Demora no diagnóstico de artrite reumatoide reduz a qualidade de vida
Para mudar esse cenário, pessoas com sintomas, como inchaço, dor nas juntas e rigidez, devem visitar o médico certo para dar início ao tratamento eficaz
Cerca de 2 milhões de brasileiros sofrem de artrite reumatoide, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Falamos de uma doença autoimune que faz o próprio corpo atacar as articulações. Com isso, provoca inchaço, rigidez, dores nas juntas, além de poder deixar o indivíduo impossibilitado de fazer as tarefas mais simples do dia a dia, como pentear os cabelos.
Mas não precisa ser assim. Quando o tratamento começa a ser feito sobretudo nos primeiros três meses após o início dos sintomas, é possível impedir ou minimizar a progressão dessa condição inflamatória.
O problema é que na vida real isso não ocorre com frequência. Uma pesquisa feita pelo Instituto Ipsos a pedido da farmacêutica Janssen aponta que 54% dos pacientes demoram anos para chegar ao diagnóstico correto. Para o levantamento, foram ouvidos 144 brasileiros com artrite reumatoide e outras doenças autoimunes.
“Antes de chegar ao reumatologista, que é o profissional habilitado para identificar a doença e indicar o tratamento, essas pessoas passaram por cinco especialidades diferentes. Na saúde pública, isso pode levar anos”, afirma Dawton Torigoe, reumatologista da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e membro da SBR.
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O mais comum é as pessoas buscarem ortopedistas e, aí, acabam sendo medicadas para aliviar as dores. Isso quando não há confusão com outros males semelhantes. Só que cada dia faz a diferença no tratamento da artrite reumatoide, que costuma atacar especialmente dedos, joelhos e tornozelos.
“Falamos de uma doença sistêmica, que pode acometer vários órgãos. Começa com inflamações nas articulações das mãos e passa a outras partes do corpo. Sem tratamento, ela pode evoluir para deformações. Infelizmente, isso não é raro, mas é absolutamente prevenível”, comenta Torigoe.
Essas deformidades podem surgir já nos primeiros cinco anos da doença, e interferem totalmente na qualidade de vida. As dores impedem o paciente de fazer um café e escovar os dentes pela manhã, por exemplo. Metade dos entrevistados da pesquisa do Instituto Ipsos aponta que foi necessário até deixar de trabalhar nessa fase.
“Muitos indivíduos são demitidos ou aposentados antes da hora, gerando quadros de depressão e ansiedade”, explica a reumatologista Paola Toth, gerente médica da Janssen, que acaba de lançar a campanha Viver é Movimentar – Não deixe a artrite reumatoide parar você!
Os nervos, os olhos, o coração, os pulmões e até o cérebro podem ser afetados pela artrite reumatoide. Um estudo conduzido pelo Santa Casa de São Paulo indica que, entre 210 pacientes avaliados, dois terços chegaram a apresentar deficiências cognitivas.
“Os mais graves evoluem para uma perda cognitiva que é progressiva e extremamente significativa”, relata Torigoe, um dos autores do trabalho. Mais uma vez, são dados que ressaltam a importância do diagnóstico precoce e do plano de combate.
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Como é o tratamento
Ele é feito com uma gama de remédios. “Após o diagnóstico, já começamos com o uso de imunossupressores e imunobiológicos”, avisa Torigoe, citando duas classes de medicamentos capazes de auxiliar no controle da artrite.
A prática de atividade física e a fisioterapia são ferramentas aliadas do tratamento farmacológico. “Há 30 anos, o paciente era internado e não saía da cama. Hoje sabemos que, fora da crise, a melhor coisa é mexer o corpo dentro dos limites de cada um. Afinal, os exercícios físicos têm ação anti-inflamatória”, reforça o médico. Além disso, é essencial ficar de olho na saúde mental, com acompanhamento, se necessário, de psicólogos e psiquiatras.
Primeiros sintomas citados por quem tem a doença:
- Rigidez matinal (dificuldade de movimentar as articulações ao acordar)
- Dores no corpo
- Dor e inchaço principalmente nas mãos e em outras articulações
- Inchaço no corpo
- Febre
- Cansaço e fraqueza
- Enrijecimento muscular
- Anemia
- Manchas na pele, erupções cutâneas
- Dor e vermelhidão nos olhos
Grupos de risco
A artrite reumatoide é mais comum em mulheres entre 40 e 50 anos, mas pode ocorrer em homens e em outras faixas etárias. “Fatores como tabagismo e a obesidade aumentam o risco”, conta Tarigoe.
Há ainda a predisposição genética. “Se seu irmão tem, a sua chance de desenvolver a doença é maior. Então, é preciso ficar mais atento quando há histórico na família”, recomenda o médico da Santa Casa.
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A diferença entre os principais problemas reumatológicos
Artrite reumatoide: Desordem autoimune marcada pela destruição da membrana sinovial, uma película que recobre as articulações.
Osteoartrite: Também conhecida como artrose, é o desgaste da cartilagem seguida de alterações ósseas, principalmente nas mãos e nos joelhos.
Lúpus: Mais comum em mulheres jovens, essa condição faz o organismo produzir anticorpos em excesso. Em alta concentração, eles atacam os rins, os pulmões, a pele e as articulações, podendo afetar até cérebro e coração.
Fibromialgia: Síndrome que se manifesta por meio de dores em todo o corpo. Provoca fadiga extrema e impacta pra valer o sono. As causas ainda não foram totalmente estabelecidas, mas sabe-se que há um forte componente genético.