boletim de ocorrência registrado pelos familiares, após a superdosagem do fármaco Bortezomibe o idoso imediatamente passou a apresentar uma piora dos sintomas, entrando em coma induzido e evoluindo a óbito dois dias mais tarde.
Nilton estava tratando um câncer de medula óssea desde março. A filha diz ter percebido no momento da aplicação do remédio que a dose era acima das sessões anteriores, mas, sem conhecimento médico, imaginou que poderia ter havido alguma mudança no tratamento indicado.
A família agora pede investigação por alegada negligência do hospital diante do que acredita ser um erro fatal no tratamento.
Em que situações a quimioterapia pode levar à morte?
É importante deixar claro que a quimioterapia, embora seja um tratamento conhecido por debilitar muitos pacientes, é uma abordagem considerada segura e necessária para vários tipos de câncer.
“Quimioterapia” é um termo amplo para tratamentos que envolvem diferentes remédios em dosagens que variam conforme o caso, então os fármacos usados em um paciente nem sempre serão os mesmos administrados a outro.
A toxicidade desses medicamentos é um dos principais pontos de atenção, por isso é necessária avaliação criteriosa do oncologista e de toda a equipe médica antes do começo do tratamento. A indicação deve ser individualizada, considerando critérios como idade, saúde geral do paciente, tipo e estágio do câncer, entre outros fatores.
Um erro nessa dosagem ou no tipo de remédio, como a família de Nilton alega ter ocorrido, é um dos principais riscos.
Em situações normais, a quimioterapia em si não causa morte, mas seus efeitos colaterais podem aumentar os riscos para pacientes submetidos ao tratamento – a preocupação mais recorrente é uma baixa contagem de glóbulos brancos, que torna a pessoa mais suscetível ao agravamento de infecções que não seriam tão ameaçadoras em um paciente saudável.
Além disso, é possível que a quimioterapia não tenha o sucesso desejado em combater o câncer e o paciente acabe morrendo. Neste caso, porém, considera-se que o óbito foi causado pela doença, não pelo tratamento.