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Com mudanças climáticas, doenças causadas por mosquitos avançam pelo mundo

O aquecimento global cria um cenário perfeito para esses insetos disseminarem dengue, chikungunya e outras infecções já em níveis preocupantes

Por Diogo Sponchiato e Paula Felix (texto), Estúdio Coral (design) e Erika Onodera (ilustração)
Atualizado em 17 nov 2023, 20h31 - Publicado em 17 nov 2023, 14h13
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Mosquito da dengue: doença já supera 1,5 milhão de casos neste ano no país. (Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
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As mudanças climáticas marcam uma era de quebra de recordes. Infelizmente. Recordes de temperaturas elevadas, inundações, desmatamento, incêndios florestais… E até de moléstias infecciosas. Se o futuro parece apavorante, convém lembrar que o presente já dá sinais perturbadores.

E a dengue, essa doença propagada pelo Aedes aegypti que vira e mexe volta ao noticiário, simboliza bem o que estamos falando. “Este ano ela já supera em número de casos todo o período de 2022, e a projeção é de que 2024 será bastante difícil”, diz Alda Maria da Cruz, diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde.

O recorde batido ultrapassa 1,5 milhão de episódios. E essa não é uma ameaça só ao Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) acaba de emitir um alerta de que, na próxima década, áreas até então não castigadas pela infecção estarão em risco, caso do sul da Europa, dos Estados Unidos e da África, sem contar os epicentros habituais, a América Latina e a Ásia, que concentram boa parte das 20 mil mortes anuais pelo problema.

A dengue não está sozinha. Pegam carona com os mesmos mosquitos outros vírus, como chikungunya, zika e febre amarela — sem falar nos insetos que disseminam malária e outras encrencas.

Por trás dessa revoada alarmante estão as mudanças climáticas. Como a própria OMS sinaliza, o termômetro em ebulição cria condições ideais para os mosquitos vetores firmarem terreno ou conquistarem novos ares.

“Com os extremos de temperatura, o Aedes não só consegue se reproduzir melhor como fica mais ativo para espalhar os vírus”, explica Kleber Luz, coordenador do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), entidade que colocou o tema entre os destaques da última edição de seu congresso, em Salvador.

E não é preciso ter ondas atípicas de calor para os mosquitos se bandearem por aí. O aumento das temperaturas médias — e a projeção é que elas subam globalmente no mínimo 2ºC — já é favorável aos transmissores. “O desenvolvimento do ovo para a fase adulta do inseto ocorre entre dez e 12 dias. Com as temperaturas mais altas, isso começa a ocorrer em sete, oito dias. Teremos mais mosquitos adultos se alimentando das pessoas”, detalha o entomologista Anthony Érico Guimarães, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

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Não bastasse, figuras como o Aedes aegypti, já adaptadas a cidades, levam uma vantagem em relação a outras pragas urbanas: a ausência de predadores naturais. “Na verdade, ele tem um grande amigo natural, o homem, que produz seus criadouros, os reservatórios de água”, afirma Guimarães.

Se o quadro já não é dos mais auspiciosos, com dengue e companhia atormentando do Sul ao Nordeste brasileiro, o horizonte pode ficar dramático. Luz conta que, fora o velho conhecido da população, um “primo” dele está se expandindo por aqui, o Aedes albopictus (apelidado de tigre asiático, mas hoje um engodo multinacional).

“Antes mais restrito às matas, ele está avançando sobre os centros urbanos e, diferentemente do Aedes aegypti, voa em nuvens”, comenta o médico. Detalhe pernicioso: o bicho também dispersa arboviroses, os vírus da família da dengue.

O alarme atravessa fronteiras. A França registrou há pouco o primeiro caso de dengue no norte do país, nos arredores de Paris. As autoridades botam a culpa no tal do Aedes albopictus. Ao lado esquerdo do mapa, o mesmíssimo inseto fez sua estreia em Portugal. E, no meio da África, o Chade está lidando com um surto inédito de dengue. A ameaça já está no ar… e globalizou.

Estima-se que a incidência de dengue no planeta tenha escalado oito vezes desde os anos 2000 — e olha que é de perder de vista o número de eventos não diagnosticados e notificados. Consequência direta da invasão dos mosquitos. Afinal, a destruição dos habitats originais e a urbanização desenfreada e sem planejamento respondem por esse sucesso biológico.

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“O Aedes se alimenta do nosso sangue e evoluiu para nos acompanhar. Já é consenso que nenhuma nação será capaz de erradicá-lo, mas é preciso lutar para reduzir ao máximo sua população. O desanimador é que a temperatura e as chuvas intensas são aliadas dessa proliferação”, expõe o infectologista Stefan Cunha Ujvari, autor de História das Epidemias (Contexto).

O médico, que atua no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, costuma sublinhar que o Aedes não é um “simples mosquito”. “A fêmea, que pica e transmite as doenças, pode voar mais de 1 km em busca de uma coleção de água para botar os ovos e distribui cerca de 100 a cada ciclo em locais diferentes”, destaca.

“E esses ovos, por sua vez, podem sobreviver mais de um ano, resistindo ao ressecamento e esperando novas chuvas para eclodir.” Tudo isso conspira a favor dos vírus que usam o bicho de intermediário para chegar ao corpo humano.

“Vivemos em um país endêmico, que ainda precisa avançar em questões como saneamento básico, algo importante não só para controlar doenças como a dengue”, afirma Livia Frutuoso, coordenadora-geral de Vigilância de Arboviroses do ministério.

+ LEIA TAMBÉM: Os micróbios que mais preocupam os infectologistas

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(Gráfico: Estúdio Coral/SAÚDE é Vital)
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Batalha histórica

Não é de hoje que os mosquitos aprontam. A bem da verdade, eles querem comida e, para isso, chupam nosso sangue. Nesse banquete, que pode render coceira e irritação na pele do desafortunado anfitrião, não raro passam adiante micróbios. E aí está o perigo.

Se perguntarem ao historiador americano Timothy Winegard quem é o maior assassino na trajetória da humanidade, ele provavelmente apontará o dedo para esses insetos. “O mosquito dominou o planeta por 190 milhões de anos e matou com uma potência inabalável durante a maior parte de seu inigualável reinado de terror”, escreve em Mosquito (Intrínseca).

Na obra, dois bichos se destacam pelo currículo de “maldades”: o já citado Aedes e o Anopheles, que transmite a malária. Winegard calcula que esses insetos, ou melhor, os males que disseminam, teriam sido responsáveis pela morte de 52 bilhões de pessoas ao longo da história. Então o que já era ruim pode piorar?

Se mudarmos de pato para ganso, ou melhor, de dengue para malária, veremos que essa moléstia, deflagrada por protozoários (há mais de um tipo), deixou um rastro de mortes até se conhecerem as medidas adequadas para a prevenção e o tratamento.

Não se trata de página virada. Ela continua sendo um desafio de saúde pública, sobretudo para a África. E, no Brasil, é uma realidade presente mais ao norte do país.

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Com o aquecimento global, no entanto, a zona de transmissão pode voltar a se expandir — mesmo depois de progressos notáveis, graças a medidas sanitárias e profiláticas, a partir do século 20. Após duas décadas, a malária voltou a ser registrada no sul dos Estados Unidos, e há quem diga que a Europa já está em seu radar.

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O parasita responsável pela doença no continente africano, o Plasmodium falciparum, é considerado mais grave. Não por menos, a OMS recomendou a aplicação de uma nova vacina em crianças que moram em países com maior suscetibilidade.

Falamos de uma chaga potencialmente letal: são mais de 600 mil mortes por ano no mundo, 96% delas na África e quase 80% em crianças.

No Brasil, a versão mais prevalente, causada pelo Plasmodium vivax, é menos ardilosa, mas nem por isso dá para baixar a guarda. Tanto é que o Ministério da Saúde a incluiu em um plano de ação para doenças negligenciadas neste ano.

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A iniciativa conta com a incorporação pelo SUS de um novo remédio de dose única para a condição e ainda contempla outra enfermidade provocada por mosquitos (e mais comum em regiões socialmente vulneráveis), a elefantíase, difundida pelos pernilongos do gênero Culex.

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(Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
Por que as picadas dos mosquitos podem coçar tanto?

Quando eles se grudam na gente para sugar o sangue, introduzem substâncias a fim de manter o fluxo de bebida no “canudinho”. Mas o corpo humano reage ao contato com a saliva e as proteínas expelidas pelo inseto. Afinal, há algo estranho no pedaço. Essa resposta de defesa visa não só espantar o bicho como consertar os estragos. O efeito colateral é uma irritação na pele que costuma coçar. Ocorre que algumas pessoas têm uma reação alérgica às proteínas de mosquitos e pernilongos. É como se o corpo exagerasse na contraofensiva, o que pode transformar os locais das picadas em feridas e fazer com que extensões da pele fiquem empipocadas.

+ LEIA TAMBÉM: O que está por trás das principais alergias?

Impacto em massa

O governo federal também deflagrou uma força-tarefa contra as arboviroses, os males propagados por mosquitos mais impactantes em números e vidas no Brasil. Além da dengue, que já matou pelo menos mil brasileiros só neste ano, outro vírus tem preocupado os especialistas.

Não é o zika, famigerado pelo surto responsável por episódios de microcefalia em bebês em 2015, nem a febre amarela, que tem um histórico de devastação no país, mas, depois do disparo entre 2016 e 2017 e da retomada da vacinação, parecem estar mais sob controle. O agente da discórdia é o chikungunya.

Dos 440 mil casos da doença no mundo, 75% estão no Brasil e no Paraguai, que particularmente vive uma guerra com mais de 300 mortes. “Além de deixar sequelas como dor e rigidez nas articulações, estamos vendo mais óbitos por chikungunya”, relata Luz, que também é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Por aqui, estados do Nordeste e Minas Gerais têm penado com o patógeno.

O infectologista da SBI ressalta que ele pode gerar quadros incapacitantes, que não raro obrigam a vítima a se afastar do trabalho e ter de pedir ajuda nas atividades diárias. “Imagine uma mulher não conseguindo mais abotoar seu próprio sutiã”, ilustra o médico.

“O que chama a atenção nessas arboviroses é que elas produzem manifestações que lembram muito doenças reumáticas, como febre, lesões na pele e dores nas juntas. E sabemos que não só desencadeiam esses sintomas como levam à reativação de quadros autoimunes”, diz o reumatologista Ivânio Alves Pereira, diretor científico da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).

Ter de ficar meses, talvez anos, com desconfortos articulares, limitando movimentos básicos, é a prova cabal de que uma infecção do gênero provoca desgastes para os pacientes e o sistema como um todo.

Nesse contexto, um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan-Sesi), a pedido da farmacêutica Takeda, revela que o custo das arboviroses para o Brasil chega a 3 bilhões de reais ao ano devido aos impactos diretos na rede de assistência à saúde, mas também aos efeitos na produtividade das empresas e na previdência.

Trabalhadores chegam a ficar afastados até 11 anos do emprego e os gastos com situações do tipo beiram 24 milhões de reais por ano. E isso quando é possível dar nome aos bois, quer dizer, quando a doença é devidamente identificada. Porque um dos desafios nesse campo é saber, diante de sinais e sintomas parecidos, o que, de fato, adoeceu o cidadão.

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(Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
Algumas pessoas atraem mesmo mais insetos?

As pesquisas sugerem que sim. A temperatura corporal, o gás carbônico da respiração e a microbiota da pele (o conjunto de micro-organismos que naturalmente vivem ali) influenciam essa dinâmica de maior ou menor atração. Um trabalho recente, liderado pela Universidade Johns Hopkins, nos EUA, constatou que a presença de um grupo de moléculas produzidas pelo nosso corpo, os ácidos carboxílicos, responde pelo grau de suscetibilidade às picadas de mosquitos. A depender da concentração dessas substâncias, emitidas por glândulas na nossa pele com a função de ajudar a manter o tecido hidratado e protegido, seríamos mais ou menos sedutores aos insetos.

+ LEIA TAMBÉM: Chikungunya e dengue batem à porta da Europa

Testar & vacinar

No Congresso Brasileiro de Infectologia, uma discussão que não pôde deixar de acontecer é como aprimorar o diagnóstico de dengue, chikungunya, zika e companhia. Febre, manchas e dores pelo corpo, cansaço… Sintomas assim confundem leigos e até profissionais.

E o ponto é que não existem testes ágeis e disponíveis em larga escala nos postos de saúde. Diante da prevalência das arboviroses, é indispensável que médicos e enfermeiros recebam treinamento para, por meio das manifestações clínicas, distinguir o que é o quê e não demorar a agir.

“Existem fluxogramas simples com os critérios de exclusão e inclusão para arboviroses, para que os recursos sejam racionalizados e o paciente receba o tratamento adequado”, observa o virologista Paulo Eduardo Brandão, da Universidade de São Paulo (USP).

Quando se suspeita da doença, o professor diz que é mandatório fazer exames para determinar o vírus responsável a fim de tomar medidas dentro do hospital e em termos de vigilância. “A dificuldade hoje é financeira. Precisamos fazer os testes chegarem à linha de frente.”

Se a pandemia de Covid-19 ensinou que testar é decisivo, também provou que as vacinas são um divisor de águas numa crise sanitária. Então por que não apostar em imunizantes para enfrentar as arboviroses, tendo em mente que é improvável o controle total dos vetores? Nesse sentido, vivemos um novo capítulo na história da medicina.

A primeira vacina contra a dengue, criada pela Sanofi Pasteur, chegou ao Brasil em 2016, mas pouco tempo depois frustrou expectativas porque se descobriu que a fórmula podia causar reações indesejáveis em pessoas que não haviam tido contato com um dos sorotipos do vírus (são quatro) — daí a utilização ficou limitada a quem já tinha se infectado previamente.

Neste ano, porém, desembarcou um novo imunizante, da Takeda, que não sofre dessa restrição — ele diminui em 90% o risco de hospitalização, mas ainda não está no SUS. E há perspectivas à vista.

No Instituto Butantan, em São Paulo, progridem as pesquisas com outro imunizante para dengue (proteção de 80% após dois anos da picada) e uma inédita vacina contra chikungunya, que obteve ativação da resposta imune em 99% dos voluntários que participaram dos últimos testes. O centro espera submeter os produtos à Anvisa no segundo semestre de 2024.

Concedido o aval, o passo seguinte é estudar a viabilidade de adotá-los no programa nacional de imunização. “Primeiro tem que definir as áreas e grupos mais necessitados e combinar com as autoridades como serão as campanhas”, diz o infectologista Esper Kallás, diretor do Butantan. “São doenças que tiram a pessoa do trabalho e, nas formas graves, podem até matar.”

Aliás, a mesmíssima vacina para chikungunya, desenvolvida junto ao laboratório Valneva, acaba de receber aval da FDA, a agência regulatória americana.

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(Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
Por que se informar sobre a prevenção de doenças antes de viajar?

O risco de se contaminar ou pegar uma infecção no destino de férias ou trabalho é algo tão estabelecido que existe até uma área na saúde dedicada à causa, a medicina do viajante. A proposta é saber se está rolando algum surto no lugar onde você vai e conhecer as medidas de precaução recomendadas. Elas envolvem uso de repelente, cuidados com o fornecimento de água e aplicação de vacinas antes de pegar o avião ou ônibus. Aliás, alguns países só autorizam a entrada de visitantes mediante apresentação de comprovante de vacinação para doenças como a febre amarela, transmitida por mosquitos. Para se atualizar a respeito de acordo com seu paradeiro, acesse sites oficiais como o da Anvisa.

+ LEIA TAMBÉM: Unir conhecimentos para atravessar o Antropoceno

No front com vírus e mosquitos

As vacinas são armas cruciais para deter doenças infecciosas. Ponto. Mas isso não significa que se deve abrir mão de controlar os vetores.

É só intervindo nas duas frentes — e numa terceira, a de cuidados com o meio ambiente — que escaparemos de um desastre exponencial. Esse campo evoluiu bastante nos últimos anos, com tecnologias diversas para espantar ou minimizar a população de mosquitos, muitas delas alternativas mais eficientes em comparação com métodos convencionais como o fumacê, à base de agentes químicos.

Fora os repelentes para usar na pele ou introduzidos no vestuário e até em tintas para casa, estratégias sofisticadas foram desenvolvidas e implementadas, seja em caráter experimental, seja comercial.

Cientistas já concluíram pesquisas com a introdução de certas bactérias em mosquitos a fim de conter sua multiplicação no ambiente — o uso do micro-organismo Wolbachia chegou a minguar em 70% os casos de dengue em áreas testadas no Rio de Janeiro em uma intervenção da Fiocruz.

Outra frente se vale de mosquitos geneticamente modificados para brecar o ciclo de reprodução dos insetos originais.

Empresas como a Oxitec aportaram no Brasil, fazendo contratos com companhias privadas e prefeituras, para espalhar as versões transgênicas que boicotam a cadeia reprodutiva da espécie, exterminando gradualmente o Aedes aegypti.

O último lançamento por aqui, o Mosqitter, é um equipamento eletrônico que congrega vias de atração e eliminação das fêmeas, o que, consequentemente, obriga os machos a caírem fora.

Desenvolvida por uma startup ucraniana, a máquina é construída e comercializada no país pela Indústria Elétrica Marangoni Maretti, no interior paulista, e foi avaliada e aprovada em uma pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Pretende livrar lugares como hotéis, hospitais e centros de eventos de visitas inoportunas.

O rol de soluções empolga, mas será que, na esteira das mudanças climáticas, há risco de se perder o controle sobre os mosquitos e seus microscópicos presentes de grego? Dá para imaginar uma pandemia? O professor Brandão acredita ser improvável, porque ainda existem áreas no mundo em que o comportamento cíclico dos mosquitos se mantém ou eles não são hospedeiros de micróbios alarmantes.

“Mas há centenas de vírus cuja implicação em saúde pública é ignorada. Então a preocupação não é com as arboviroses que conhecemos, mas com as desconhecidas”, diz o virologista.

Sem falar que, quanto mais patógenos circulam e se proliferam, maior o risco de mutações perigosas. Melhor cuidar do planeta e da gente para não descobrir o que pode vir… Chega de recordes quebrados!

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(Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
O que fazer diante de sintomas suspeitos?

Febre, manchas no corpo, dores de cabeça e em outros cantos, sensação de fadiga… Esses são sintomas comuns a arboviroses como dengue e chikungunya, mas também podem dar as caras em outras infecções, como gripe e Covid. Diante de sinais assim, e sabendo que há casos de doenças dessa natureza na região onde você mora ou está, é prudente procurar um posto de saúde ou hospital — a telemedicina também pode ajudar. Com base na avaliação física e na descrição do quadro, bem como o suporte de exames, os profissionais poderão descartar hipóteses e confirmar o que está por trás daquelas manifestações. Nesse momento, melhor não se automedicar. Alguns analgésicos e anti-inflamatórios podem piorar quadros de dengue, por exemplo. Nada como ter a prescrição médica adequada.

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