Além das articulações: doenças reumáticas podem afetar vários órgãos
Cérebro, olhos, nariz, coração, pulmões, intestino, pele, rim... Os mais diversos órgãos podem ser impactados na presença de uma doença reumática
As doenças reumáticas são compostas de numerosas enfermidades, que podem ser algo simples ou complexo, afetar crianças e/ou adultos (jovens ou idosos), acometer mulheres e/ou homens. Podem ser autolimitadas ou progredir, deixando sequelas. Algumas envolvem descontrole do sistema imunológico que, por sua vez, passa a atacar o próprio corpo (são as doenças reumáticas autoimunes) – muitas vezes, elas exigem medicamentos específicos, como corticoide e/ou imunossupressores.
Além disso, diversas doenças reumáticas provocam dores; outras são totalmente silenciosas. Muitas dessas acometem o sistema musculoesquelético, ou seja, ossos, juntas, músculos, tendões e ligamentos.
O que poucos pacientes sabem é que, além do sistema musculoesquelético, algumas dessas doenças reumáticas afetam outros órgãos do corpo de forma isolada ou simultânea – e em diversas combinações entre cérebro, olhos, ouvidos, nariz, boca, coração, vasos sanguíneos, pulmões, intestino, pele, rins, sangue, nervos, assim como o sistema imunológico.
Alguns sintomas nesses órgãos motivam os pacientes a procurarem, inicialmente, outros especialistas. Por exemplo: no caso de desconfortos nos pulmões, vão atrás de pneumologista; se sentem algo no coração, marcam consulta com cardiologista; se percebem algo na pele, procuram o dermatologista; e assim por diante.
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Quais os órgãos mais afetados?
Todas as estruturas citadas acima (cérebro, olhos, ouvidos, nariz, boca, coração, vasos sanguíneos, pulmões, intestino, pele, rins, sangue e nervos) podem ser impactadas de diferentes formas, isoladamente ou em combinação, em maior ou menor grau. Tudo dependerá do tipo de doença reumática.
Os sintomas podem variar de acordo com o órgão afetado. No entanto, é importante destacar que os pacientes nem sempre apresentarão, obrigatoriamente, algum problema relacionado ao local acometido, principalmente na fase inicial da doença.
Isso gera um desafio adicional para o diagnóstico do reumatologista e a indicação de tratamento precoce e de uma forma assertiva.
Então, como é feito este diagnóstico?
A hipótese diagnóstica é baseada nos locais acometidos e nas combinações desses acometimentos. Soma-se a isso as informações trazidas pelos próprios pacientes.
Todos esses conhecimentos contribuem para a suspeita do diagnóstico que, dependendo do tipo de doença reumática, é confirmado com testes complementares adicionais, como exames de sangue e imagens, etc.
Como tratar?
O tratamento dependerá de todas as informações previamente mencionadas. Além disso, nem sempre ele depende apenas de medicamentos específicos.
Dependendo do tipo de doença reumática, é necessário intervenção e tratamento em conjunto, com diversos especialistas médicos e não-médicos, como fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, profissionais da educação física, entre outros.
Na dúvida, a Sociedade Paulista de Reumatologia orienta: consulte um reumatologista.
*Samuel Katsuyuki Shinjo é reumatologista, membro da Comissão Científica da Sociedade Paulista de Reumatologia, professor associado da Disciplina de Reumatologia da Faculdade de Medicina da USP, São Paulo.