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Doença de Parkinson pode ser detectada precocemente por smartwatches

Pesquisa do Reino Unido mostra que aparelhos podem ajudar a descobrir surgimento de sintomas da doença até sete anos antes da avaliação clínica

Por Gabriela Malta, da Agência Einstein*
18 jul 2023, 12h37
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Smartwatches podem ajudar a identificar a doença de Parkinson até sete anos antes do surgimento de sintomas (Foto: Luke Chesser/Unsplash/Divulgação)
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Uma nova pesquisa, publicada na Nature Medicine e feita no Reino Unido, revelou que smartwatches podem ajudar a identificar a doença de Parkinson até sete anos antes do surgimento de sintomas.

A descoberta tem implicações tanto para a pesquisa, pois permitirá melhor recrutamento de pessoas para ensaios clínicos, quanto, futuramente, na prática clínica, possibilitando que pacientes em estágios menos avançados tenham acesso a tratamentos, quando eles estiverem disponíveis.

A doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva. É causada pela morte de neurônios, em especial em uma área do cérebro conhecida como substância negra — eles são responsáveis pela produção de dopamina, um neurotransmissor que, entre outras funções, ajuda na realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática.

Na falta de dopamina, o indivíduo perde controle motor. A lentidão dos movimentos e os tremores nas extremidades das mãos costumam ser os primeiros sinais e o diagnóstico é essencialmente clínico, baseado nos sintomas descritos.

+ Leia também: App para quem tem Parkinson (e um novo marcador da doença)

No estudo, dados de participantes que já haviam sido diagnosticados com Parkinson foram comparados com os de outro grupo que recebeu o diagnóstico até sete anos após a coleta dos dados.

Pesquisadores do Instituto de Pesquisa de Demência no Reino Unido (UK Dementia Research Institute) e do Instituto de Inovação em Neurociência e Saúde Mental (Neuroscience and Mental Health Innovation Institute – NMHII), da Universidade de Cardiff, usaram um dispositivo eletrônico para coletar, entre outros dados, informações sobre a aceleração dos movimentos de 103.712 participantes do Biobanco do Reino Unido.

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O banco de dados, que reúne informações de mais de meio milhão de pessoas entre 40 e 69 anos, é disponível para a comunidade científica. Os dados foram coletados durante uma semana nos anos de 2013 a 2016.

Inteligência artificial

Utilizando inteligência artificial e modelos estatísticos para filtrar as informações coletadas e definir quais conjuntos de dados tinham melhor correlação com o diagnóstico da doença de Parkinson, os pesquisadores conseguiram identificar que padrões relacionados à velocidade de movimento e qualidade do sono estavam associados a um futuro aparecimento da doença.

Os pesquisadores conseguiram demonstrar, ainda, que poderiam aplicar os resultados obtidos entre os participantes do estudo na população geral e, assim, identificar indivíduos que mais tarde acabariam desenvolvendo Parkinson.

Eles descobriram que os dados sobre aceleração dos movimentos foram mais precisos em prever se alguém desenvolveria doença do que qualquer outro fator de risco, como estilo de vida ou genética, ou outro sinal precoce reconhecido da doença. O modelo também foi capaz de prever o tempo até o diagnóstico.

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Cynthia Sandor, líder do Instituto de Pesquisa de Demência no Reino Unido, disse que os dados coletados pelo dispositivo eletrônico usado no estudo não são diferentes de dados que smartwatches comuns que possuem acelerômetros, como o Apple Watch.

“Dados coletados por smartwatches são obtidos facilmente e com baixo custo. Ao usar esse tipo de dado, podemos potencialmente identificar indivíduos nos estágios iniciais da doença de Parkinson na população em geral”, explica a pesquisadora.

Tratamento da doença

Segundo Sandor, para a maioria dos pacientes diagnosticados com doença de Parkinson, 50% a 70% dos neurônios dopaminérgicos já estão degenerados quando os sintomas motores característicos se manifestam.

Ainda não existem tratamentos disponíveis que possam curar ou evitar a progressão da doença, apenas medicamentos que repõem parcialmente a dopamina que não está sendo produzida.

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“Mostramos que uma única semana de dados capturados pode prever eventos até sete anos no futuro. Com esses resultados, poderíamos desenvolver uma valiosa ferramenta de triagem para auxiliar na detecção precoce do Parkinson “, avalia Sandor.

*Esse conteúdo foi publicado originalmente na Agência Einstein

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